Com mais de 645 mil m² ocupados entre abril e junho deste ano, o setor de galpões logísticos registrou o seu maior volume de absorção líquida desde o terceiro trimestre de 2022 no Brasil. O dado foi confirmado, no início deste mês, na última edição do relatório MarketBeat, promovido pela consultoria Cushman & Wakefield, líder global em serviços imobiliários. E o crescimento deste ramo também vem se refletindo em maiores investimentos das empresas para proteger os bens e mercadorias armazenados nestes locais.
O aquecimento dos negócios neste nicho do mercado de segurança é destacado por Fabio Gomes, gerente regional de vendas da Came do Brasil, líder mundial em produtos de controle de acesso em seu segmento. “A quantidade de condomínios logísticos vem aumentando e consequentemente a demanda das empresas que buscam resguardar esses empreendimentos também está crescendo. A nossa companhia vem se destacando nesta área, fornecendo soluções que vão desde cancelas convencionais, para gerir o fluxo de veículos e pessoas, até projetos de alta segurança que oferecemos. E nesses sistemas que implantamos estão incluídos vários dispositivos, como, por exemplo, motores de portões, garras de tigre (dilaceradores de pneus afixados no solo), controladoras de equipamentos e softwares de gestão de acesso”, afirma.
De acordo com essa última pesquisa divulgada pela Cushman & Wakefield, o valor líquido absorvido de galpões logísticos, no acumulado deste ano, já é superior a 796 mil m², sendo que o estado de São Paulo foi responsável por mais da metade deste valor ao responder por 58% das ocupações no período. Minas Gerais e Rio de Janeiro, com 17% e 15% do total, respectivamente, também tiveram papel importante para o crescimento expressivo deste mercado, que, assim, também ajuda a impulsionar o setor de segurança, cuja eficiência é fundamental para as empresas que usam ou possuem condomínios logísticos.
“Temos projetos entregues e outros em andamento no Rio de Janeiro, na Bahia, em Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina, no Paraná e no Rio Grande do Sul”, revela o gerente regional de vendas da Came, que cita como exemplo o que a companhia preparou para o recém-inaugurado centro de distribuição do Grupo Lebes, localizado no empreendimento logístico Ellosul, que possui 630 mil m² e fica no município de Guaíba (RS).
“Instalamos neste local uma solução completa de controle de acesso, com diferentes tipos de cancelas, dilaceradores de pneus, automatizadores de portões, torniquetes (modelo de catraca de maior segurança, operada com reconhecimento facial) e totens para fixação de leitores de proximidade, display, interfones e leitores de QR Codes. Para completar, o projeto também é contemplado por controladoras de equipamentos e um software de gerenciamento destes dispositivos”, completa Gomes.
Por meio de sua assessoria, o Grupo Lebes se manifestou para exaltar a importância do sistema de gestão de fluxo implantado pela Came em seu novo centro de distribuição. “Uma parte essencial do projeto Ellosul, o maior ecossistema logístico do Sul do Brasil, é o controle de acesso, garantindo a segurança necessária para todas as operações. Para isso, buscamos no mercado uma empresa que unisse experiência, inovação e eficiência, com soluções compatíveis à grandeza e à complexidade do nosso negócio”, destacou a empresa, em nota oficial, na qual reforçou o know-how da companhia, hoje com filiais em mais de 20 países, como fator relevante para contratar o serviço.
“Foi assim que escolhemos a Came. Com mais de 50 anos de experiência, a Came nos proporciona a segurança e a confiança indispensáveis para operar com tranquilidade. Sua expertise em controle de acessos é fundamental para assegurar a performance que nosso projeto exige, permitindo que o Grupo Lebes continue a entregar excelência em todas as suas operações”, finaliza a companhia, que é uma das maiores redes varejistas do Rio Grande do Sul.
Crescimento do e-commerce impulsiona setor
A evolução contínua do setor de galpões logísticos é impulsionada pelo crescimento do comércio eletrônico. Uma pesquisa divulgada pela E-Shopper Barometer, promovida pelo Grupo Geopost, revelou que 68% dos brasileiros realizaram compras online em 2023, um aumento de três pontos percentuais em relação ao volume do ano anterior. Assim, essa modalidade prática para adquirir produtos, por meio da internet, passou a representar 10% do varejo nacional.
O fato evidencia ainda mais a importância da segurança para resguardar as mercadorias armazenadas nos centros de distribuição. Em meio a esse cenário, a Amazon, uma das maiores empresas do mundo atualmente, anunciou, no último dia 15 de agosto, que chegou à marca de 100 polos logísticos, estrategicamente espalhados em todas as regiões do Brasil. E ao analisar o poderio dessas companhias gigantes que estocam uma grande quantidade de produtos, o gerente nacional de vendas da Came lembra que o investimento em segurança impacta na diminuição do preço do seguro dos galpões logísticos.
“Quanto maior for o número de dispositivos de proteção e mais barreiras forem colocadas com um projeto especialmente elaborado para prever e dificultar as possíveis ações dos criminosos, menor serão os valores das apólices, pois as seguradoras terão mais garantias de que as chances ficarão reduzidas de ocorrerem episódios como roubos e furtos ou até mesmo atos de violência contra as pessoas que trabalham nestes condomínios logísticos”, enfatiza Gomes.
Despesas com segurança privada e pública aumentam
O aumento da preocupação das empresas em se protegerem da criminalidade foi evidenciado também em um dos dados divulgados na última edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Segundo o relatório, em maio deste ano, o país contava com 530.194 vigilantes atuando regularmente, um aumento de 9,3% em relação ao mesmo período de 2023. Desse total, 505.862 estavam trabalhando para empresas privadas. Essas informações foram confirmadas pela Polícia Federal, órgão que regulamenta e fiscaliza essa atividade.
Paralelamente a isso, as despesas com segurança pública seguem crescendo. O Anuário, atualizado em julho passado, apontou que os gastos dos municípios brasileiros com esse setor aumentaram 32% entre 2019 e 2023. Em cinco anos, os valores saltaram de mais de R$ 8,3 bilhões para quase R$ 11 bilhões. No total, o país investiu R$ 137,9 bilhões em segurança apenas no ano passado.