Estes “entre outros” abrangem maior flexibilidade, aumento de produtividade e da segurança. Estes equipamentos também permitem as mais variadas aplicações, como dentro dos armazéns, e em áreas diversas.
Primeiro, nos dias 20 e 21 de dezembro último, eles aparecerem no aeroporto de Gatwick, que fica ao sul de Londres e é o segundo mais movimentado do Reino Unido.
Depois, no dia 08 de janeiro último, um deles surgiu nas proximidades do aeroporto de Congonhas, na Zona Sul da cidade de São Paulo, interrompendo as operações no terminal por 20 minutos.
Mais populares do que nunca, os drones estão tendo cada vez mais aplicações no dia a dia – responsáveis ou não, como nestes casos – a ponto de serem criadas normas específicas, como a Portaria Normativa Nº 101/GM-MD, recém-publicada pelo Ministério da Defesa do Brasil e que dispõe sobre os procedimentos para a atividade de aerolevantamento (veja mais no box desta matéria).
Drones na logística
Mas, e a aplicação destes equipamentos na logística? Apresentam diferenciais, quais as aplicações e os benefícios?
Fernando Roberto Guzman Arenas, gerente da Futuriste Tecnologia (Fone: 11 2638.1316), ressalta que existem vários modelos e cada drone pode ser melhor aplicado em uma área do que em outra. “Dependendo do tipo de drone que será usado na operação logística, este poderá ter uma câmera termal integrada, ter autonomia maior de voo, range maior entre o drone e radiocontrole para poder atingir distâncias maiores.”
Arena também enumera as aplicações mais comuns dos drones na logística, incluindo operações e locais: estes equipamentos podem ser utilizados para monitoramento nas operações de carga e descarga, verificar a movimentação de itens, entrega de mercadorias, segurança das cargas, garantindo a execução destes processos.
Os benefícios da aplicação dos drones na logística incluem maior flexibilidade e redução de custos na operação. E, assim que leis permitam a utilização para transporte em toda a região, haverá diminuição nos tempos de entrega.
“Os drones para ronda de segurança, como os usados na logística, devem ter visão noturna por exemplo. Já os drones que operam dentro dos armazéns precisam de equipamento anticolisão bastante avançados e adequados”, explica Alex Tosetto, diretor sênior de TI América Latina da DHL Supply Chain (Fone: 19 3206.2200).
Ele também fala em diminuição de custo, além de aumento de produtividade e da segurança, como benefícios do uso dos drones na logística, e destaca que a DHL Supply Chain utiliza drones atualmente em rondas de segurança, reduzindo, assim, o risco humano. “Também estão sendo realizados testes de drones dentro dos armazéns para realização de contagem cíclica de inventário, reduzindo custos com aluguel de equipamento (plataformas) e liberando operadores para outras atividades.”
Mudanças na logística
Realmente, várias mudanças estão sendo provocadas pelo uso dos drones na logística: a rapidez no serviço será um grande diferencial. “A Amazon é uma das empresas que já está atuando com a utilização de drones para entregas até 4 kg.”
Mas, a aplicação não é uma opção simples. Vários fatores devem ser considerados.
“É necessário fazer uma análise de acordo com o tipo de operação para entender se ela se adéqua à utilização de drones. Não há uma única regra, é necessário avaliar o perfil da operação. Por exemplo, os drones de contagem cíclica de inventário devem operar em operações de palete completo sem dupla posição, pois o drone fotografa apenas paletes à vista”, explica Tosetto, da DHL Supply Chain.
Pelo seu lado, Arenas, da Futuriste, lembra que esta é uma tecnologia que está ajudando vários segmentos, e assim que as leis da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) regulamentarem o transporte em espaço aéreo brasileiro, todos acabarão se adaptando a ela.
E os cuidados na operação do drone? Dentro dos armazéns, a maior preocupação é sempre a segurança. “Temos de ter pessoas treinadas para operar os drones em caso de voo não autônomo. Procuramos utilizá-los em partes do armazém onde naquele momento há pouca ou nenhuma movimentação para diminuir ainda mais o fator de risco”, comenta Tosetto, da DHL Supply Chain.
Já para voos de ronda de segurança – continua ele –, existem regulamentações da ANAC que determinam parâmetros como altitude máxima, onde se pode ou não se pode voar, etc.
De fato, Arenas, da Futuriste, destaca que atualmente existe uma regulamentação no Brasil e esta deve ser seguida. Em todo voo comercial devemos ter: piloto e aeronave cadastrados na ANAC; aeronave homologada pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações); ter autorização de voo junto ao Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo); documento de avaliação de Risco; e possuir seguro obrigatório RETA, contra danos a terceiros.
Neste aspecto, ele também lembra da existência da “Campanha Drone Consciente”, que tem como objetivo informar as regras que existem para a utilização destes equipamentos que ainda são desconhecidas por alguns praticantes.
“Quanto mais as pessoas e empresas souberem das regras, melhor os equipamentos serão utilizados, profissionalizando cada vez mais este setor que cresce a cada dia.”
Concluindo, os entrevistados também apontam o que mudou nos drones nos últimos tempos.
Tosetto, da DHL Supply Chain, informa que nos equipamentos mais avançados, “o que temos visto é que a tecnologia tem evoluído bastante: baterias mais duradouras, dispositivos anticolisão, voo autônomo programável, geoposicionamento, etc.”
E Arenas, da Futuriste, ressalta que cada vez mais os drones recebem atualizações e melhorias em seu sistema operacional, e já há equipamentos mais rápidos e eficientes, com maior tempo de autonomia de voo, sensores com mais definição, câmeras acopladas mais modernas, sistemas anticolisão 360°, blindagem para evitar interferência e duas câmeras acopladas.
Atuações
Sobre a atuação da DHL Supply Chain, um conhecido Operador Logístico mundial, no segmento de drones para logística, Tosetto diz que a empresa tem investido muito na pesquisa e utilização destes equipamentos. Além das utilizações citadas, também existem casos fora do Brasil em que os drones são utilizados para realização de entregas. “As aplicações são as mais diversas, desde carregar produtos de um ponto a outro (não apenas bens de consumo, mas também remédios, próteses, etc.) até rotas de supervisão, segurança, voos internos nos armazéns para auxílio de operação, etc.”
No caso da Futuriste, ela é uma empresa prestadora de serviços para os segmentos de Engenharia, Inspeção, Construção Civil, Logística, Mapeamento Urbano e Agrícola. “Temos o setor de treinamentos, onde capacitamos os alunos de diversos segmentos para o uso profissional de drones. E somos revendedores de equipamentos das principais fabricantes do segmento, como DJI, Nuvem e Xmobots.”
Indra investe em drones para logística 4.0
A Indra (Fone: 48 3037.1050), empresa global de consultoria e tecnologia, quer usar drones para atingir resultados ainda melhores dentro do setor de logística. A companhia está investindo em pesquisa e desenvolvimento para utilizar sistemas aéreos não tripulados para inspecionar de forma automatizada qualquer tipo de infraestrutura, desde navios e aeronaves até plataformas e instalações industriais. Com isso, será possível obter economia de custos logísticos que pode alcançar os 20% e aumentar a disponibilidade operacional de equipamentos e plataformas em até 30%.
Na prática, tudo isso deve funcionar com base em um sistema potente que utiliza técnicas de inteligência artificial, machine learning e big data para identificar qualquer incidente ou falha. Esse sistema será desenvolvido na Galícia, região que deve se tornar para a Indra uma referência no desenvolvimento de drones especializados nesse tipo de tarefa.
“A digitalização de processos, a internet das coisas e as técnicas ligadas à indústria 4.0 estão revolucionando a logística. Qualquer empresa que queira sobreviver no entorno competitivo atual deverá introduzir serviços e processos Smart Logistic”, afirma a companhia.
Ministério da Defesa define novas regras para aerolevantamentos
O Ministério da Defesa publicou no Diário Oficial da União do dia 26 de dezembro último a Portaria Normativa Nº 101/GM-MD, que dispõe sobre os procedimentos para a atividade de aerolevantamento em todo o território nacional.
Dentre as providências definidas, destaca-se a que dispõe sobre aerolevantamentos nas áreas agrícola e florestal.
Segundo a nova Portaria, os aerolevantamentos destinados a atividades agroflorestais, realizados em propriedades privadas rurais com extensão máxima de 15 quilômetros quadrados, à exceção dos destinados ao levantamento aerogeofísico, estão dispensados de autorização do Ministério da Defesa para a sua execução de voo.
Confira a íntegra da Portaria Normativa Nº 101/GM-MD em bit.ly/2Mf9mps.