Mesmo com o impacto da retração econômica no último ano, o Ceará permanece o segundo principal destino para investimentos estrangeiros realizados por pessoas físicas no País. Apenas no segundo trimestre deste ano, o Estado recebeu um aporte de R$ 6,03 milhões, montante inferior apenas ao aplicado em São Paulo, cuja soma foi de R$ 10,4 milhões. Os dados são do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
O volume de recursos aplicados no Ceará entre os meses de abril, maio e junho é mais que o dobro do que foi recebido nos primeiros três meses do ano, quando foram investidos R$ 2,47 milhões. No acumulado do primeiro semestre, entretanto, o Estado perde a segunda colocação para a Bahia por uma diferença de R$ 39.815,09 – enquanto foram aplicados R$ 8,50 milhões no Ceará, o estado baiano recebeu R$ 8,54 milhões.
De acordo com o economista Alex Araújo, essa boa colocação do Estado está relacionada aos investimentos de infraestrutura, principalmente no setor de energias renováveis, que segue em expansão no Ceará. “Além disso, os investimentos na Siderúrgica do Pecém, que continua com agenda ativa, diferentemente de outros estados, também continuam a ter um impacto muito grande”, pontua.
Ele alerta, entretanto, que a tendência é que os investimentos sejam mais distribuídos entre os estados brasileiros e que o Estado venha a perder o posto. “Essa vice-liderança do Ceará pode ser ameaçada, uma vez que há um esforço para melhor distribuir esses investimentos no País, seja pelo esforço dos demais estados ou pela própria orientação do Governo Federal através dos leilões e privatizações”, afirma.
Esforço
Segundo Araújo, esse cenário vai exigir um maior esforço do governo estadual para manter o nível de investimento externo percebido até então. As vantagens, segundo ele, é que o Ceará continua a ser uma área de atração de investimentos em energias renováveis, além de se perceber ainda uma movimentação de estrangeiros para aplicar recursos na área de turismo, a exemplo do hotel 7 estrelas, em Cascavel.
“A posição do Ceará na disputa pelo hub da Latam também seria uma forma de atrair investimentos estrangeiros. O Pecém, por sua vez, continua sendo muito importante, principalmente com a abertura do Canal do Panamá e consequente aumento da navegação via América Central. É preciso usar esses instrumentos para fortalecer a imagem do Estado ante o mercado externo”, explica.
Vistos
Já em relação ao volume de autorizações de trabalho concedidas a estrangeiros, houve um recuo de quase 70% das emissões no Ceará no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Foram 279 vistos emitidos nos primeiros seis meses de 2016 no Estado, enquanto, em 2015, haviam sido emitidos 921, conforme os dados do MTE.
O Ceará passou a ser o sexto em número de autorizações concedidas, ficando atrás do Rio de Janeiro (6.240), São Paulo (5.441), Paraná (490), Rio Grande do Sul (478) e Minas Gerais (335). No ano passado, o Estado chegou a ser o terceiro no País a receber mais trabalhadores estrangeiros, principalmente coreanos atraídos pela Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), joint-venture que possui, além da brasileira Vale, duas sócias da Coréia do Sul, Dongkuk e Posco.
De acordo com o superintendente do Trabalho substituto Wellington Silva, foi justamente o término da montagem dos equipamentos da siderúrgica que ocasionaram a queda da emissão de autorizações de trabalho. “Como as obras acabaram e não existem outros grandes empreendimentos do porte da CSP que demandem a mão-de-obra estrangeira, o volume de autorizações caiu”, explica.
Fonte: Diário do Nordeste