Bovespa derrapa de novo: – 10,18%

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) desabou ontem (22), após o pregão ter sido interrompido meia hora por cair mais de 10%. O índice de referência da bolsa paulista, o Ibovespa, caiu 10,18%, aos 35.069 pontos. O pregão funcionou praticamente em baixa todo o dia, entre a estabilidade e a queda de -10,28%, com volume de R$ 4,4 bilhões. A perda acumulada da Bovespa no mês é de 29,21% e, no ano, de 45,11%.

A paralisação, às 17:17 horas, foi a sexta em 24 dias. Sempre que o Ibovespa cai mais de 10%, é acionado o "circuit breaker", mecanismo que suspende os negócios automaticamente por meia hora. O mau desempenho do mercado ficou evidente depois que o governo autorizou o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal a adquirir participações em bancos privados.

Apesar de o ministro Guido Mantega (Fazenda) ter negado que haja bancos quebrando, o mercado entendeu que se não houvesse o risco, a medida não teria saído. As ações de imobiliárias e de bancos estiveram entre as maiores quedas do Ibovespa. Banco do Brasil ON desabou 15,4%, Unibanco teve queda de 13,7%, Gafisa cedeu 17,2%, e Cyrela, 16,1%. A maior desvalorização foi de TIM Participações ON, de 21,92%.

Pesaram também as más notícias vindas dos Estados Unidos e da Europa. O índice Dow Jones da Bolsa de Nova York fechou em queda de 5,69%, em 8.519,21 pontos. O Nasdaq terminou em baixa de 4,77%, em 1.615,75 pontos, e o S&P-500 caiu 6,10% para 896,78 pontos. Durante o pregão, o Dow Jones chegou a cair abaixo de 8.451 pontos, nível de fechamento mais baixo deste ano, em 10 de outubro. Os informes de resultados das empresas e os indicadores econômicos recentes convenceram os investidores americanos que a melhora das condições no mercado de crédito veio tarde demais para evitar uma recessão global. O banco Wachovia sofreu prejuízo de US$ 23,9 bilhões no terceiro trimestre do ano.

"Isto é pior do que 1987 por causa do tempo que está levando. Há mais volatilidade, num período de tempo maior, até que possamos dizer que atingimos o fundo do poço", comentou o estrategista de opções Michael Schwartz, da Oppenheimer.

Os preços dos títulos do Tesouro dos EUA tiveram uma alta forte. Diante da perspectiva de desaceleração da economia global e de queda dos lucros das empresas, e com a queda forte do mercado de ações, os investidores buscaram refúgio nos Treasuries.

A Bolsa de Buenos Aires levou um tombo ontem, com o índice Merval fechando em queda de 10,11%, depois de ter atingido perda de 17,72% durante o dia. O anúncio do governo de que o sistema de aposentadorias será estatizado disparou o risco país para 1.921 pontos, alta de 18,07%.

Europa – As principais bolsas européias terminaram em baixa ontem, pressionadas pela declaração do primeiro-ministro britânico Gordon Brown, reconhecendo que o seu país não deve escapar da recessão. O índice FTSE 100, da Bolsa de Londres, caiu 4,46%. Em Frankfurt, o índice DAX registrou declínio de 4,46%. A Hypo Real Estate, que recebeu injeção de recursos do governo alemão, liderou as perdas, com queda de 10,29%. O índice CAC-40, da Bolsa de Paris, fechou em baixa de 5,10%. Em Madri, o índice IBEX-35 terminou em queda de 8,16%.

As tensões políticas e financeiras na Argentina influenciaram negativamente os investidores espanhóis, diante da possibilidade de o país se negar a pagar as dívidas que possui, pela segunda vez em uma década.

 

Fonte: Diário do Comércio – www.dcomercio.com.br