Embora seja um segmento onde a precisão no recebimento dos materiais é fundamental, para que não haja atraso nas sincronizadas linhas de produção, o segmento automotivo também enfrenta uma série de problemas.
Veja o que diz Luciano Bellini, sócio administrador da Dominus Transportes Logística e Serviços (Fone: 31 3539.1160): os maiores problemas no segmento automotivo envolvem falhas nas programações, com falta de estoque de peças necessárias para suprir a produção e acompanhar os picos de altos e baixos das montadoras, e “considerar” transporte em modalidade de Just in time também para as longas distâncias. “Estes problemas poderiam ser resolvidos com maior organização dentro da cadeia produtiva, visando à obtenção de uma programação eficiente, e manter realmente um estoque de segurança de peças na montadora, bem como um estoque mínimo de veículos por modelo, para minimizar esta pressão sobre a produção e trabalhar com excelência a gestão Lean Manufacturing”, ensina Bellini.
Por sua vez, Deives Ricardo Privatti, gerente geral de operações da JSL (Fone: 11 2377.7000), revela que os maiores problemas atualmente no setor automotivo estão relacionados à queda de volumes; restrições nos horários dos fornecedores de peças e das montadoras; falta de padronização nas embalagens; falta de informações coletadas; e baixo estoque.
Segundo Privatti, “entre as soluções que temos buscado está a flexibilização das frotas, com utilização de veículos menores, mas otimizando o uso do espaço interno desses veículos. Também estamos utilizando mais pontos de consolidação de cargas. Por exemplo, um veículo menor passa nos fornecedores das montadoras coletando as peças, que vão para o centro de consolidação. Ali, tudo é colocado em uma carreta que segue para a montadora”.
Na visão de Murilo Alves, diretor adjunto de mercado da RTE Rodonaves Transportes e Encomendas (Fone: 16 2101.98060), os três principais desafios da distribuição no segmento automotivo são: prazo de entrega muito curto; dispersão geográfica dos aplicadores e distribuidores; e cumprimento de legislação x necessidades do mercado.
As empresas especializadas neste segmento – relata Alves – precisam estruturar sua atuação buscando suprir esta demanda. “Os gargalos são muitos, mas, embarcador, transportador e cliente final precisam se unir para dar solução a esta conjuntura, exceto quanto à questão da legislação, que está sendo adaptada para uma melhor otimização da produtividade, respeitando, dessa forma, as questões legais.”
Átila Cardoso de Almeida, controller, e Magna Viezzer Fajardo, sócia-proprietária, ambos da THAle Transportes e Logística (Fone: 11 4059.7710), fazem sua análise dizendo que, atualmente, com a crise nacional, todos os setores estão sendo afetados e, em especial, o setor automotivo. “Nos dias de hoje, o maior problema no transporte dentro do segmento automotivo é, justamente, a instabilidade do segmento, consequentemente seguido de quedas em seus volumes de produção, refletindo diretamente no transporte rodoviário.”
Para os representantes da THAle, infelizmente é um problema generalizado e sua resolução não depende única e exclusivamente do embarcador, já que as empresas estão se adequando ao atual cenário para passar por esse momento de crise. Ações de órgãos federais, estaduais, municipais e sindicatos seriam bem-vindas para minimizar o problema.
Alexandre Luis Pigatto, diretor da Transportadora Pigatto (Fone: 4062.5577), avisa: a falta de parceria e comunicação em um segmento, cuja escala de produção é menor que o número de fornecedores que se enxergam como concorrentes, e não como parceiros de setor, e que, por isso, não trocam informações e nem compartilham transporte, é, certamente, um dos principais problemas. “A solução passa por uma mudança na visão entre os fornecedores, isto é, a criação de um sistema de compartilhamento de rotas, investindo em uma dinâmica operacional de colaboração entre os transportadores, o que resultaria em um aumento brutal nos ganhos.”
Ainda segundo Alexandre, como não há este diálogo, a solução parece estar longe de acontecer. Os altos e baixos da economia só pioram esta situação: cada fornecedor foca em resolver, singularmente, suas questões.
Papel das transportadoras
Como já mencionado, alguns destes problemas não podem ser solucionados pelas transportadoras e as embarcadoras. Mas, pelo menos, podem ser minimizados. E outros, aí sim, podem ser solucionados.
“Especificamente nos problemas por nós enfrentados, e que envolvem a cadeia produtiva, a transportadora não tem voz ativa, temos que trabalhar em soluções logísticas internas para remediar determinadas situações e atender o cliente”, exemplifica Bellini, da Dominus.
Alves, da RTE Rodonaves, já destaca os possíveis auxílios que as transportadoras podem oferecer na solução dos problemas: “as transportadoras são fundamentais na solução dos problemas. Primeiro, ao definir um plano de trabalho estruturado junto aos embarcadores do segmento automotivo. Na distribuição, possuir uma malha de atendimento posicionada próxima aos clientes, com frota, pessoas e inteligência de distribuição, gerando otimização dos processos e garantia de entrega rápida e segura. Este modelo traz soluções assertivas para o cliente embarcador e cliente final”, ensina.
Almeida e Magna, da THAle, apontam a solução pelo lado do momento econômico que o país atravessa: “as empresas de transportes, também afetadas em consequência do momento, vêm buscando auxiliar o segmento com operações otimizadas e personalizadas de baixo custo e maior produtividade para os embarcadores, a fim de proporcionar uma melhor performance em seus resultados”.
Vale lembrar, ainda neste contexto, o relacionamento embarcador x transportadora.
“Consideramos ter um bom relacionamento e, sendo os nossos clientes um fornecedor direto de montadora, eles enfrentam os mesmos problemas. As empresas poderiam contar com a participação das transportadoras para buscar otimização e auxiliar nos projetos e na definição de processos logísticos”, revela o sócio administrador da Dominus.
O diretor adjunto de mercado da RTE Rodonaves também fala sobre o relacionamento entre os dois integrantes da cadeia de distribuição. “De uma maneira geral, o relacionamento é positivo. Parte das empresas ainda trata as transportadoras como um estranho ao seu negócio. Esse relacionamento precisa ser trabalhado intempestivamente. O embarcador deve levar a transportadora para dentro da empresa, torná-la parte atuante do processo, visando à satisfação da cadeia. Existindo valorização entre empresa e transportadora, todos ganham.”
Magna, da THAle, também dá sua opinião sobre este relacionamento. “Acreditamos que o mercado, no todo, exige cada vez mais a aproximação entre transportadoras e embarcadores, e esse relacionamento vem melhorando a cada dia. Sempre um relacionamento pode ser melhor e a transparência e flexibilidade tornam ainda melhor essa parceria.”
Alexandre, da Transportadora Pigatto, lembra que cada empresa tem seus procedimentos de contratação e muitas exigem uma grande estrutura operacional, mas que não pensam em otimizar. “Diante disto, mais uma vez a solução é a comunicação entre os integrantes nas pontas operacionais do setor. Este movimento pode partir do transportador para encontrar alternativas viáveis no aprimoramento desta relação.”
Tecnologia a favor
A melhoria na atuação entre embarcadores e transportadoras também pode ser alcançada com o uso da tecnologia.
Entre estas, Bellini, da Dominus, cita o rastreamento, via GPS e satélite, que permite o envio da localização dos veículos em tempo real com monitoramentos precisos. A estas se somam, segundo Alves, da RTE Rodonaves, os sistemas de EDI, tecnologias móbile e planejamento integrado. Estas trocas de informações antecipadas – segundo o diretor adjunto – permitem ganhos e SLA em alto nível.
“Entre as inovações em tecnologia que ajudaram muito o setor recentemente, a JSL destaca o roteirizador, que permite a escolha da melhor rota por localização de fornecedor e abrange, também, a melhor ocupação do veículo, já considerando as restrições de cada tipo de embalagem. O leitor de nota fiscal é outra tecnologia importante, que capta a imagem do documento e permite ter no ato da coleta todas as informações da carga. Essa ferramenta é operada pelo próprio motorista no ato da coleta por meio de um sistema implantando no smartphone. Isso permite avaliarmos a entrega em tempo real. O cliente tem acesso a esse sistema e pode acompanhar a coleta. O sistema está em testes há 15 dias com duas montadoras”, comenta, agora, Privatti, da JSL.
Os representantes da THAle também apontam a importância da tecnologias na atuação entre embarcadores e transportadoras. “É imprescindível a ajuda tecnológica na atuação entre embarcadores e transportadores. Ponto favorável é que a tecnologia flui muito rápido no nosso dia a dia, onde nos deparamos com diversos recursos modernos a cada dia para aproximar este relacionamento. Acreditamos que as tecnologias que aumentam o rendimento da frota são o que mais vem ajudando no atual momento.”
Importância do Prêmio Top
Bellini, da Dominus: “permite maior vi‑ sibilidade da transportadora, colocando-nos em uma posição de maior credibilidade junto ao mercado e aos nossos clientes. Visamos com isto gerar futuras oportunidades e ampliação de negócios”.
Adriano Thiele, diretor executivo de operações da JSL: “o Prêmio Top do Transporte se torna ainda mais especial por representar a preferência dos embarcadores. Temos uma cultura de muito trabalho, simplicidade e de estarmos muito próximos dos nossos clientes para entendermos as necessidades e podermos juntos desenharmos as melhores soluções. Esse Prêmio é o reconhecimento desse trabalho, o que nos orgulha e nos motiva a começarmos todos os dias como se estivéssemos começando do zero, procurando fazer cada vez melhor”.
Alexandre, da Transportadora Pigatto: o Prêmio possibilita um momento de autocrítica e de interação do setor. Incentiva a busca por soluções e a manutenção das ações já empregadas e realizadas com excelência. Ser indicado e reconhecido é colher o produto de um trabalho realizado com seriedade e dedicação.
Alves, da RTE Rodonaves: “a forma independente da pesquisa traz credibilidade à premiação. Trabalhamos forte nos últimos anos em melhorias visando contribuir com os resultados dos nossos clientes, tendo como retribuição sua satisfação e fidelidade. Nossa indicação em diversos segmentos demonstra que estamos no caminho certo. A pesquisa une a opinião do embarcador com a atuação do transportador e indica o trajeto que ambos devem seguir para fortalecimento da relação comercial. Por isso que integrar o Top do Transporte é importante e fundamental para nossa empresa”. Átila e Magna, da THAle: o segmento de transporte rodoviário está cada vez mais competitivo. São inúmeras as transportadoras no território nacional que se dispõem a atender os mais diversos segmentos, e o Prêmio Top do Transporte é um divisor de águas entre essas inúmeras transportadoras, destacando as reconhecidas pelos embarcadores.
O lado dos embarcadores
Os embarcadores do segmento automotivo também fazem sua análise do segmento.
Com relação aos maiores problemas no transporte, Fernando Oici, do departamento de logística da Baterias Route (Fone: 14 2107.4029), aponta três, especificamente no transporte de baterias seladas: muitas transportadoras não são aptas a transportar esse produto; falta de conhecimento do produto – por ser considerado “perigoso”, muitas não transportam, mas não sabem que a ANTT420 libera o transporte até 1.000 kg; e responsabilidade atribuída ao expedidor por deficiência dos transportes de “redespacho”. Ainda segundo Oici, estes problemas poderiam ser solucionados adequando e informando as transportadoras e os agentes fiscalizadores.
Para outro fornecedor do segmento automotivo, a Benteler Campinas (Fone: 19 2122.3050), a flexibilização de custos versus demanda é limitada, e o risco fica 100% com o contratante. “Deveria haver uma forma de flexibilizar, sem elevar valores de frete, o custo por volume transportado”, aponta Aldo Barbierato, gerente de logística da empresa. Ainda segundo o representante da Benteler, a solução viria de cotar produtos (indústria) e serviços (transporte) em conjunto, assumindo uma divisão de responsabilidades, ou seja, se o volume for menor ou maior, os lucros ou as perdas são absorvidos pelos dois setores. “Por exemplo, alcançar um custo viável, por embalagem transportada, independentemente da variação de demanda, tipo de caminhão, frequência, etc. – no setor automotivo, os volumes são altos, porém as negociações de frete limitam-se a caminhões fechados pré-definidos ou em locações mensais.” José Carlos Tonelotti, gerente de suprimentos da Iochpe Maxion – Unidade de Limeira (Fone: 19 3404.2285), ressalta que, para a distribuição dos produtos da empresa destinados ao mercado nacional não há problemas no transporte, principalmente porque seus clientes estão localizados em regiões com boa malha rodoviária. “O que gera problema, principalmente em épocas de pico, é para transporte dos nossos produtos até o Porto de Santos, devido à falta de infraestrutura no acesso e no Porto. Infelizmente este problema não tem ocorrido em 2015 devido ao atual cenário econômico do país. Por outro lado, este problema poderia ser resolvido com investimentos em melhoria na infraestrutura do Porto e acessos.”
Relacionamento com as transportadoras
Além do relacionamento com as transportadoras, os embarcadores também apontam a disposição, ou não, de as transportadoras auxiliarem na solução dos problemas.
Oici, da Baterias Route, responde a esta pergunta com um sonoro “não”. “Sempre é a nossa empresa que dá as diretrizes”, diz ele, lembrando que o relacionamento com as transportadoras, por outro lado, é muito bom – “só procuro boas transportadoras”.
O representante da Baterias Route também lista as melhorias que os transportadores podem implementar em suas atividades que poderiam auxiliar no trabalho do embarcador: melhor adequação às normas vigentes e equipamentos apropriados para o devido transporte.
Barbierato, da Benteler Campinas, também responde com um “não” à pergunta se as transportadoras costumam auxiliar na solução dos problemas apontados: “a flexibilidade é limitada”. Também para o gerente de logística da Benteler Campinas o relacionamento com as transportadoras é muito bom.
“Já as melhorias que os transportadores podem implementar em suas atividades que poderiam auxiliar no trabalho do embarcador são: enviar veículos com check list de segurança (por empresa certificada) do veículo já preenchidos; auxiliar na vestimenta dos motoristas (mesmo sem logotipo), padronizando uniformes”, completa Barbierato.
Tonelotti, da Iochpe Maxion – Unidade de Limeira, é o único dos embarcadores participantes desta matéria especial a indicar positivamente para o fato de as transportadoras auxiliarem na solução dos problemas.
“Trabalhamos em parceria com nossas transportadoras e elas constantemente nos auxiliam na busca de soluções, por exemplo: retirada de contêiner vazio em terminais na região próxima a nossa fábrica e entrega dos contêineres cheios nos terminais da transportadora próximo ao porto.”
Assim, o relacionamento da Iochpe Maxion com as transportadoras é muito bom, embora entre as melhorias que estas poderiam oferecer esteja a comunicação mais rápida e eficaz.
Prêmio Top do Transporte visto pelos embarcadores
Os embarcadores também apontam a importância do Prêmio Top do Transporte para a melhoria no relacionamento embarcador x transportadora.
“Acredito que é um incentivo para que todas as transportadoras procurem uma melhoria continua”, aponta Oici, da Baterias Route.
Barbierato, da Benteler Campinas, por sua vez, aponta que toda pesquisa, avaliação ou mesmo divulgação de vencedores leva os participantes a repensarem seus negócios. “O Prêmio é positivo, gera melhorias.” Finalmente, para Tonelotti, da Iochpe Maxion – Unidade de Limeira, o Prêmio é importante para acompanhar as empresas que têm se destacado no segmento e usá-las como benchmarking.
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