Eletrificação de empilhadeiras: a busca por ajustar os processos à agenda ESG transforma o segmento

A bem da verdade, o grande salto na eletrificação foi dado pelas baterias de lítio. E esse avanço atende às exigências ambientais crescentes e promove uma operação mais limpa e segura, destacando a transição para tecnologias mais sustentáveis no manejo de cargas.

A tecnologia de eletrificação está transformando o cenário competitivo das empilhadeiras, impulsionando a adoção de soluções mais sustentáveis, eficientes e tecnologicamente avançadas por parte das empresas que dependem desses equipamentos para suas operações logísticas.

“Nesse cenário, podemos destacar os pilares que proporcionam essa mudança: eficiência energética, custos operacionais mais baixos, sustentabilidade e responsabilidade ambiental, desempenho e confiabilidade e, principalmente, inovação e integração tecnológica”, diz Junior Orbolato, gestor Comercial da Netmak, analisando como a tecnologia de eletrificação está mudando o cenário competitivo das empilhadeiras em relação aos modelos mais tradicionais.

Neste contexto, Rafael Kessler, diretor da Combilift, ressalta que empilhadeiras e outros equipamentos elétricos trazem duas famílias de vantagens: são sustentáveis, com menor impacto ao meio ambiente, são mais silenciosos e têm disponibilidade operacional superior – quebram menos; e são mais adequados à automação e interface com sistemas de controle e segurança.

A verdade é que, tradicionalmente, quando falamos em empilhadeiras, o que vem à cabeça da maioria das pessoas é aquele equipamento de quatro rodas, com o operador sentado, dois garfos à frente, onde eleva-se a carga, transporta-a para outra localidade e se coloca a caixa ou o palete no chão e assim sucessivamente. “A eletrificação permitiu que novos modelos, novas geometrias e novas funcionalidades fossem agregadas aos equipamentos de movimentação de carga. Então, o primeiro fenômeno que temos visto é que não necessariamente existe uma conversão de um equipamento contrabalançado a combustão para um equipamento contrabalançado elétrico. O que ocorre, em geral, é uma conversão de um equipamento contrabalançado a combustão, por exemplo, uma transpaleteira, por um rebocador.”

Colocada esta questão, Raphael Souza, engenheiro mecatrônico e diretor Comercial da Jungheinrich Lift Truck do Brasil, faz agora uma pergunta: “Por que um equipamento, que se chama empilhadeira, ou deveria ter a função de empilhar, muitas vezes acaba executando somente a operação de transporte, onde poderia ser utilizado, por exemplo, um rebocador?”

Justamente porque  essa tecnologia não era acessível, ou na verdade nem existia, a depender da época, então a primeira coisa é que a eletrificação está permitindo que as empresas passem a utilizar efetivamente um equipamento para executar a função logística correta, e com isso acaba sendo mais eficiente na execução de cada uma das operações, e muitas vezes com a utilização de equipamentos que são mais baratos que uma contrabalançada, e que seriam desperdiçados pelo uso em uma função inadequada, aponta Souza.

“Algumas décadas atrás, o conceito elétrico x combustão era o cenário existente. Hoje, com a evolução tecnológica dos equipamentos elétricos, especialmente os modelos com bateria de íons de lítio, tende a se tornar dominante”, completa Fábio Pedrão, diretor Executivo da Retrak.

De fato, com a nova fonte de energia de lítio, os equipamentos estão influenciando o setor ao substituir modelos a combustão. Na TX Rental já está havendo uma alta procura por este tipo de equipamento, impulsionada por benefícios como operações sem emissões de CO2, eficiência energética melhorada e redução no custo total de operação.

“Esse avanço atende às exigências ambientais crescentes e promove uma operação mais limpa e segura, destacando a transição para tecnologias mais sustentáveis no manejo de cargas. Isso se adequa ainda mais às empresas que estão buscando ajustar seus processos à agenda ESG (Environmental, Social, and Governance), ou seja, os grandes players. Como exemplo, temos a troca de 100% da frota da Arezzo&CO por equipamentos da TX Rental com bateria de lítio, no Centro de Distribuição no Espírito Santo. Também podemos citar a movimentação da PMI, dona de marcas como a Aladdin e Stanley, que concentrou suas operações de distribuição exclusivamente com máquinas de lítio locadas na TX Rental”, diz Sandro Marcio F. Viturini, consultor logístico e diretor executivo do grupo TX Negócios.

Vantagens e desvantagens

Mas, quais são as vantagens e as desvantagens das empilhadeiras elétricas em comparação com as equipadas com baterias chumbo-ácidas? Henrique Antunes, diretor comercial da BYD, se atém apenas às vantagens: não precisam de bateria extra; seu carregamento é mais simples, não sendo necessário remover a bateria para realizar seu carregamento; a bateria não vicia, fazendo com que a empilhadeira possa ser carregada durante intervalos de turno; não é necessário pagar adicional de periculosidade ao operador do equipamento; máxima segurança: não há risco de incêndio ou explosão; a bateria possui vida útil mais longa – até 15 anos de vida operacional com redução limitada na capacidade.

Em resumo, as empilhadeiras elétricas com bateria de lítio oferecem vantagens significativas em termos de tempo de recarga mais rápido, vida útil mais longa e menor necessidade de manutenção, mas geralmente têm um custo inicial mais elevado. Por outro lado, as empilhadeiras elétricas com bateria de chumbo-ácido podem ser mais econômicas em termos de custo inicial, mas geralmente têm tempos de recarga mais longos e exigem mais manutenção regular. “A escolha entre essas opções depende das necessidades específicas de cada aplicação e das prioridades do usuário em relação a custo, desempenho e eficiência”, aponta Orbolato, da Netmak.

Outros detalhes colocados por Pedrão, da Retrak, são que as empilhadeiras elétricas com íons de lítio não necessitam de salas de bateria, adição de água, como as baterias de chumbo-ácido, equipamentos auxiliares para troca das baterias, não emitem gases durante o processo de carga e, por último e não menos importante, a economia de energia elétrica. “Em algumas situações, como operação em apenas um turno de trabalho, as baterias de íons de lítio ainda têm investimento maior se comparado com as baterias chumbo-acida.”

E aqui, Souza, da Jungheinrich, acrescenta uma questão, que é a comparação das baterias de chumbo ácido com as máquinas a combustão. “Tivemos duas migrações de tecnologia basicamente. A primeira tecnologia fez com que as máquinas migrassem de combustão para elétricas, foi a tecnologia de chumbo ácido, que já permitiu essa grande revolução ao eliminar poluentes no ambiente, sem lançamento de partículas de gases do efeito estufa, de material particulado, por conta da queima de combustível fóssil para a atmosfera. E aí, há 12 anos mais ou menos, tivemos a segunda migração de equipamentos de bateria de chumbo ácido para equipamentos de lítio, que trouxe outras vantagens como, por exemplo, não ser preciso uma sala de baterias ou fazer a troca da bateria para colocar uma segunda para carregar, além de as baterias de íon-lítio trazerem, por conta de todo o conjunto da tecnologia, 20% de redução do gasto energético em relação à bateria de chumbo ácido, necessariamente obtendo uma redução na sua conta de luz”, completa o diretor Comercial da Jungheinrich.

Viturini, do grupo TX Negócios, coloca, ainda, que no caso das empilhadeiras equipadas com baterias de lítio, a eficiência operacional é grande, principalmente porque não precisam de longos ciclos de resfriamento como os exigidos pelas baterias chumbo-ácido. “Você pode fazer cargas de oportunidade por 15 minutos, por exemplo. O custo inicial é mais alto e é preciso ter infraestrutura de carregamento, mas a longo prazo há economia com grande influência da não necessidade de uso de combustíveis fósseis e também, muitas vezes, com a exclusão dos 20% de insalubridade para o operador.”

Por sua vez, Kessler, da Combilift, ressalta que há diversos avanços no projeto e fabricação de baterias em relação às tradicionais de chumbo ácido. As baterias de lítio, na prática diversas opções de combinação entre lítio e outros elementos, representam uma tecnologia que tem mais densidade de energia e maior autonomia e são recarregadas mais rapidamente. Isto representa para o usuário uma simplicidade na operação do seu parque de baterias. “Entretanto, acredito que esta é uma tecnologia ainda em desenvolvimento e ainda não é definitiva, e muitos dos riscos associados não são conhecidos. Por isso cautela é adequada na sua adoção.”

Eficiência energética

Abordando a questão da eficiência energética das empilhadeiras eletrificadas em comparação com os modelos tradicionais, Antunes, da BYD, aponta que a bateria de lítio possui excelente autonomia, podendo atender até três turnos de operação com os carregamentos de oportunidade. Já os carregadores podem ser instalados em locais estratégicos e uma recarga de oportunidade de 10 minutos poderá fornecer mais de 10% de carga (dependendo da capacidade da bateria e do carregador).

Além disso, a bateria não produz gases no carregamento e no funcionamento do equipamento e consegue atender a picos de demanda elétrica (performance) da empilhadeira tranquilamente. O carregador desliga automaticamente ao atingir 100% de SOC e evita o superaquecimento da bateria em condições normais de funcionamento.

“A vida útil da bateria de lítio da BYD pode passar de 5000 ciclos e ela pode trabalhar em ambientes entre -30° e +60°C. Em casos de desbalanceamento de carga entre as células, uma equalização será necessária (fato que pode ocorrer por mau uso da bateria: exemplo – descarga total da bateria). O que faz a bateria durar mais ou menos na operação são vários os fatores, como o tipo de operação (leve, moderada ou severa), capacidade da bateria (Ah), o consumo em operação da empilhadeira e o seu comportamento em altas temperaturas”, ensina o diretor comercial da BYD.

Quando se usa um equipamento a combustão, pode-se até pagar mais barato pela máquina em si, em torno de 50%, às vezes, em relação a uma empilhadeira elétrica – o problema é que é preciso abastecer. “Então, se falarmos de uma empilhadeira rodando aproximadamente 3 mil horas por ano, o consumo de gás seria equivalente a mais ou menos algo em torno de 5 a 6 mil reais por mês. Por uma mesma empilhadeira elétrica, que custou o dobro de uma empilhadeira a combustão, seria gasto de conta de energia mais ou menos algo em torno de 500 a 600 reais por mês, ou seja, a diferença que se paga pela empilhadeira elétrica, que é mais cara, é recuperada em 2 anos. Fora a questão efetiva de menos manutenções nas máquinas elétricas e manutenções muito mais rápidas. Exemplo clássico: máquinas a combustão sofrem manutenção preventiva a cada 250 horas em média, dependendo da marca e do modelo do equipamento, enquanto um equipamento elétrico sofre manutenção a cada 1000 horas, e com o tempo de intervenção muito mais curto.”

Ainda de acordo com Souza, da Jungheinrich, uma preventiva de uma máquina a combustão toma entre 6 e 8 horas, enquanto uma preventiva numa máquina elétrica toma de 4 a 6 horas. Isso permite que o equipamento esteja muito mais à disposição, esteja muito mais em operação, e no final das contas, além de gerar o benefício de não se ter emissão de gases, a vibração do motor e a emissão térmica, também oriunda do motor, o operador trabalha muito mais confortável e mais produtivamente.

Ainda com relação à eficiência energética das empilhadeiras eletrificadas em comparação com os modelos tradicionais, Kessler, da Combilift, lembra que motores elétricos de pequeno porte são, por natureza, mais eficientes que motores a combustão de mesmo porte. “A eficiência será maior se a empilhadeira contar com freios regenerativos e a fonte da energia elétrica for sustentável, como de usinas eólicas próximas da operação do cliente ou de painéis solares.”

“O custo de energia elétrica, quando comparado ao custo de combustível fóssil para o mesmo trabalho realizado, é cerca de 1/3”, completa Pedrão, da Retrak.

E Viturini, do grupo TX Negócios, con‑ clui: especialmente aquelas com baterias de lítio oferecem uma eficiência energética superior, carregamento no local de trabalho sem efeito memória e tempos de recarga mais curtos do que modelos tradicionais. Chegam a gerar 25% de economia em comparação a equipamentos de combustão e 15% em relação à chumbo-ácido. 

Custo de propriedade

Também vale destacar que a eletrificação das empilhadeiras pode afetar o custo total de propriedade (TCO) para as empresas de várias maneiras. Orbolato, da Netmak, faz uma lista: custo inicial, custo de combustível ou eletricidade, manutenção, vida útil, regulamentações ambientais e incentivos – para empresas com energia solar, o custo de recarga é praticamente zerado. “Em resumo, a eletrificação das empilhadeiras pode impactar positivamente o custo total de propriedade para as empresas, reduzindo os custos operacionais, os custos de manutenção e prolongando a vida útil das máquinas. Embora o custo inicial possa ser mais alto, essas economias ao longo do tempo podem resultar em uma vantagem financeira significativa para as empresas que optam por adotar empilhadeiras elétricas.”

Já Antunes, da BYD, revela que os custos implícitos das empilhadeiras de fosfato de ferro lítio se resumem à manutenção e eletricidade, enquanto as chumbo-ácidas e de combustão interna envolvem baterias extras, espaço de sala de baterias, adicionais trabalhistas, como insalubridade e periculosidade, além da necessidade de maior tempo de carregamento e de máquinas extras. “A resposta a questão está associada com a fonte da energia elétrica – se for produção própria, o retorno do investimento é ainda mais acelerado. De qualquer forma, quanto maior for a utilização de equipamentos elétricos, mais rápido será o retorno no investimento”, acrescenta Kessler, da Combilift.

Já o diretor Executivo da Retrak lembra que as empilhadeiras elétricas têm maior custo de investimento. Para um equipamento frontal GLP de capacidade 2,5 t, o equipamento correspondente elétrico terá um custo maior entre 40-50%. Entretanto, devido ao custo operacional menor, as máquinas elétricas com íons de lítio estão conquistando grande fatia de mercado. 

A TX Rental, atualmente, trabalha com 100% de locação de equipamentos de lítio. “Isso garante uma vantagem operacional e econômica para nossos clientes. As máquinas de lítio reduzem em média 25% no valor final dos contratos em comparação com os modelos a combustão e 15% em relação aos modelos chumbo-ácidos, além da eliminação do adicional de insalubridade, reduzindo em 20% os custos para o empregador”, completa Viturini.

Desafios

Com relação aos desafios enfrentados pelas empresas na transição de empilhadeiras tradicionais para os modelos eletrificados, basicamente a primeira coisa é mudar a mentalidade das empresas – existe ainda uma ideia de que empilhadeiras elétricas não podem rodar, por exemplo, em pisos regulares ou áreas externas, e isso é completamente incorreto.

“Nós temos empilhadeiras rodando em ambientes como pedreiras, indústrias papeleira e de bebidas e mineradoras, então, tudo o que uma empilhadeira a combustão faz, uma empilhadeira elétrica é capaz de fazer. Assim, a primeira coisa, como eu disse, é mudar de fato a mentalidade das pessoas e das empresas. E a segunda coisa é se preocupar com a questão de infraestrutura, mas no final o custo com gás é tão alto que se você investir em infraestrutura elétrica, montar uma sala de bateria, ou mesmo investir em infraestrutura elétrica para comportar baterias de íon-lítio, ainda vale a pena”, aponta Souza, da Jungheinrich.

Também para Orbolato, da Netmak, o maior desafio ainda está ligado à resistência à mudança. Assim como em qualquer transição tecnológica, a resistência por parte dos funcionários e da cultura organizacional pode ser um desafio. Alguns funcionários podem estar relutantes em abandonar os métodos tradicionais de trabalho ou podem se preocupar com a adoção de novas tecnologias sem um entendimento completo de seus benefícios e operações.

Antunes, da BYD, vai mais além e revela que esta transição apresenta desafios significativos para algumas empresas, entre eles:

• Treinamento Especializado da Equipe: A mudança para empilhadeiras elétricas requer treinamento específico para a equipe; os operadores devem aprender sobre os aspectos operacionais dos veículos elétricos, segurança, além de manutenção preventiva.

• Implementação de Estações de Carregamento: a instalação de pontos de carregamento é crucial; empilhadeiras elétricas precisam de locais estratégicos para otimizar a eficiência operacional, e isso pode exigir investimentos significativos em infraestrutura de carregamento, incluindo tecnologias de carregamento rápido.

• Aumento da Demanda Energética: empilhadeiras elétricas dependem de baterias para alimentação, sendo elas chumbo-ácido ou lítio. No segundo caso, as baterias são muito mais modernas, limpas e eficientes; a transição das tradicionais, para o cliente que ainda não conhece a tecnologia, pode ter a falsa impressão de um grande aumento da demanda energética de sua operação, mas a redução de custos pode ser percebida a longo prazo; a redução nos custos operacionais, conformidade com regulamentações ambientais e melhoria na eficiência operacional podem resultar em economia substancial; a mudança para empilhadeiras elétricas atende às demandas ambientais crescentes e coloca a empresa em posição vantajosa no mercado.

“Em resumo, a transição para empilhadeiras elétricas requer planejamento cuidadoso, treinamento adequado e investimento em infraestrutura. Porém, os benefícios a longo prazo podem ser significativos”, completa o diretor comercial da BYD.

Kessler, da Combilift, aponta como desafio escolher o equipamento adequado a sua operação – em especial a condição do piso e contar com apoio correto no dimensionamento da rede elétrica. “Com o grande avanço tecnológico das máquinas de íons de lítio, a transição de máquinas tradicionais para elétricas é simples e fácil. Entretanto, as máquinas elétricas, por terem maior quantidade de tecnologia embarcada, requerem técnicos treinados para a correta manutenção. Também é necessário dispor de rede de energia elétrica adequada para cada tipo de equipamento”, diz Pedrão, da Retrak.

E Viturini, do grupo TX Negócios, aponta o investimento. Por isso, uma alternativa em alta tem sido a locação.  Dessa forma as empresas se familiarizam com os equipamentos sem altos custos iniciais, e conseguem acompanhar as tendências tecnológicas, buscando equipamentos mais modernos e eficientes à medida em que chegam as inovações no mercado. 

Impacto ambiental

De acordo com cálculo realizado pelo time de Engenharia da BYD, as empilhadeiras trabalham em média 7.200 horas ao ano. Cada empilhadeira elétrica BYD ECB25, que suporta até 25 toneladas, deixa de emitir 55 toneladas de CO2 ao ano, o equivalente ao plantio de 385 árvores. Esses números variam de acordo com o tamanho e capacidade de carga do equipamento. Por exemplo, a transpaleteira com capacidade de carga de 3 toneladas deixa de emitir 36 toneladas de CO2 ao ano, o equivalente ao plantio de 216 árvores. Já a empilhadeira ECB80, com capacidade de carga para 80 toneladas, deixa de emitir 90 toneladas de CO2 ao ano, o equivalente ao plantio de 630 árvores.

Como se pode notar, o impacto ambiental da adoção em larga escala de empilhadeiras elétricas em comparação com os modelos movidos a combustíveis fósseis é bem representativo. “O mundo caminha na direção de soluções sustentáveis, em especial em depósitos e fábrica que têm acesso a energia elétrica não faz sentido operar com empilhadeiras a combustão. Não há desculpa para não incluir a eletrificação da frota no planejamento estratégico da empresa”, diz o diretor da Combilift.

De fato, como ressalta Viturini, do grupo TX Negócios, com a bateria lítio se contribui para uma pegada de carbono menor, uma operação mais sustentável que ajuda a combater as mudanças climáticas. São equipamentos que colaboram para a melhoria de indicadores relacionados à segurança do trabalho e à sustentabilidade, alinhados à agenda ESG e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), um conjunto de metas globais estabelecidas pelas Nações Unidas para abordar desafios sociais, econômicos e ambientais até 2030. 

Sob a ótica de Souza, da Jungheinrich, este impacto é imensurável: uma empilhadeira elétrica não tem emissões, se você compra energia verde por exemplo, a emissão é zero, porque a emissão dela é indireta, a emissão vem da geração de energia. No Brasil, um país basicamente abastecido de energia oriunda das hidrelétricas, usar uma empilhadeira elétrica é basicamente garantir emissões zero.”

Além das elétricas

Além das empilhadeiras elétricas, há, ainda, outros tipos em desenvolvimento. Por exemplo, as células de combustível, como o hidrogênio, que é ainda mais limpo quando se leva em conta toda a cadeia de fornecimento. “Chumbo e lítio são limpos na sua utilização, mas representam um impacto terrível ao meio ambiente nas etapas de mineração, processamento e descarte”, diz Kessler, da Combilift.

De fato, como relaciona Orbolato, da Netmak, há uma série de outros tipos de empilhadeiras em desenvolvimento, cada um com seus próprios recursos e aplicações específicas. Alguns exemplos incluem:

• Empilhadeiras a Hidrogênio: Utilizam células de combustível de hidrogênio para gerar eletricidade a bordo, alimentando os motores elétricos. Elas têm tempos de recarga mais curtos do que as empilhadeiras elétricas convencionais e podem ser uma opção para aplicações que requerem alta disponibilidade operacional e longos períodos de trabalho.

• Empilhadeiras Híbridas: Combinam motores elétricos com um motor de combustão interna, geralmente a GLP (gás liquefeito de petróleo) ou diesel. Elas podem oferecer eficiência energética e redução de emissões, ao mesmo tempo em que proporcionam uma autonomia maior do que as empilhadeiras elétricas puras, sendo uma opção para operações que exigem longos períodos de uso sem recarga.

“A tecnologia em relação às máquinas elétricas está em constante evolução. Temos neste momento estudos e protótipos de máquinas elétricas movidas a células de hidrogênio. Temos várias tecnologias em desenvolvimento para melhoria nas baterias de íons de lítio. Também temos estudos em desenvolvimento com baterias de íons de sódio mais baratas e seguras. O sódio é um recurso abundante e de obtenção mais barata e ecológica”, cita, agora, Pedrão, da Retrak.

E Viturini, do grupo TX Negócios, completa: nos próximos anos teremos muitas tecnologias novas com benefícios tanto operacionais quanto ecológicos. Hidrogênio como combustível e uso de inteligência artificial são exemplos. “É um mercado pujante, que anseia por melhoria. A Abimaq divulgou que em 2023 foram 9% de crescimento no mercado de empilhadeiras no Brasil, e a previsão é de um crescimento ainda maior para 2024, sendo a maior parte de equipamentos focados em soluções sustentáveis.” 

Participantes

BYD – Build Your Dreams – Líder na comercialização de veículos elétricos no Brasil e consolidada na fabricação de tecnologia de energia solar, a BYD vem expandindo sua atuação no país, desde sua chegada em 2013. Possui em solo nacional fábricas de montagem de chassis de ônibus 100% elétricos e de produção de módulos fotovoltaicos, ambas em Campinas, SP. Tem também no Polo Industrial de Manaus, AM, uma unidade dedicada à produção de baterias de fosfato de ferro-lítio. Além disso, importa empilhadeiras, paleteiras, rebocadores e caminhões para o Brasil, todos 100% elétricos. No ano passado deu início ao projeto para a construção do Complexo de Camaçari, na Bahia, onde vai instalar a primeira fábrica de carros fora da Ásia.

Combilift – É considerada líder mundial em soluções customizadas de movimentação de materiais. Fundada na Irlanda em 1998 e atuante no Brasil desde 2009, está presente em mais de 90 países com uma frota total de mais de 80.000 equipamentos como empilhadeiras articuladas, multidirecionais, movimentadores e estufadores de contêineres, entre outros equipamentos especiais.

Jungheinrich – Considerada líder em intralogística e uma das mais inovadoras em seu segmento, oferece soluções personalizadas com um abrangente portfólio de empilhadeiras, equipamentos e sistemas automatizados de armazenagem. É detentora da marca Ameise – que atua no país desde 1957.

Netmak – Maior e-commerce de empilhadeiras do Brasil, fornece serviços e soluções logísticas para empresas em todo o país. Através de um atendimento totalmente digital, trabalha com empilhadeiras a diesel, GLP e elétricas. Com sua marca própria, a NTK, oferece equipamentos robustos e de qualidade que podem ser usados em diferentes setores, além de fornecer itens para manutenção, como peças para motor, transmissão, filtros, pneus e outros, compatíveis com diversas marcas de empilhadeiras.

Retrak Empilhadeiras – É especializada em prover sistemas de movimentação e armazenagem de materiais disponibilizando, para locação ou para venda, uma completa linha de empilhadeiras elétricas e a combustão e transpaleteiras elétricas. É dealer das fabricantes de empilhadeiras STILL Brasil e Linde, da Kion Group, prestando serviços autorizados pela fábrica. Fornece equipamentos elétricos com baterias e carregadores e, opcionalmente, disponibiliza mão de obra para gestão da sala de carga de baterias e mecânico residente na planta do cliente. A Retrak também conta com departamento técnico próprio para desenvolvimento de equipamentos especiais e customizados, adequados à operação dos clientes.

Grupo TX Negócios – O maior do Espírito Santo em intermediação de operações logísticas, assessoria de projetos de BTS, identificação de áreas e locação de facilities.  A TX Rental é uma das empresas do grupo.

Vantagens e desvantagens das empilhadeiras elétricas com bateria de lítio e chumbo ácidO

Vantagens das empilhadeiras elétricas com bateria de lítio

1. Tempo de recarga mais rápido: As baterias de lítio geralmente têm tempos de recarga mais curtos, em torno de 3 horas no máximo, em comparação com as baterias de chumbo ácido, que pode variar e chegar a mais de 8 horas. Isso permite uma maior disponibilidade operacional, pois as empilhadeiras podem ser recarregadas mais rapidamente durante intervalos de descanso ou durante os turnos de trabalho, o que é chamado de carga de oportunidade.

2. Maior densidade de energia: As baterias de lítio têm uma maior densidade de energia em comparação com as baterias de chumbo ácido, o que significa que podem armazenar mais energia em um espaço menor. Isso pode resultar em um design mais compacto e leve da empilhadeira, além de possibilitar uma maior capacidade de carga da bateria.

3. Vida útil mais longa: As baterias de lítio geralmente têm uma vida útil mais longa do que as baterias de chumbo ácido. Elas podem suportar um número significativamente maior de ciclos de carga e descarga antes de precisarem ser substituídas, o que pode resultar em menores custos de manutenção ao longo do tempo.

4. Menor manutenção: As baterias de lítio geralmente exigem menos manutenção em comparação com as baterias de chumbo ácido. Elas não requerem reabastecimento de água, não produzem gases corrosivos durante o carregamento e não têm os mesmos problemas de sulfatação que podem afetar as baterias de chumbo ácido.

Desvantagens das empilhadeiras elétricas com bateria de lítio

1. Custo inicial mais elevado: As baterias de lítio tendem a ser mais caras do que as baterias de chumbo ácido, o que pode resultar em um custo inicial mais elevado para empilhadeiras equipadas com essa tecnologia.

2. Sensibilidade à temperatura: As baterias de lítio podem ser sensíveis a variações extremas de temperatura. Temperaturas muito altas ou muito baixas podem afetar o desempenho e a vida útil da bateria, exigindo sistemas de gerenciamento térmico adequados.

3. Complexidade da manutenção: Embora as baterias de lítio exijam menos manutenção do que as baterias de chumbo ácido, a manutenção de problemas com baterias de lítio pode ser mais complexa e exigir habilidades técnicas especializadas.

4. Não pode sofrer descargas profundas (zerar a bateria).

Vantagens das empilhadeiras elétricas com bateria de chumbo ácido

1. Custo inicial mais baixo: As baterias de chumbo ácido geralmente são mais econômicas em termos de custo inicial em comparação com as baterias de lítio.

2. Tolerância a variações de temperatura: As baterias de chumbo ácido são mais tolerantes a variações extremas de temperatura do que as baterias de lítio, o que pode ser uma vantagem em ambientes de trabalho com condições climáticas adversas.

Desvantagens das empilhadeiras elétricas com bateria de chumbo ácido

1. Tempo de recarga mais longo: As baterias de chumbo ácido geralmente têm tempos de recarga mais longos do que as baterias de lítio, o que pode resultar em mais tempo de inatividade durante o processo de recarga.

2. Manutenção mais frequente: As baterias de chumbo ácido requerem manutenção regular, incluindo o reabastecimento de água destilada e a limpeza dos terminais, o que pode aumentar os custos e a complexidade da manutenção ao longo do tempo. 

Fonte: Netmak