Com a máquina adequada para ambientes de baixa temperatura, evita-se o desperdício de recursos, melhorando os processos produtivos e logísticos, com custos adequados e previsíveis, além de garantir a sustentabilidade das atividades.
As empilhadeiras preparadas para operação em logística fria possuem as mesmas funções das empilhadeiras que trabalham em ambientes secos, ou seja, armazenagem e movimentação de materiais. “O que muda é que elas precisam movimentar cargas num ambiente muito mais hostil, em temperaturas que podem chegar a -40ºC”, observa Denis Dutra de Oliveira, CEO da Paletrans.
“Por trabalharem num ambiente com nível de severidade elevado se comparado a operações em ambientes secos, essas empilhadeiras precisam estar preparadas para atuar sem perder produtividade, garantindo segurança para o operador e também a longevidade do equipamento”, complementa Murilo Marin, gerente nacional de vendas Linde & Still do Kion Group South América.
Nas configurações mais completas, como nas empilhadeiras com cabines climatizadas, é possível perceber maiores níveis de produtividade devido ao conforto disponibilizado aos operadores durante os turnos de trabalho, exemplifica Denise Fussi, gerente geral de contas nacionais da Yale Brasil. As empilhadeiras para logística refrigerada são mais usadas dentro da câmara fria, na antecâmara e nas operações de abastecimento e desabastecimento. “São utilizadas nos produtores de alimentos, cooperativas de abate de frango, nos setores suíno, bovino, de peixe, farmacêutico, nos entrepostos e distribuidores, nos supermercados e atacadistas”, salienta Rafael Kessler, diretor executivo da Combilift no Brasil. Também estão presentes no setor de químicos e de tecnologia de precisão.
Tipos
Ambientes refrigerados são fechados, o que torna possível apenas o uso de máquinas elétricas, sem falar nos equipamentos manuais, devido aos poluentes gerados pelas que operam a combustão, lembra Oliveira, da Paletrans.
Raphael de Souza, gerente corporativo comercial da Jungheinrich Lift Truck, diz que as empilhadeiras mais utilizadas são as retráteis (para armazenagem em altura), as contrabalançadas elétricas (para sistema blocados e carga/descarga de contêineres), as transpaleteiras elétricas (para cargas/descargas de caminhões e transportes internos) e as empilhadeiras patoladas (armazenagem em altura e movimentação horizontal).
Na lista de Henrique Antunes, diretor de vendas da BYD (Build Your Dream), estão as transpaleteiras horizontais, responsáveis por retirar e colocar no caminhão as mercadorias, e as máquinas retráteis, que armazenam em grandes elevações. “Nas câmaras frias, frigoríficas por exemplo, a indústria faz o armazenamento vertical porque otimiza espaço e ganha com a redução de custos por utilização do metro quadrado”, explica.
Marcelo Yamamoto, gerente da SDO Comércio Importação e Locação de Equipamentos, lembra da importância do uso de empilhadeiras com tecnologia de lítio, o que minimiza riscos de acidentes e contaminações, já que operam com baterias totalmente seladas que dispensam operações de trocas entre ou durante os turnos de trabalho.
Basicamente, todos os modelos de empilhadeiras elétricas podem ser configurados na versão frigorificada, ressalta Denise, da Yale Brasil. “Mas, para definir o modelo mais indicado, é importante olhar para todas as áreas que compõem operações como essas, bem como a necessidade de cada cliente.”
As empilhadeiras podem ser usadas em praticamente todas as áreas da logística fria, indo desde o recebimento até a expedição, passando também pela armazenagem de matéria-prima ou de produtos acabados, processamento e produção. Nos Centros de Distribuição, por exemplo, onde o valor de investimento na construção de um armazém frigorificado é significativamente alto, se faz necessário o melhor aproveitamento possível verticalmente. “Nestes locais, utilizam-se majoritariamente as empilhadeiras retráteis, mas também é possível encontrar empilhadeiras pantográficas e até empilhadeiras trilaterais”, explica Denise. Já nas áreas de expedição e recebimento, utilizam-se mais as empilhadeiras contrabalanceadas elétricas, que são suportadas pelas transpaleteiras, equipamento que também pode ser customizado para operações frigorificadas. “Nas áreas de picking, por sua vez, são usadas selecionadoras de pedidos”, complementa.
Benefícios
Empilhadeiras devidamente preparadas e desenvolvidas para operar em logística fria trazem benefícios como ganhos em produtividade, uma vez que as paradas programadas do operador previstas por lei não são necessárias. “Questões relacionadas à segurança, ergonomia e saúde do operador têm um salto positivo significativo e, pensando no equipamento, outros benefícios são menor custo com manutenção, maior produtividade e maior vida útil”, expõe Marin, do Kion Group South América.
Kessler, da Combilift, acrescenta que essas máquinas permitem estocar cargas maiores em alturas mais elevadas, aumentando a densidade de abastecimento. Além de otimizar os espaços dentro das câmaras frigoríficas, elas permitem reduzir os danos nas cargas, destaca Souza, da Jungheinrich.
“Esses equipamentos provêm um ambiente climatizado ao operador, o que faz com que ele consiga trabalhar durante mais tempo e sem colocar a própria saúde em risco”, acrescenta Oliveira, da Paletrans.
Yamamoto, da SDO Equipamentos, cita o nível de ruído tendendo a zero e a não contaminação do ambiente de trabalho com dissipação de gases nocivos à saúde.
“Com o uso da empilhadeira correta é possível trabalhar de forma otimizada, não desperdiçando recursos e melhorando os processos produtivos e logísticos, com custos adequados e previsíveis, além de proporcionar sustentabilidade às atividades”, opina Denise, da Yale Brasil.
Tecnologias embarcadas
Essas empilhadeiras são adaptadas para manter o funcionamento em ambientes hostis, tendo de trabalhar com óleo hidráulico e motor operando numa temperatura diferente da que foi desenvolvido para realizar seu papel em condições normais, explica Oliveira, da Paletrans. “É necessário um trabalho muito específico de engenharia para garantir que tudo funcione como deveria”, conta.
Além disso, ainda segundo ele, é preciso criar um ambiente de isolamento térmico para que a pessoa que está operando o equipamento consiga trabalhar sem que a temperatura baixa afete seu rendimento e saúde. “Neste tipo de operação é onde encontramos a maior demanda por tecnologias de conectividade, com WMS e picking to light, entre outros, através das quais o operador ou a máquina recebem informações e enviam de forma remota e on-line, algo extremamente importante nesse tipo de ambiente”, salienta o CEO da Paletrans.
Quando se trata de segurança, fala-se em câmeras, sensores e baterias de lítio, que não precisam de troca, reduzindo a quantidade de acidentes, complementa Antunes, da BYD. “Vale lembrar que a automação dos sistemas e das operações é uma grande tendência, principalmente em locais frigorificados.”
Ele adianta que, em breve, a marca terá equipamentos autônomos, que serão ideais para lugares inóspitos, como câmaras frigoríficas. “Isso será um grande avanço para todo o setor de logística.”
Entre as tecnologias das empilhadeiras dedicadas à cadeia do frio oferecidas pela Combilift, Kessler destaca uma cabine projetada especialmente para manter a temperatura ideal, o conforto e a ergonomia para o operador durante as longas horas de operação. “Com a redução de módulos de controle, sensores e atuadores eletrônicos, a empresa oferece 5.000 horas de garantia de operação para empilhadeiras com trânsito contínuo tanto fora quanto dentro da câmara fria, mesmo para temperaturas até -40ºC”, conta. Já as paleteiras tracionadas sem patolas permitem a montagem de acessórios (clamps) hidráulicos, como por exemplo push-pull, úteis no carregamento de contêineres reefer, acrescenta o diretor executivo da marca.
Além de cabines climatizadas, as máquinas Jungheinrich possuem vários sistemas, como de redução de velocidade nas curvas para melhor estabilidade, redução da velocidade de acordo com a elevação e o peso da carga, personalização de área permitida de operação através de sensores e câmeras 360° com sensores para pessoas e objetos/estruturas. “Também oferecemos sistemas para posicionamento da carga automaticamente no local de armazenagem através de pré-seleção ou mesmo automaticamente quando conectado ao WMS”, destaca Souza.
Além dos equipamentos disponíveis para operar com a tecnologia Li-Ion, que permite maior vida útil das baterias, podendo chegar a até 3 vezes o tempo de vida de uma bateria convencional, outro destaque do Kion Group South América é o sistema de controle e gestão de frotas Fleet Manager. “Ele permite medir o desempenho dos operadores, o nível de utilização por equipamento, a produtividade, a redução de custos de manutenção das máquinas e os reparos das estruturas portapaletes, bem como a redução de perda de mercadorias causadas por avarias, além do aumento da segurança na operação. A solução inclui detector de impactos com alerta em tempo real via e-mail ou via aplicativo, dentre outros diversos relatórios de performance”, explica Marin.
Ainda em se tratando de equipamentos elétricos, os equipamentos Still possuem de série uma tecnologia chamada Blue Q, que otimiza as características de condução e também atua no acionamento inteligente dos recursos elétricos auxiliares, economizando até 20% de energia nas máquinas contrabalançadas elétricas e 10% nas retráteis.
Para Yamamoto, da SDO Equipamentos, a principal tecnologia embarcada é a utilização de baterias de lítio em substituição às baterias de chumbo-ácido, com eficiência de 95% contra 80%, entre outras vantagens.
No caso da Yale, a marca dispõe de empilhadeiras movidas a baterias convencionais ou de lítio e empilhadeiras semiautomáticas, incluindo demandas especiais de células de hidrogênio. Suas máquinas contam com o Yale Vision, solução de telemetria que oferece um conjunto de benefícios que proporcionam economia de custos tangível para as empresas. “As funções deste sistema incluem: controle de acesso por meio de cartão ou crachá, check-list para os equipamentos pré-turno, parametrização de segurança para proteção dos bens, relatórios e registros de eventos com base em informações coletadas pelo CAN-Bus, plataforma de gestão de custos de manutenção e controle da redução do tempo de inatividade”, frisa Denise.
Segundo ela, os dados gerados possibilitam a gestão de parâmetros, como produtividade, custos operacionais, manutenções preventivas e certificações dos operadores.
Covid-19
Em função da pandemia do novo coronavírus, Antunes, da BYD, observa que houve incremento nas operações da cadeia fria. “Há uma mudança de consumo e um consequente aumento de demanda, principalmente de medicamentos e, também, de alimentos.”
Tambem devido à pandemia, houve mudanças na higienização das máquinas, como ressalta Souza, da Jungheinrich. “Seguindo as diretrizes da OMS e do Ministério da Saúde, recomendamos a limpeza periódica do equipamento, principalmente entre o período de troca de operadores, com uma solução de 25 ml de água sanitária para 1 litro de água limpa, aplicada com uma pano limpo, no banco, controles e demais partes de contato”, explica. Segundo ele, como as empilhadeiras já são equipamentos para uso de um único operador por vez, não vê necessidade de mudanças de concepção.
De acordo com Marin, do Kion Group South América, o que a pandemia pode trazer especialmente para os setores que estão com aumento de demanda, por exemplo, farmacêutico, frigoríficos, alimentos em geral, embalagens e varejo, entre outros, é o desenvolvimento acelerado destas indústrias em processos e tecnologia. Por isso a importância em investir em soluções de intralogística.
Outro fator importante a destacar nesse período é sobre a modalidade de vendas, continua Marin. “A pandemia tem mostrado para as empresas a importância de focarem no seu core business e delegar aos especialistas a responsabilidade em áreas que são secundárias. Um canal de vendas muito crescente por conta deste movimento é o de locação.”
Sobre mudanças nas máquinas, Oliveira, da Paletrans, diz que estão sendo desenvolvidas novas tecnologias que serão muito demandadas na logística do frio, por exemplo as empilhadeiras AGV, tecnologia que a marca lançou em outubro de 2019. “Elas não necessitam de operadores e são autoguiadas, isso por si só nos coloca dentro dos conceitos da Indústria 4.0 e, em se tratando da Covid-19, traz ainda mais uma vantagem, que é não depender de uma pessoa para operar, evitando sua exposição”, explica o CEO da Paletrans.
Denise, da Yale Brasil, entende que essa situação mudará a vida das pessoas e, consequentemente, das empresas. Os impactos econômicos trazidos pela pandemia forçarão as companhias a repensarem diferentes aspectos, como, por exemplo, a forma como planejam, produzem, vendem ou entregam seus produtos. “Não dá para esquecer ou negligenciar o fato de que este efeito estará presente por um bom tempo ainda, mesmo depois que o novo coronavírus for controlado em termos de contágio. Esse contexto, sim, pode trazer mudanças tecnológicas em longo prazo”, completa.