Codesp já demonstra resultados positivos em 2018

A Codesp – Companhia Docas do Estado de São Paulo mostrou na Intermodal os resultados positivos alcançados no primeiro trimestre de 2018. Após atingir quase 130 milhões de toneladas de carga movimentadas no ano passado, recorde histórico, o ano de 2018 registrou em janeiro a maior movimentação para esse período. A empresa encerrou o exercício passado registrando um superávit de R$ 44,4 milhões. O resultado reverte o cenário de déficit verificado desde 2014 e é reflexo de uma receita líquida de R$ 848,6 milhões contra um total de despesas e custos de R$ 804,2 milhões.

O desempenho positivo foi impulsionado pela alta de 14,6% na receita sobre o verificado no ano anterior, principalmente em virtude do forte movimento anual de cargas no complexo portuário de Santos, da alteração na estrutura de cobrança de energia elétrica fornecida pela hidrelétrica de Itatinga e dos reajustes anuais com base no Índice Geral de Preços do Mercado (IGPM) sobre os valores de arrendamentos, a chamada receita patrimonial.

No início deste ano, a Codesp entregou a obra de recuperação e reforço de cais para aprofundamento dos berços existentes entre os armazéns 12A e 23, num total de 1,7 mil metros de extensão, a fim de permitir a execução da dragagem para 15 metros e o consequente aumento de produtividade nos terminais localizados naquela região, notadamente os açucareiros. Ainda uma série de empreendimentos tem previsão de entrega para este ano.

O projeto Hidrovias do Porto de Santos para exploração do modal hidroviário na região portuária é uma das principais ações da atual gestão da Codesp visando à criação de novos acessos ao complexo portuário. Com potencial de cerca de 200 quilômetros de vias navegáveis, ele estimulará a criação de terminais multimodais, impulsionando o surgimento de uma nova plataforma logística, promovendo o tráfego de cargas com custo menor, mais eficiência, segurança, menos impacto ambiental e descongestionando os demais acessos. Uma das opções é uma linha de barcaças interligando o terminal da Usiminas, em Cubatão, e a Libra Terminais, na Ponta da Praia, em Santos. A Docas está lançando as regras para a exploração do novo modal para cadastramento dos interessados.

Durante a feira, o presidente da Codesp, José Alex Oliva, apresentou a hidrovia. Segundo ele, a projeção para o crescimento do Porto de Santos é chegar a 150 milhões de toneladas em 2020. “Não há como fazer isso transportando contêineres apenas em caminhões”, afirmou.

Ele demonstrou como está prevista a utilização deste modal no Porto de Santos. “Meu objetivo é ver barcaças de até 350 contêineres cruzando o estuário”, contou. Também será possível fazer a travessia de uma margem à outra do Porto.

Com relação às expectativas para 2018, os desafios para suplantar o novo recorde estabelecido em 2017 serão maiores, principalmente, por conta das projeções mais modestas para as safras de soja e milho, que foram destaque neste ano. Por outro lado, o nível de atividade econômica no Brasil tende a se fortalecer, graças aos juros baixos para os padrões históricos, à inflação controlada e à recuperação do poder de compra da população. No cenário internacional, as significativas taxas de crescimento observadas nos países desenvolvidos em 2017 trazem preocupações quanto a uma possível elevação dos índices de inflação nesses países, o que poderá exigir a prática de políticas monetárias mais restritivas que contenham o ritmo de crescimento. Entretanto, as expectativas ainda são favoráveis para o crescimento das economias emergentes e do comércio internacional, com o FMI projetando uma elevação de 3,7% na produção mundial e de 4,0% no volume de comércio. Com isso, o desempenho esperado para o nível de atividade doméstico e internacional tende a ser mais favorável à expansão da movimentação de contêineres e granéis líquidos no complexo portuário santista em 2018.

É estimado para 2018 uma movimentação total de cargas no Porto de Santos próxima a 133,326 milhões de toneladas, um crescimento em torno de 2,7% sobre a movimentação recorde registrada em 2017. Os embarques de mercadorias deverão totalizar 94,709 milhões de toneladas (+1,2%), e os desembarques 38,617 milhões de toneladas (+6,4%).

Com o crescimento esperado na movimentação de cargas conteinerizadas, carga geral solta e granéis líquidos, a estimativa é que o fluxo de embarcações atinja 5.090 atracações, representando um crescimento de 4,9%. Entretanto, como a participação dos graneis sólidos no total da movimentação do porto deverá ser menor (essa modalidade trabalha com navios de maior consignação média), estima-se que a consignação média em 2018 deverá ficar em torno de 26.842 t/navio, uma redução de 2,2% em relação a 2017.

Para Oliva, 2018 será um ano complicado. “Teremos mudanças políticas que mudam os projetos. Esperamos que os novos dirigentes entendam o processo e deem continuidade”, revelou.

Durante a Intermodal, ele destacou duas associações das quais também é presidente: Abeph – Associação Brasileira das Entidades Portuárias e Hidroviárias e Aplop – Associação dos Portos de Língua Portuguesa. Ele explicou que Aplop vai retomar a integração entre os portos, para multiplicar as práticas dos países envolvidos. “Vamos fazer uma compilação das legislações portuárias para ter uma lei geral que facilite a comercialização entre as nações que falam português”, disse.