Os avanços da automação, da multimodalidade e da logística integrada altamente eficiente são os principais diferenciais da logística europeia em relação ao Brasil, afirmaram representantes de empresas filiadas à Associação Brasileira dos Operadores Logísticos – ABOL, após participarem da primeira Missão Internacional organizada pela entidade em parceria com o Instituto de Logística e Supply Chain (ILOS).
A comitiva esteve, no mês passado, na Holanda, Bélgica e Alemanha e foi formada por representantes de alguns dos maiores OLs do País: Coopercarga, Grupo Toniato, Localfrio, Multilog, RV Ímola, Solística, Supporte e Wilson Sons. Ao longo de uma semana, o grupo visitou a farmacêutica Abbott; o Centro de Inovação da DHL; portos da Antuérpia e de Rotterdam; o galpão da Samsung – SDS Repair Logística; a empresa de soluções multimodais de contêiner, BTT Tilburg multimodal, entre outros.
O objetivo do grupo foi conhecer o sistema logístico de empresas referências da Europa e do mundo no que se refere a tendências tecnológicas e de otimização de processos, além de compreender os benefícios das parcerias público-privadas, quando são desenvolvidas em um ambiente altamente colaborativo e proativo.
Quando se trata dos avanços tecnológicos de modo geral, os integrantes da missão garantem que não identificaram discrepância, pelo contrário, ratificaram o bom nível do Brasil, inclusive constatando algumas tecnologias mais avançadas no setor de logística brasileiro. A Europa estaria à frente apenas em ganho de escala e capilaridade dessas tecnologias, presentes em quantidade de empresas superior à realidade brasileira, da pequena a de grande porte.
No caso da automação, por exemplo, é algo que se alastrou muito mais rápido pelas empresas instaladas na Europa, devido à facilidade de investimentos no continente e ao próprio custo de mão de obra, que é alto. Alguns mencionaram, inclusive, a aplicação de IoTs (Internet das coisas) e impressora 3D para soluções em armazéns. O IoT é a conexão entre objetos físicos e dispositivos digitais para troca de dados e machine learning e é uma das grandes apostas entre os OLs do Brasil para os próximos anos.
A intermodalidade altamente integrada e significativamente eficaz, motivada pela infraestrutura de ponta disponível, foi vista como incomparável àquela encontrada no Brasil. Nesse sentido, os empresários destacaram a parceria entre competidores e clientes em prol da melhor eficiência e o apoio incondicional do governo para melhorar a competitividade local de cada país. E não parou por aí.
Alguns mencionaram a alta concentração de mercado e players, diferente do Brasil, que é bastante fragmentado. O uso da Inteligência Artificial (IA), uma tendência nas empresas que usam soluções digitais na busca por melhorias contínuas, chamou a atenção dos Operadores Logísticos, sobretudo nos portos. Para alguns OLs, ela ainda não é uma realidade consolidada, mas com as iniciativas em campo, logo serão colhidos os frutos. Diante das observações, os OLs já planejam novos projetos e incrementos para as suas operações. “Gerar novos estímulos a partir da troca de experiências e de visitas a diferentes empresas do setor é o ponto principal dessas viagens, de forma que os Operadores possam observar quais tecnologias ou inovações podem implantar nos seus processos. Sabemos que muitas iniciativas não dependem apenas de investimentos privados, mas da conjuntura econômica do País e de relações público-privadas pautadas na confiança, transparência e foco em ganhos de eficiência. Mas, ainda assim, é possível obter um novo olhar sobre a logística nacional, no nível macro e sistêmico, e também no nível micro, sobre os projetos e planejamentos de cada OL participante”, afirma a diretora executiva da ABOL, Marcella Cunha, que também participou da missão junto aos associados.