Planejada para ter a competitividade baseada em fatores como custo de matéria-prima, logística e escala, a Braskem inaugurou nesta quarta-feira no México um megacomplexo petroquímico capaz de atender metade da demanda de polietileno do país, a segunda maior economia da América Latina.
O empreendimento nasce de um investimento de US$ 5,2 bilhões, o equivalente a cerca de R$ 17,7 bilhões. Um colosso de aço, concreto e equipamentos que se espalha por uma área de 200 hectares na abafada cidade de Nanchital, no Estado de Vera Cruz, o projeto tem a sociedade da mexicana Idesa, com 25% no empreendimento.
Erguida próximo ao Golfo do México, no sul do país, a unidade vai gerar este ano um faturamento de pelo menos US$ 600 milhões. Em 2017, no primeiro ano cheio em operação, US$ 1,5 bilhão (mais de R$ 5 bilhões). No ano passado, a receita total da companhia foi de R$ 54 bilhões. A capacidade instalada da planta, que opera 24 horas por dia e é a 40ª da Braskem no mundo, é de 1,05 milhão de toneladas de eteno e polietileno por ano.
O presidente da Braskem, Fernando Musa, ressalta que o empreendimento é um grande passo no processo de internacionalização da companhia. A partir de agora, a empresa passa a ter mais da metade da receita fora do Brasil. No México, a empresa terá a vantagem de estar próxima dos EUA e acredita que poderá alcançar mais mercados, além de aproveitar as expectativas de maior demanda no mercado local, principal aposta no futuro.
— O México vem crescendo com taxas fortes. Consome 2,1 milhões de toneladas de polietileno por ano e dois terços são importados. Além disso, é um mercado aberto para o comércio. Tem acordo de livre comércio com mais de 40 países, inclusive Estados Unidos e União Europeia — explica Musa.
PIB mexicano deverá crescer 2,6% em 2016
Por enquanto, metade da produção será destinada ao mercado interno e o restante para a exportação. À medida que o mercado mexicano cresça, a prioridade será o abastecimento local. A estimativa é de que — enquanto no Brasil há queda da demanda em função da crise — o consumo de polietileno no México alcance 2,8 milhões de toneladas em 2025. Enquanto a economia brasileira amarga recessão, o PIB mexicano cresceu 2,5% ano passado, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), e a alta em 2016 é projetada em 2,6%. Para 2017, a estimativa é de algo próximo de 3%.
— Como estamos na parte mais estreita do território do México, podemos facilmente acessar o pacífico. São apenas 300 quilômetros por trem — acrescenta o gerente do projeto da Braskem Idesa, Stefan Lanna Lepecki.
Outra vantagem será a matéria-prima. No Brasil, após uma demorada negociação, a Braskem fechou no final do ano passado acordo com a Petrobras para fornecimento de nafta por apenas cinco anos. No México, o contrato é com a estatal Pemex, por 20 anos, e a matéria-prima é o gás etano. Hoje, a tonelada do etano é entre US$ 250 e US$ 350 mais competitivo ante a nafta, o que deixa a Braskem em igualdades de condições na comparação com petroquímicas dos EUA.
O complexo tem uma planta que produz eteno a partir do etano, que depois é transformado em outras três unidades em polietileno, resina plástica utilizada na fabricação de produtos como embalagens, potes, filmes, películas e utilidades domésticas.
Projeto é o maior investimento industrial no país em 20 anos
A geração de empregos, uma das preocupações da comunidade local, pode crescer com a chegada de transformadores plásticos, que utilizem o polietileno produzido pela unidade, além de possíveis futuras ampliações da Braskem Idesa, já previstas no projeto original.
— Vamos fazer parte do esforço de atrair novos investidores — reforçou nesta quarta-feira o presidente da Braskem Idesa, Roberto Bischoff — nesta quarta-feira, questionado pela imprensa mexicana sobre novas contribuições da unidade para a região.
Apesar das vantagens competitivas, a Braskem também enfrenta contratempos no México. A criminalidade, uma das preocupações na região, se reflete em várias ocorrências de roubos de cargas de polietileno. Isso, admite Bischoff, leva a aumento de custos para transportar o produto com mais segurança.
Conforme a Braskem, o investimento é o maior já feito por uma indústria brasileira fora do Brasil e também não é superado no México no últimos 20 anos. Com a nova unidade, a Braskem se coloca como uma das cinco maiores fabricantes de resinas termoplásticas do mundo.
Fonte: Zero Hora