Vários problemas logísticos impedem o Brasil de ser mais competitivo no mercado externo. Apenas para citar alguns: alto custo dos fretes, estradas totalmente danificadas e ineficiência dos portos.
Qual a importância da logística no momento em que aumentam as exportações brasileiras? Quais os problemas? O que poderia ser feito a nível de governos Estadual e Federal? Ou o que está sendo feito?
Estas e outras perguntas são respondidas pelos profissionais de algumas empresas que, reconhecidas por sua atuação na logística e no comércio exterior, participam desta matéria especial de LogWeb.
Importância
Ivo Herzog, diretor de logística EGL Brasil, falando sobre a importância da logística no atual momento, em que aumentam as exportações brasileiras, destaca que ela é fundamental, pois garante que as mercadorias possam ser escoadas para os clientes do Brasil no exterior. “Nossos produtos, para chegarem ao seu destino, precisam de serviços de armazenagem, transporte, estudos de embalagem, gestão de pedidos, análise de tempo de transito, etc. para garantir qualidade, preço competitivo e atendimento das expectativas dos clientes no exterior. A logística é responsável por até 22% do preço de um produto em alguns países, como China, ou menos de 10% em outros, como nos Estados Unidos. Portanto, ela acaba sendo um elemento de competitividade estratégica de nossos produtos”, analisa Herzog.
Angélica Barbosa, diretora de logística internacional e comércio exterior da Gefco, também destaca que a importância da logística, no caso das exportações, é vital. De acordo com ela, se não conseguirmos organizar bem uma exportação, os custos podem aumentar, o que encarece o preço do produto final – “como sabemos, preço é um dos fatores de decisão de compra”.
Ainda segundo Angélica, uma logística mal organizada também pode comprometer o prazo de entrega, e este é um dos pontos que compromete todo um processo anterior de venda. Muitas vezes, a não regularidade na exportação ou a perda de um prazo para colocar uma mercadoria disponível fora do Brasil compromete as futuras vendas, aponta Angélica.
“Hoje, sem duvida, a logística é o elo mais importante na cadeia de produção das industrias nacionais”, acrescenta Jorge Gomes, gerente de logística da Ocean Express. Isto ocorre porque, segundo ele, a logística está presente em todas as áreas do setor produtivo, dentro das fábricas, nos depósitos e terminais, nos diversos modais de transporte, enfim, “não se produz nada sem ter a logística envolvida”.
Pelo seu lado, Simone Melo Fridschtein, diretora superintendente da SM International, diz que um dos maiores problemas enfrentados no aumento do volume das exportações envolve os gargalos logísticos existentes no mercado brasileiro, portanto, sem uma logística completa e integrada é quase impossível se obter grandes avanços à semelhança do que ocorre nos países tradicionalmente exportadores. “A logística brasileira ainda é cara e, muitas vezes, ineficiente, tornando o processo de exportações um grande tormento para os exportadores”, diz ela.
Ainda de acordo com Simone, muito recentemente, os exportadores brasileiros de diversos setores, como granito e cerâmica, vivenciaram o pior apagão logístico de todos os tempos, num momento em que já haviam realizado vendas ao exterior e as mercadorias já estavam prontas para embarcar – muitas vezes se encontravam nos portos, aguardando unicamente a disponibilidade de contêineres e/ou navios.
Essa situação trouxe enormes prejuízos a esses setores, pois não era difícil encontrar embarques com atraso (backlog) de pelo menos sessenta dias. “Se analisarmos somente esse fato isoladamente, perceberemos que os danos causados aos exportadores foram muito além das perdas financeiras. A imagem do Brasil ficou arranhada perante os importadores, gerou-se todo um desgaste negocial entre exportadores e importadores, abriram-se portas para compras dos importadores junto a exportadores de outros países, dentre outros aspectos importantes”, acrescenta a diretora superintendente da SM International.
Problemas e soluções
E, por falar em problemas no setor, os outros entrevistados, e a própria Simone, apontam outros, como também as possíveis soluções. Continuando em sua explanação, a executiva da MS International diz que os principais problemas logísticos enfrentados incluem alto custo dos fretes terrestres, marítimos e aéreos; estradas federais e estaduais totalmente danificadas; pouca disponibilidade de navio; pouca disponibilidade de contêineres; ineficiência dos portos; e extrema burocracia no despacho aduaneiro.
“São muitas as ações necessárias para sanar os problemas, mas as principais são: ampliar e modernizar a malha portuária, tornando-a mais produtiva, o que, conseqüentemente, reduzirá os custos dos transportes marítimos; investir pesadamente para recuperar as estradas que ligam os principais destinos dos produtos brasileiros aos países limítrofes ao Brasil, reduzindo, assim, o custo do transporte terrestre; e, por fim, incentivar o aumento de concorrentes internacionais e nacionais que possam suprir as carências de falta de navios e contêineres, ampliando, assim, as disponibilidades de destinos, preços e datas de embarque das mercadorias ao exterior”, completa Simone.
Herzog, da EGL Brasil, também destaca que o principal problema é falta de infra-estrutura – portos, estradas e armazéns. “Esta infra-estrutura requer investimentos de longo prazo e um planejamento integrado de diversas áreas, incluindo áreas fiscais. A solução é o país definir que quer ter uma infra-estrutura logística, incluindo redução de impostos e de burocracia. Desta maneira, podemos ter uma posição estratégica no cenário do comércio exterior”, completa o diretor de logística da EGL Brasil.
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