Os custos da logística no Brasil subiram novamente em 2015, mantendo a tendência verificada em todo o governo Dilma. Os gastos com transporte, estoque, armazenagem e administrativo pularam de 10,6% do PIB em 2010 para 12,7% no ano passado. A pesquisa do Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos) revela que essa relação piorou em 2015 por força da recessão e do aumento dos juros. Apesar dos projetos do governo de investir em ferrovias e outros modais, o país continua muito dependente do transporte rodoviário. E a situação financeira dos operadores preocupa.
Em 2015, a recessão derrubou a demanda. Os gastos com estoques cresceram para 4,5% do PIB (veja o gráfico). Esse custo financeiro foi agravado pela alta dos juros.
Nos últimos anos, no entanto, o problema central foi a infraestrutura ruim. Mesmo com as promessas de colocar a logística nos trilhos, o transporte ferroviário ficou estagnado. Em 2006, o país transportava 20,3% das suas cargas por trens; em 2015, a participação ficou em 20%. Pelas rodovias passaram 65,1% das cargas do país no ano passado. Traçando um paralelo, a participação das ferrovias nos EUA é de 32%, e 43% do transporte por lá é feito por estradas. A logística torna os produtos americanos mais competitivos. Os americanos gastaram 7,8% do PIB com logística em 2015.
A pesquisa revela também que, com a crise, o aumento de quase 30% do diesel no ano passado não foi repassado pelas operadoras. A situação financeira delas preocupa. O investimento despencou. O licenciamento de caminhões no país, que chegou a 172.870 unidades em 2011, deverá fechar este ano em 53.202.
O setor de logística vai demorar a sair da crise. Maurício Lima, sócio-executivo do Ilos, conta que só em 2020 a demanda pelo transporte vai recuperar os níveis de 2014. E o investimento nos modais mal paga a depreciação. Ou seja, a infraestrutura não está melhorando. Quando o país voltar a crescer, o sistema logístico continuará a ser um gargalo.
Fonte: FETCESP