A crise causada pela Covid-19 provocou um novo funcionamento da cadeia de suprimentos no Brasil e no mundo. A pandemia impôs entraves logísticos que dificultaram a importação e o transporte de insumos e produtos, obrigando fabricantes e distribuidores a readequar processos e buscar soluções inovadoras.
As mudanças refletem mais investimentos em tecnologia, produtividade e busca por fornecedores locais, que atendam a um consumidor mais exigente e potencialmente com menos dinheiro. Na Eppendorf, empresa alemã de biotecnologia com foco em Life Science, novas diretrizes nas operações do Brasil foram adotadas. Entre elas, a readequação de solicitações de importação à sua matriz, em Hamburgo. “Tivemos que alterar as operações de quinzenais para semanais, migrando do modal aéreo para o marítimo na maioria das importações, devido ao alto custo e escassez de voos”, diz Luana Castro, gerente de operações comerciais da empresa.
A Eppendorf também precisou adotar pedidos de estoques mensais, a fim de consolidar um volume maior para otimizar a operação. Para facilitar o dia a dia nos laboratórios em todo o mundo, sua linha de produtos inclui pipetas e sistemas de pipetagem automatizados, dispensadores, centrífugas, mixers, espectrômetros e equipamentos de amplificação de DNA, bem como ultra freezers, biorreatores, incubadoras de CO2 e agitadores (shakers).
Já a importação de produtos utilizados para o combate a Covid-19 segue via modal aéreo, para garantir o rápido atendimento aos clientes. “Acreditamos que devido a nossa ação rápida e proativa, nossos clientes não foram afetados por atrasos ou falta de materiais, principalmente no pico da pandemia em nosso país”, avalia Luana.
No primeiro trimestre deste ano, a Eppendorf teve um aumento de 28% nos embarques, comparado ao mesmo período do ano passado. Mas, para isso, a empresa precisou modificar sua logística, devido aos altos custos aplicados pelas companhias aéreas e, também, pela falta de espaço nas aeronaves. Vale lembrar que além dos custos, o prazo de entrega sempre foi o ponto decisivo para a tomada de decisões.
“Aumentamos a frequência dos embarques marítimos para que a Eppendorf não fosse afetada com os custos e os clientes não fossem afetados com maiores prazos”, garante a responsável pela logística da empresa.
Os desafios de infraestrutura da pandemia são catalisadores das mudanças. Entre eles, a desvalorização do Real, que trouxe mais dificuldades para conduzir o processo logístico nos últimos meses em muitas empresas. Não só por uma oportunidade, mas por necessidade, o sistema de produção e distribuição precisa ser mais eficaz.