Um dos maiores entraves para a eficiência logística nos complexos portuários brasileiros está no tempo médio de atracação das embarcações, que podem chegar a ficar cerca de 10 a 20 dias paradas à espera para carregar e descarregar mercadorias, segundo dados do Centro Nacional de Navegação (Centronave). Os acessos terrestres também sofrem com os mesmos problemas com a formação de filas de caminhões, principalmente nos períodos de safras. Para sanar estes gargalos e melhorar a produtividade do sistema portuário na movimentação de cargas, o Governo por meio da Secretária dos Portos (SEP), vem investindo em iniciativas como o Plano Nacional de Logística Portuária (PNLP).
Entre as premissas do projeto estão a melhora da produtividade, a redução do tempo de espera para atracação, segurança operacional das instalações portuárias, melhora da eficiência dos serviços anuentes e adequação da operação. Para o diretor da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), Aluísio Sobreira, entidade apoiadora da Intermodal South America, maior evento de logística, transporte de cargas e comércio exterior, que este ano acontecerá de 5 a 7 de abril, em São Paulo, os terminais portuários investem em tecnologias para aumentar a produtividade, porém esbarram nos entraves de infraestrutura e burocracias. “Isso impacta nas movimentações e consequentemente em custos recorrentes. Os terminais buscam resultados e investem em sistemas de leitura ótica, processamento de contêineres e automação de carga e descarga para o navio, porém é preciso dar continuidade aos investimentos em infraestrutura para aumentar a competitividade e tornar o processo contínuo e dinâmico”.
Outra alternativa para reduzir a morosidade são os processos de dragagens dos berços para manter a profundidade das áreas de atracação. Este é um dos investimentos previstos para aumentar a produtividade, por exemplo, do Porto de Fortaleza, um dos complexos portuários que estará presente na Intermodal. De acordo com a Companhia Docas do Ceará, a expectativa é que a licitação aconteça ainda este ano. Em paralelo o complexo realiza obras de pavimentação, cuja conclusão está prevista para setembro deste ano, para agilizar as operações portuárias. O Porto de Fortaleza movimenta cerca de 28 unidades de contêineres por hora e uma média de 240 toneladas de granéis por hora.
Da mesma forma que o Porto de Fortaleza (CE), o Porto de Imbituba (SC), que também participa da Intermodal South America, tem implantado melhorias para aumentar a eficiência das operações. “Acreditamos que até junho as obras e equipamentos já estejam em operação. Estimamos que o resultado seja um ganho efetivo de 35%”, comenta o gerente de Operações Portuárias, Pablo de Almeida da Fonseca. O gerente ratifica que o tempo de espera de um navio de 60 mil toneladas destinado à exportação leva 10 dias para realizar as operações no porto, sendo que o tempo médio de manobra dos navios leves fica em torno de 45 minutos a uma hora.
Acesso terrestre – No caso dos caminhões, a alternativa desenvolvida pela SEP é o sistema PortoLog – Cadeia Logística Portuária Inteligente. O objetivo é evitar a formação de filas de caminhões nas cidades e nos acessos rodoviários aos portos. “Sem dúvida o sistema PortoLog será de grande valia não só para as operações de cais, mas para toda cadeia logística. O mapeamento, recebimento e expedição junto ao fluxo rodoviário terão um ganho de escala extremamente importante”, argumenta o gerente de Operações Portuárias, Pablo de Almeida da Fonseca.
O Porto de Fortaleza também concorda que o sistema é de extrema importância para a cadeia logística de qualquer porto. Uma das formas que a Companhia Docas do Ceará tem adotado para melhorar a logística portuária do acesso rodoviário são as visitas às possíveis áreas de apoio para estacionamento de caminhões, que neste caso, evitaria a formação de filas. Os caminhões irão operar no sistema de agendamento, ficando à espera da chamada para terem acesso ao Porto de Fortaleza.
A 22ª edição da Intermodal contará com a participação de mais de 40 portos e terminais portuários, nacionais e internacionais, que irão expor as últimas tecnologias destinadas à movimentação de cargas e descarga de mercadorias, além de investimentos para ampliar a capacidade das áreas de armazenagem. Executivos dos principais complexos portuários também participarão das Conferências do evento para discutir iniciativas em prol do setor como marco regulatório e para melhorar a infraestrutura portuária do País.