Calçadista – Circulação urbana é difícil

Uma logística com rápida execução e eficiência para atender lojistas em prazos cada vez mais curtos são alguns dos desafios do transporte de calçados.

Elencar as soluções para os problemas do transporte do setor calçadista não parece ser difícil para transportadoras e embarcadores do segmento ouvidos nesta matéria. E as questões não são poucas.

Ao listar alguns dos problemas enfrentados, Giuseppe Lumare Júnior, diretor-comercial da Braspress Transportes Urgentes (Fone: 11 2188.9000), lembra que eles não são exclusivos do setor. Isso, pois a falta de infraestrutura, com a precariedade das rodovias brasileiras, o roubo de cargas, o atraso das entregas provocadas pelas barreiras fiscais e, ainda, as restrições de tráfego nas áreas urbanas, como em São Paulo, são fatores comuns a diversos segmentos do transporte. “A chave para a resolução desses problemas, não só nesse segmento, mas em todos os outros, seria a melhoria das rodovias e mais policiamento”, afirma. Para lidar com os roubos de cargas, a Braspress tem um gerenciamento de risco que faz o monitoramento de toda a sua frota 24 horas por dia por meio de sistemas via satélite e radiocomunicação.

Tirando a sazonalidade do setor, que já é de conhecimento de todos, segundo Juventino Antunes Filho, diretor, Charles Rebouças, gerente administrativo, e Delcides Filho, gerente operacional, todos da Displan Encomendas Urgentes (Fone: 11 2423.4330), os problemas no transporte de calçados são as inúmeras restrições de trânsito para circulação de veículos de carga nos grandes centros e regiões metropolitanas, a redução de velocidade em São Paulo, as restrições nos horários de entregas em shopping centers, centros comerciais e lojas em geral e roubo de cargas.  E a resolução pode chegar “com boa vontade política, planejamento logístico por parte dos clientes finais para o recebimento das entregas e melhor aparelhamento do Estado para combater o roubo de cargas”, analisam. Os profissionais ainda lembram, nesse sentido, que as empresas de transporte, através do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de São Paulo e Região (SETCESP), entidade que representa a categoria, sempre discutem as questões sugerindo melhorias que devem ser levadas aos setores competentes estaduais e federais. No que se refere ao roubo de cargas, os transportadores estão investindo cada vez mais em tecnologia e planejamento para tentar minimizar os prejuízos causados.

“A entrega nos grandes centros é uma questão bastante complexa que requer investimentos do Estado em infraestrutura, principalmente no quesito segurança. No shopping, o maior problema é o curto espaço de tempo que as transportadoras têm para realizar suas entregas.  A grande maioria dos lojistas abre a loja para receber quando já se encerrou o horário de entrada das transportadoras dentro dos shoppings. Vejo que falta bom senso muitas vezes do lojista e, também, vejo que não é feito nenhum investimento em logística por parte do shopping center”, continua Henrique Rodrigo Birck, diretor comercial da HRB Transportes Rápidos (Fone: 51 3545.1038).

Em relação ao horário de coleta nas indústrias, outro problema do setor, muitas delas embarcam suas mercadorias tarde, à noite, e isso favorece a ocorrência de assaltos tanto para a indústria quanto para o transportador. A ação também eleva o custo, principalmente para o transportador. “Sem contar que isso prejudica os prazos de entregas.  O ideal seria que estas coletas ocorressem em horário comercial, garantindo a segurança e o cumprimento dos prazos acordados”, afirma Birck.

Mão de obra qualificada e cargas tributárias são as maiores dificuldades da atividade, segundo Cidinei Jose Cardoso, diretor de logística da ECX Global Logistics (Fone: 51 3271.2900). E as soluções envolvem tanto embarcadores quanto transportadoras. “As empresas calçadistas transferem suas unidades de fabricação em busca de incentivos e mão de obra. As transportadoras, por sua vez, contribuem no processo se adaptando e sendo flexíveis para atender a esta nova demanda. É preciso estar atento às exigências de mercado, visto que a economia está frequentemente se moldando e as empresas precisam buscar alternativas de forma dinâmica, para que não percam espaço”, afirma.

Para lidar com os prazos de entrega da carga e aumento de preços duas vezes por ano, Juliano Roberto Monari, analista comercial da embarcadora Ferrucci Indústria e Comércio de Calçados (Fone: 14 2104.3000) afirma que a solução está na melhor distribuição das filiais e aumento apenas uma vez por ano. Wilson Jose de Souza, gerente administrativo da Joey Indústria e Comércio de Calçados (Fone: 16 3707.0661) também lembra os prazos de entrega como problema, solucionados pela maior agilidade nos transportes. Mas ressalta que, na maior parte dos casos, as transportadoras não “fazem muita força” para ajudar a solucionar as questões.

 

Tecnologia e melhorias

Para lidar com o difícil mercado de transportes de calçados, algumas tecnologias ajudam transportadores e embarcadores a desenvolverem suas atividades de uma maneira melhor.

Segundo Birck, da HRB Transportes Rápidos, os meios eletrônicos foram os que mais contribuíram na relação entre transportador e embarcador. Nota fiscal eletrônica, conhecimento eletrônico e transmissões de arquivos fazendo com que as leituras sejam rápidas e sem falhas são alguns dos exemplos neste sentido. “Neste contexto, acredito que ambos tenham se beneficiado e a tendência é de que virão mais novidades, facilitando o trabalho de todos.”

Antunes Filho, Rebouças e Delcides Filho, da Displan Encomendas Urgentes, incluem mais um alicerce tecnológico: o MDF-e – manifesto eletrônico, que deu maior agilidade nos postos de ICMS.

Os aplicativos para rastreabilidade da carga são lembrados por Cardoso, da ECX Global Logistics. “Claro, antes as informações precisam ser processadas, ter suas etapas operacionais bem definidas, equipes treinadas. Mas o fato de disponibilizar aos clientes e representantes a informação a qualquer momento no seu smartphone é uma importante ferramenta. Informação, hoje, é valor tangível, palpável. Quem retém a informação, retém o poder. Nós temos consciência disso, e, por isso, consideramos que as empresas precisam estar constantemente informadas e atualizadas. Isso é o diferencial competitivo que permite com que elas possam se programar e, logicamente, vender mais”, afirma.

 

Prêmio Top do Transporte

Na sua 9ª edição, o Prêmio Top do Transporte já é uma reconhecida ferramenta de avaliação das transportadoras que atuam em diversos segmentos pelos quatro cantos do Brasil. Como afirma Souza, da Joey Indústria e Comércio de Calçados, a premiação é de suma importância para a melhoria no relacionamento entre embarcador e transportadora. “Acredito que é muito importante, pois é uma ferramenta de venda fundamental em uma negociação”, continua Monari, da Ferrucci Indústria e Comércio de Calçados.

Citadas durante a pesquisa do Prêmio Top do Transporte, as transportadoras desta matéria especial comemoram as indicações e comentam a importância da premiação para o segmento.

“Com o Prêmio Top do Transporte o embarcador tem a possibilidade de conhecer o trabalho desenvolvido pelas transportadoras e optar por qual atende as suas necessidades”, lembra Lumare Júnior, da Braspress Transportes Urgentes.

Antunes Filho, Rebouças e Delcides Filho, da Displan, acreditam que premiações como estas “enriquecem o nosso portfólio e são muito bem vistas por nossos clientes. Ajudam a destacar ainda mais a nossa imagem de excelência dentro do segmento”.

No caso da ECX Global Logistics, Cardoso conta que para uma empresa de logística e comércio exterior que atuava principalmente no gerenciamento de distribuição, que passa a ser transportadora de carga fracionada para a região Nordeste e com pouco mais de três anos de serviço, ser citada como uma das principais no segmento, conforme pesquisa, é muito gratificante. “Com certeza é uma importante conquista e será dividida com todos os clientes e profissionais. Da mesma forma, passamos a ter mais compromisso e responsabilidade para que possamos continuar seguindo nesta direção. Em termos de reputação, esse prêmio é um reconhecimento de tudo aquilo que viemos trabalhando nestes três anos, e mostra que a dedicação sempre vale a pena. Em especial pela resposta se dar através da análise dos clientes e ao fato de voltarmos nossa atenção quase exclusivamente ao relacionamento entre colaboradores, parceiros e clientes. Estamos muito contentes com o resultado e motivados a melhorar, cada dia mais, para que a confiança dos nossos clientes seja retribuída, através de um trabalho planejado e responsável, reduzindo os custos logísticos e aumentando a força competitiva em um mercado que, por si só, já é muito complicado!”, comemora.

“Orgulhamos-nos muito em ser reconhecido pelo mercado, justamente num setor onde a concorrência e a exigência são cada vez maiores”, finaliza Birck, da HRB Transportes Rápidos.

 

Para um bom  relacionamento

Transportadores e embarcadores de calçados indicam como mantêm uma boa relação com seus respectivos clientes e prestadores de serviços, e o que ainda precisa ser melhorado.

Lumare Júnior, da Braspress: é necessário haver um bom relacionamento para integrar as necessidades dos clientes com os recursos existentes nas transportadoras, mas numa relação em que todos saiam ganhando.

Antunes Filho, Rebouças e Delcides Filho, da Displan: a companhia trabalha em regime de parceria com as empresas do mesmo segmento, buscando sinergia e construindo uma relação com foco em resultado.

Cardoso, da ECX Global Logistics: a empresa desenvolve um relacionamento muito próximo com os clientes e, através desta proximidade, procura criar caminhos e oportunidades, sempre baseados na confiança entre ambas. A flexibilidade, nesse quesito, é fundamental e a empresa não é engessada nas operações, se adequando às necessidades dos cientes.

Birck, da HRB Transportes Rápidos: o relacionamento com os clientes é bom na maioria das vezes. Porém, em alguns deles, quando acontece uma falha, nem sempre ela é entendida ou aceita. Mas quando se trabalha com pessoas, se está sujeito – em algum momento – a uma possível falha. Por isso, o que poderia ser melhorado na relação é procurar entender melhor o que de fato ocorreu e auxiliar na solução.

Souza, da Joey Indústria e Comércio de Calçados: o relacionamento é bom, mas a transportadora deveria ser mais parceira e agilizar as entregas.

O que os embarcadores oferecem

Ferrucci: Calçados femininos

Joey Indústria e Comércio de Calçados: Calçados infantis