Quais os benefícios desta decisão e o que considerar? Quais os problemas que podem ser gerados? Quais os custos? Lembrando que maior exemplo de centralização logística e de produção é na China e a crise dos semicondutores.
D esde o período das grandes navegações do século XVI, acelerado pelas tecnologias industriais – como a consolidação da linha de montagem – no século XX, e a abertura da China para o comércio internacional no século XXI, a ideia da globalização vem se tornando cada vez mais possível, com cada país competindo globalmente de acordo com suas forças, disponibilidade de recursos naturais, tecnologias produtivas e posicionamento geográfico.
Nas últimas décadas, mesmo com o consistente aumento no preço do petróleo, a capacidade de transporte de contêineres por navio manteve baixo o custo de se transportar produtos para os quatro cantos do planeta.
Cadeias de suprimento mais organizadas para atender a demanda de consumo de produtos primários ou industrializados no planeta, assim como a criação de novos Centros de Distribuição a ritmos nunca antes vistos, em especial por conta do crescimento do e-commerce, também acentuaram a presença global.
No entanto, os ventos parecem estar voando em outra direção agora, devido à soma do impacto de alguns eventos recentes: Covid-19 e o fechamento e congestionamento do porto de Shanghai, a obstrução do Evergreen no Canal de Suez, a crise de semicondutores e o conflito Ucrânia x Rússia.
Como solução, desde meados de 2020 o tema “descentralização da logística” começou a surgir como alternativa para diluição de risco, redução de custos logísticos e diminuição de lead time.
A estratégia de descentralizar a logística funciona no escopo global, e também no escopo do país, já que permite:
Redução de custos logísticos: em cenário de inflação global, em especial no custo de combustíveis (petróleo) e pneus (borracha), o dever de casa é diminuir a movimentação de produtos, em especial na última milha;
Redução de lead time: que os produtos estejam mais próximos dos mercados e dos consumidores, melhorando a experiência de quem compra.
“A estratégia deve fazer parte do planejamento de logística, analisando toda a cadeia de suprimentos, levando em consideração não apenas o fator custo (financeiro), mas acrescentando na equação os riscos ligados à quebra de fornecimento e a prazos de entrega”, ensina Kenneth Corrêa, especialista em negócios digitais, novas tecnologias, marketing, inteligência competitiva e metaverso.
Mario Veraldo, CEO da MTM Logix, empresa focada em torres de controle para embarques internacionais, também lembra que descentralizar a logística pode oferecer vários benefícios, mesmo dentro de um mesmo país. Para determinar se este é realmente o caso, existem alguns fatores a serem considerados:
Dinâmica do mercado: considerar o tamanho e a diversidade do mercado, as preferências dos clientes e os canais de distribuição. A logística descentralizada pode ser mais benéfica em mercados altamente dinâmicos e em rápida mudança, onde a capacidade de resposta e adaptabilidade são cruciais;
Complexidade da cadeia de suprimentos: se a cadeia de suprimentos envolver vários participantes com diferentes conhecimentos e recursos, a descentralização pode promover a colaboração, permitindo a tomada de decisões compartilhadas e maior eficiência;
Escalabilidade: a logística descentralizada pode acomodar melhor a expansão de um negócio, pois permite uma integração mais fácil de novos parceiros, regiões ou linhas de produtos sem interromper todo o sistema;
Gestão de riscos: a descentralização pode aumentar a resiliência da cadeia de suprimentos a interrupções, como desastres naturais ou tensões geopolíticas. Se o gerenciamento de riscos é uma preocupação significativa, a descentralização pode ser viável;
Prontidão tecnológica: a logística descentralizada depende de tecnologias avançadas, como blockchain, dispositivos IoT e inteligência artificial. Avaliar a prontidão técnica da organização e dos parceiros da cadeia de suprimentos pode garantir uma transição suave para um sistema descentralizado;
Considerações de custo: avaliar as possíveis economias de custos decorrentes da descentralização da logística, como estoque reduzido, custos de transporte mais baixos e melhor utilização de ativos. No entanto, considerar o investimento inicial necessário para implementar novas tecnologias e processos;
Ambiente regulatório: a descentralização pode envolver o compartilhamento de dados confidenciais entre parceiros da cadeia de suprimentos, o que pode levantar preocupações de privacidade e segurança. Considerar o ambiente regulatório no país e os possíveis desafios de conformidade que podem surgir.
“Elevar o nível de maturidade dentro da cadeia de suprimentos aumenta significativamente a capacidade de uma organização de capitalizar as vantagens da implementação de soluções logísticas descentralizadas. Por outro lado, a tentativa de incorporar essas soluções em organizações com níveis de maturidade mais baixos pode muitas vezes levar a gargalos operacionais, impedindo a eficiência da cadeia de suprimentos e potencialmente causando mais danos do que benefícios. Portanto, é crucial garantir que as organizações possuam a maturidade e as capacidades necessárias para alavancar totalmente o potencial da logística descentralizada, impulsionando o melhor desempenho e promovendo o sucesso a longo prazo”, enfatiza o CEO da MTM Logix.
Augusto Ghiraldello, CEO-fundador e vice-presidente da Invent Smart Intralogistics Solutions, empresa especializada no desenvolvimento de soluções para movimentação e separação de materiais para varejo e e-commerce, diz que a decisão de descentralizar a logística deve levar em conta diversos fatores, como a distância entre os locais de produção e de consumo, as características dos produtos, os custos envolvidos e a complexidade das operações logísticas. Algumas situações em que a descentralização pode ser vantajosa incluem:
Atendimento a diferentes regiões: se uma empresa precisa atender a clientes em diferentes regiões, pode ser mais eficiente descentralizar a logística, distribuindo os estoques e as entregas por diferentes locais. Isso pode reduzir os prazos de entrega e os custos de transporte;
Diversidade de produtos: se uma empresa trabalha com uma grande variedade de produtos, pode ser mais eficiente descentralizar a logística para evitar a sobrecarga de um único Centro de Distribuição. Isso pode garantir uma melhor gestão de estoques e reduzir as chances de ruptura de estoque;
Redução de custos: em algumas situações, a descentralização da logística pode reduzir os custos de transporte e armazenagem. Por exemplo, se a empresa precisa transportar produtos de um ponto distante até um único Centro de Distribuição, pode ser mais econômico distribuir o estoque por diferentes locais.
No entanto, a descentralização da logística também pode trazer desafios, como o aumento da complexidade das operações e a necessidade de maior coordenação entre as equipes de logística. “Por isso, é importante avaliar cuidadosamente as vantagens e desvantagens antes de tomar a decisão de descentralizar a logística”, diz o CEO da Invent Smart.
Ana Paula Debiazi Vicente, CEO da Leonora Ventures Participações, uma Corporate Venture, também lembra que há algumas variáveis quando pensamos em descentralização das operações logísticas, como desmembramento das áreas e distribuição de papéis, terceirização da administração, divisão das operações entre estados e até mesmo países, tentando reduzir a carga tributária, melhorar o escoamento e reduzir os custos com transporte e/ou mão de obra.
“Podemos tratar também da descentralização por colaboração, transferindo atividades-meio para prestadores de serviços. Desse modo, a estrutura operacional é reduzida, o que diminui os custos, economiza recursos e agiliza as operações de uma empresa.”
Se a descentralização é a solução – diz Ana Paula –, isso não pode ser uma afirmativa, pois cada caso é um caso. A empresa precisa estudar seus custos e riscos. Precisa entender se a melhor solução para uma empresa é adotar algum tipo de descentralização.
Por exemplo, uma empresa produz todo o design de seus produtos aqui no Brasil, descentraliza a produção para países com a mão de obra mais barata, como a China, Índia, Paquistão, e importa seus produtos para distribuir no Brasil, reduzindo fortemente seus custos fabris. Ou ela produz no Brasil, mas não possui centro de armazenagem e terceiriza esse serviço. Ou terceiriza a entrega. Tudo pensando em redução de custos, de riscos trabalhistas, otimização de mão de obra.
Custos da descentralização
Quando se fala nos custos da descentralização e o que eles envolvem, Filipe do Nascimento, CEO da Fieldy, startup brasileira que oferece uma solução de Força de Vendas com mobilidade e integração, diz que o mais custoso a princípio é a ruptura de estoque por não ter o produto disponível na região, ou uma decisão errônea baseada em vendas de sazonalidades e quando não bem estruturada, custa muito caro. “É uma balança, custo de estoque com baixo escoamento e a possibilidade de ruptura.”
Ghiraldello, da Invent Smart, também aponta para o aumento nos custos de transporte, armazenagem, coordenação e tecnologia, devido à necessidade de manter estoques em diferentes locais e coordenar as operações logísticas de forma mais complexa. A empresa pode precisar investir em tecnologia para garantir a eficiência das operações logísticas.
“Sem dúvida, quando a empresa melhora seu tempo de entrega e diminui seu risco, é inevitável que ocorra um aumento nos custos. As três variáveis estão intimamente ligadas, e mexer em uma delas impactará sempre nas outras duas. Os custos incluem: combustível; tributação interestadual ou internacional; avarias e danos; tecnologia (gerenciamento, localização e status); perda de escala para negociação”, coloca, agora, Corrêa.
Para Ana Paula, da Leonora Ventures, os custos podem envolver pessoas, impostos, eficiência operacional e escoamento da produção.
Ora, supomos que uma marca da França quer começar a vender seus produtos no Brasil. O que isso ocasiona? Contratação de pessoas, gerando passivo trabalhista, local para armazenagem, operação logística, transporte, burocracia de abertura de empresa no Brasil, envolvimento com a legislação brasileira que não é de conhecimento da empresa francesa, enfim, todo o processo de se ter uma empresa.
Se esta mesma empresa descentraliza sua operação, contratando no Brasil uma empresa com know-how em operação logística, ela resolve seus problemas burocráticos, e ainda inicia uma nova operação de venda em um novo país.
Se produzir um determinado tipo de matéria prima ou produto acabado em um país, e levá-lo para venda, ou para compor a produção em outro, é possível melhorar a eficiência de produção, com especialização de mão de obra, continua Ana Paula.
O intuito de descentralizar atividades é preservar que os níveis mais altos na hierarquia comandem totalmente as operações, proporcionando, assim, uma distribuição homogênea das demandas de um negócio.
“Vamos pensar em uma escala menor. Uma empresa que possui uma venda de produtos em todo o Brasil, mas seu CD fica no sul do país. O custo de levar estes produtos para os demais estados é extremamente alto, sem contar o tempo de entrega. Isso pode frustrar uma venda, além do custo mais alto para a entrega, o prazo de receber a mercadoria adquirida.”
A CEO da Leonora Ventures destaca que, quando descentralizar a operação logística, criando outros Centros de Distribuição, em outros estados, reduz tanto o custo quanto o prazo de entrega. Mas vamos pensar em mais eficiência, beneficiando todos os atores da cadeia de produção: “se eu crio com meus pontos de venda estoques infinitos, onde estes passam a ser os distribuidores locais de minhas mercadorias, todos ganham. Eu como produtor reduzo custos de armazenagem, de frete, de mão de obra. O lojista ganha tendo mais receita e visibilidade e tráfego em sua loja. O cliente ganha com redução do frete e entrega expressa. Toda a cadeia se beneficia quando há a descentralização, de forma eficiente”, completa Ana Paula.
Para Veraldo, da MTM Logix, os custos da descentralização podem variar dependendo do setor, tamanho e contexto específico do negócio. No entanto, algumas despesas e desafios padrão associados à descentralização incluem o seguinte:
Custos de implementação: a logística descentralizada geralmente requer investimento em novas tecnologias, como blockchain, dispositivos IoT e sistemas baseados em IA. O custo inicial da implementação dessas tecnologias pode ser substancial, especialmente para empresas menores;
Custos de integração: a descentralização da logística pode envolver a integração de sistemas, processos e formatos de dados diferentes em vários parceiros da cadeia de suprimentos. Essa tarefa complexa e demorada pode exigir recursos adicionais, como suporte de TI e serviços de consultoria;
Treinamento e educação: mudar para um sistema descentralizado pode exigir novas habilidades e conhecimentos entre os funcionários. Isso pode envolver o investimento em programas de treinamento e educação para ajudar a equipe a se adaptar aos novos processos e tecnologias;
Coordenação de rede: a logística descentralizada envolve a coordenação de um número mais significativo de parceiros, o que pode aumentar a complexidade do gerenciamento da cadeia de suprimentos. Isso pode exigir recursos adicionais, como pessoal dedicado ou soluções de software, para garantir uma comunicação e colaboração eficazes em toda a rede;
Preocupações com segurança e privacidade: a descentralização geralmente envolve o compartilhamento de dados confidenciais entre várias partes, levantando preocupações de segurança e privacidade. As empresas podem precisar investir em medidas avançadas de segurança, como criptografia e armazenamento seguro de dados, para proteger informações confidenciais;
Conformidade regulatória: os sistemas de logística descentralizados podem enfrentar desafios regulatórios adicionais, especialmente ao lidar com transações transfronteiriças ou compartilhar dados confidenciais. Garantir a conformidade com os regulamentos relevantes pode exigir outros recursos e conhecimentos;
Ineficiências potenciais: embora a descentralização possa muitas vezes melhorar a eficiência da cadeia de suprimentos, ela também pode introduzir novas ineficiências se não for gerenciada corretamente. Por exemplo, a tomada de decisão descentralizada às vezes pode levar a decisões abaixo do ideal, pois os atores individuais podem priorizar seus interesses sobre os de toda a cadeia de suprimentos.
Benefícios
Embora alguns já tenham sido citados, vale a pena conferir os benefícios auferidos com a descentralização logística.
Para Nascimento, da Fieldy, com certeza o primeiro deles é a experiência do cliente, e se isso não for levado tão a sério, com certeza os custos operacionais serão muito maiores. “Só podemos pensar numa organização logística e de vendas com foco na descentralização se estivermos de fato pensando na experiência do cliente em consumir com frequência, consumir bem e na hora em que desejar os produtos de sua preferência.”
Corrêa faz uma lista os diversos benefícios da descentralização logística para uma empresa:
Redução de riscos: ao diversificar e distribuir seus pontos de distribuição e fornecimento, a empresa diminui sua vulnerabilidade a eventos imprevistos, como desastres naturais, greves, problemas políticos, econômicos ou regulatórios em uma região específica, e interrupções na cadeia de suprimentos;
Melhoria no atendimento ao cliente: com Centros de Distribuição mais próximos aos clientes, é possível reduzir o tempo de entrega e melhorar a experiência do cliente. Isso pode levar a um aumento na satisfação do cliente e na fidelidade à marca, além de contribuir para a atração de novos clientes
Redução de custos logísticos: descentralizar a logística pode ajudar a otimizar os custos de transporte e armazenamento, especialmente se a empresa tiver uma presença geográfica ampla. Ao minimizar a distância entre os Centros de Distribuição e os clientes, é possível reduzir os custos de frete e a quantidade de combustível necessária para o transporte;
Maior flexibilidade e agilidade: com múltiplos Centros de Distribuição e fornecedores, a empresa pode responder de maneira mais eficiente às mudanças nas demandas do mercado, às condições econômicas e às preferências dos clientes. Isso pode ajudar a empresa a se adaptar rapidamente e a manter a competitividade no mercado;
Otimização do estoque: a descentralização permite um melhor gerenciamento e controle do estoque, pois é possível ajustar o volume de produtos em cada Centro de Distribuição de acordo com a demanda local. Isso pode levar a uma redução nos custos de estoque e a uma melhor utilização do espaço de armazenamento;
Redução do lead time: com a descentralização, o tempo de entrega dos produtos pode ser reduzido significativamente, já que a distância entre o Centro de Distribuição e o destino final é menor. Isso pode melhorar a eficiência operacional e a satisfação do cliente;
Sustentabilidade: ao reduzir a distância percorrida pelos produtos e otimizar o uso de recursos na cadeia de suprimentos, a descentralização pode contribuir para a redução das emissões de gases de efeito estufa e do impacto ambiental da empresa;
Estímulo ao desenvolvimento local: a descentralização da logística pode contribuir para o desenvolvimento econômico das regiões onde estão localizados os Centros de Distribuição, gerando empregos e investimentos em infraestrutura.
O especialista em negócios digitais lembra que é importante ressaltar que os benefícios da descentralização dependem do contexto específico de cada empresa e do setor em que ela atua.
“Portanto, é fundamental analisar cuidadosamente as particularidades do negócio e do mercado antes de tomar a decisão de descentralizar a logística.”
Concluindo esta questão, Veraldo, da MTM Logix, também lista algumas das principais vantagens da descentrazalição logística:
Maior colaboração: A logística descentralizada incentiva a colaboração entre os parceiros da cadeia de suprimentos, permitindo que eles compartilhem dados, recursos e conhecimentos para atingir objetivos compartilhados. Essa abordagem colaborativa pode levar a uma melhor tomada de decisões e a operações mais eficientes da cadeia de suprimentos;
Escalabilidade: Os sistemas descentralizados são mais facilmente escaláveis, pois podem acomodar a integração de novos parceiros, regiões ou linhas de produtos sem interromper todo o sistema. Isso pode beneficiar particularmente as empresas que desejam crescer ou expandir para novos mercados;
Eficiência de custos: Ao reduzir a dependência das autoridades centrais e simplificar os processos de tomada de decisão, a logística descentralizada pode levar a economias de custos em várias áreas, como gerenciamento de estoque, transporte e armazenamento;
Inovação e competitividade: A logística descentralizada pode promover a inovação, permitindo que os parceiros da cadeia de suprimentos experimentem novas tecnologias e processos. Isso pode levar ao desenvolvimento de práticas de cadeia de suprimentos mais eficientes e sustentáveis, aumentando a competitividade no mercado.
Problemas
A descentralização da logística pode trazer benefícios para as empresas, mas também pode ocasionar problemas, como aumento de custos, dificuldade de coordenação, falta de visibilidade e controle, redução da eficiência e maior complexidade. “É importante que as empresas realizem uma boa gestão dos custos e tenham sistemas de gestão de estoques e transporte integrados para garantir que os produtos cheguem aos destinos corretos, no prazo e nas quantidades adequadas. Além disso, é necessário que haja uma equipe especializada em logística preparada para lidar com as complexidades adicionais que a descentralização pode trazer”, aconselha Ghiraldello, da Invent Smart.
Para o CEO da Fieldy, os custos fiscais no Brasil ainda requerem uma engenharia de dados para traçar o melhor plano, além de um estudo de mapa de calor que ditam o comportamento do cliente alvo. “Cada categoria tem sua dificuldade – perecíveis, eletroeletrônicos, cada negócio precisa revalidar com frequências os riscos possíveis que podem escolher.”
Corrêa também aponta alguns desafios e problemas trazidos pela descentralização logística:
Aumento de custos: a descentralização pode levar a um aumento de custos operacionais, como a necessidade de investir em infraestrutura e equipamentos adicionais, contratar e treinar mais funcionários e gerenciar várias localidades. Além disso, pode haver custos relacionados à duplicação de estoques e à perda de economias de escala em negociações com fornecedores;
Complexidade na gestão: gerenciar múltiplos Centros de Distribuição e fornecedores pode aumentar a complexidade das operações logísticas. Isso pode exigir mais tempo e esforço dos gestores, além de sistemas de gestão e controle de estoque mais sofisticados;
Inconsistência de processos: com a descentralização, é importante garantir que os processos e procedimentos sejam consistentes em todos os Centros de Distribuição para manter a qualidade e a eficiência das operações. Isso pode ser desafiador, especialmente quando os centros estão localizados em diferentes regiões ou países com regulamentações e práticas comerciais distintas;
Impacto no meio ambiente: embora a descentralização possa reduzir custos logísticos e o tempo de entrega, também pode levar a um aumento no consumo de recursos e na geração de resíduos, especialmente se não for planejada e executada de forma sustentável;
Risco de perda de controle: com a descentralização, a empresa pode enfrentar o desafio de manter o controle sobre suas operações, garantindo que os padrões de qualidade e os requisitos regulatórios sejam cumpridos em todos os CDs;
Barreiras legais e regulatórias: dependendo do país ou da região, a descentralização pode enfrentar barreiras legais e regulatórias, como restrições ao investimento estrangeiro, impostos e tarifas diferenciadas, e requisitos específicos de licenciamento e certificação.
“É fundamental que as empresas que planejam descentralizar suas operações logísticas estejam cientes desses desafios e problemas e desenvolvam estratégias para mitigá-los e superá-los”, observa Corrêa.
Por sua vez, Ana Paula, da Leonora Ventures, ressalta que terceirizar seu serviço significa entregar a marca para outro cuidar. E se não há regras bem definidas, o barato pode sair caro! O nome da empresa pode ser mal gerenciado com terceiros.
“Nota-se o que se passou nestes últimos anos, com os semicondutores na China. Toda a cadeia global sofreu, pois terceirizou a produção para se reduzir custos, e com a pandemia, quando a China adotou uma política dura de quarentena, a produção de diversos produtos sofreu um grande impacto, gerando escassez, aumento de preços e inflação.”
Veraldo, da MTM Logix, também pontua os desafios ou problemas da descentralizção logística:
Dificuldades de coordenação: os sistemas descentralizados envolvem múltiplos decisores e parceiros, tornando a coordenação e a comunicação mais complexas. Garantir o alinhamento e a colaboração entre todas as partes pode ser um desafio, e falhas de comunicação ou mal-entendidos podem levar a ineficiências ou atrasos;
Problemas de inconsistência e padronização: a descentralização pode levar à falta de padronização em toda a cadeia de suprimentos, pois diferentes parceiros podem seguir seus processos, formatos de dados ou sistemas de tecnologia. Essa inconsistência pode criar desafios de integração e sobrecarga adicional na cadeia de suprimentos;
Ineficiências de tomada de decisão: em um sistema descentralizado, os atores individuais podem priorizar seus interesses, levando a decisões subótimas para a cadeia de suprimentos geral. Isso pode resultar em ineficiências, como custos mais altos ou prazos de entrega mais longos, em comparação com um sistema mais centralizado com uma única autoridade de tomada de decisão;
Preocupações com segurança e privacidade: a logística descentralizada geralmente envolve o compartilhamento de dados confidenciais entre várias partes, levantando preocupações sobre segurança e privacidade de dados. Em um ambiente descentralizado, garantir medidas de segurança robustas e em conformidade com regulamentos relevantes pode ser mais complicado;
Maior dependência da tecnologia: a logística descentralizada normalmente depende de tecnologias avançadas, como blockchain, dispositivos IoT e sistemas baseados em IA. Essa maior dependência da tecnologia pode introduzir novos riscos, como ameaças de segurança cibernética, falhas tecnológicas ou problemas de precisão e integridade dos dados;
Desafios de implementação: a transição de um sistema centralizado para um descentralizado pode ser um processo complexo, exigindo investimentos significativos em tecnologia, reengenharia de processos e treinamento de funcionários. As empresas podem enfrentar desafios para gerenciar essa transição de forma eficaz e garantir que os benefícios da descentralização sejam realizados;
Distribuição desigual de benefícios: a descentralização só pode beneficiar alguns parceiros da cadeia de suprimentos igualmente. Parceiros menores ou menos avançados tecnologicamente podem precisar de ajuda para se adaptar ao novo sistema, potencialmente levando a uma distribuição desigual de benefícios e a um fosso cada vez maior entre os parceiros mais e menos capazes.