Desde o início da pandemia, os Operadores Logísticos (OLs) – empresas que oferecem soluções logísticas integradas, como o de transporte (em qualquer modal), o de armazenagem e de gestão de estoque, dentre tantos outros – vêm buscando mitigar os impactos das diversas fontes da crise mundial que afetam a cadeia de suprimentos, sem que isso acarrete aumento de custos ou redução do nível de serviço aos clientes. Os constantes aumentos nos preços dos combustíveis no país é um deles e sem dúvida um dos mais preocupantes.
“A inflação no setor de transportes apresenta níveis muito superiores à inflação média do país e o custo com combustível, em particular o óleo diesel, para muitas empresas dos setores de transporte e logística, vem apresentando um impacto de 35% a 40% no valor do frete. Em rotas mais longas, o diesel pode representar até 60% do custo do frete. Esta alta tem impacto em toda a cadeia produtiva, chegando até o consumidor final”, explica a diretora Executiva da ABOL – Associação etc etc
Como consequência, alguns setores com maior dinamismo têm provocado migração dos operadores logísticos da região Sudeste para novos segmentos e regiões, com consequente diminuição da oferta em médio prazo. Para driblar os desafios impostos, alguns OLs vêm adotando algumas iniciativas específicas, como a maior consolidação de carga para os mesmos destinos em longas distâncias e a utilização de veículos com propulsões alternativas, como a elétrica, gás natural e/ou biogás e, em grandes centros urbanos, até mesmo bicicletas para rotas curtas.
A DHL, associada da ABOL, é uma das operadoras que estão adotando novas alternativas com foco na sustentabilidade. Atualmente, a empresa dispõe de uma frota elétrica de mais de 60 veículos no Brasil, entre vans e um caminhão elétrico, realizando entregas verdes nas regiões metropolitanas de São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro.
A operadora logística utiliza bicicletas para entregas urbanas de baixo volume. Nos próximos 12 meses, a companhia planeja adquirir cerca de 200 veículos elétricos só no Brasil.
Alguns contratos com clientes e embarcadores contemplam mecanismos de reequilíbrio econômico-financeiro que podem ser acionados em casos de dificuldades como esses, o que traz um pouco mais segurança aos prestadores de serviço. Ainda que inexistam em outros contratos, no geral, as empresas vêm negociando com seus clientes para permitir a manutenção de operações sustentáveis. Outras estratégias também envolvem a criação de bases próprias de abastecimento para potencializar o ganho de escala na compra de combustível e um olhar mais atento às operações multimodais, utilizando terminais rodoferroviários, por exemplo, para permitir redução dos custos logísticos e ganhos em eficiência energética. Além disso, o setor já sabe que investimentos em tecnologia e melhorias de processos para redução de custos e melhor alocação de ativos são fundamentais tanto para períodos de crise quanto de estabilidade.
Vale ressaltar que a idade média da frota de veículos é de 15 anos e esse número tende a aumentar. Com idade avançada, essa frota tem custos efetivos maiores para operar: consome mais combustível, exige manutenções mais frequentes e emite maior volume de gases poluentes. A situação é agravada pelos prazos de entrega de veículos de carga novos e equipamentos de transporte em geral, que têm sido superiores a 10 meses. Como consequência, os preços tiveram um acréscimo próximo a 100% na maioria dos produtos.