Representantes de empresas do setor comemoram o cenário econômico positivo, revelam tendências, como a utilização cada vez maior dos pneus superelásticos, e a preocupação ambiental, além de analisarem o desempenho e o futuro do segmento.
A explicação é simples: o ótimo momento econômico vivido pelo Brasil – e que deverá se estender em 2011 e nos próximos anos – contribui para o desenvolvimento da indústria e gera demanda para a utilização de equipamentos como, por exemplo, empilhadeiras. Desta forma, os fabricantes de pneus para estas máquinas estão bastante otimistas com relação ao desempenho do setor.
De acordo com Rafaella Sene, da área de marketing da Trelleborg (Fone: 14 3269.3600), a empresa projeta um crescimento de mais de 15% neste ano, em comparação com 2010. Além de considerar que o setor industrial, em vários segmentos, tem anunciado ampliação e criação de novas fábricas, o que proporcionará o crescimento do setor de movimentação de materiais, ela observa que os investimentos para a Copa do Mundo, as Olimpíadas e obras do PAC serão expressivos já neste ano.
Vinícius Penna, supervisor de vendas de pneus industriais da Continental Pneus (Fone: 0800.170061), também entende que as perspectivas para 2011 são extremamente positivas, principalmente pelo contínuo crescimento da produção industrial. “Há uma tendência na continuação do crescimento macroeconômico do país em 2011. Por consequência, o mercado de pneus para empilhadeiras deverá acompanhar esse cenário”, explica Mario Guimarães, coordenador de marketing para a linha de pneus comerciais da Goodyear (Fone: 0800.7257638).
Tendo como base perspectivas traçadas por especialistas e diversos setores da economia, Paulo Cesar Nobre da Silva, gerente comercial nacional da Rodaco (Fone: 11 4427.6656), diz que a empresa está otimista e deverá fechar 2011 novamente com crescimento. Até por isso, ele revela que a Rodaco já iniciou novos investimentos em equipamentos, na ampliação da planta produtiva e no aumento do quadro de colaboradores. “Acreditamos que se 2010 foi dez, 2011 realmente será onze”, profetiza.
Por sua vez, Flávio Bettiol Junior, diretor da Unidade de Negócios Truck e Agro da Pirelli na América Latina (Fone: 0800.7287638), conta que, neste ano, a empresa dá início ao seu plano trienal até 2013, que contará com investimentos de mais US$ 300 milhões nas cinco fábricas no Brasil. Com isso, objetiva aumentar a produção e melhorar processos em todas as linhas, sempre visando acompanhar o crescimento da demanda em cada segmento.
Em análise um pouco mais contida, Julimar Rodrigues, gerente comercial nacional da Standard Tyres (Fone: 11 3790.0070), comenta que as perspectivas para 2011 são positivas – de crescimento em todos os segmentos industriais –, mas um pouco mais moderadas em relação a 2010. “Os que fizeram conta em 2010 continuarão fazendo e influenciando outros em 2011. Afinal, uma redução de custos que chega a 80% em relação a um pneumático convencional é extremamente significativa”, opina.
Tendências e novas tecnologias
Com o mercado aquecido, novas tecnologias vêm sendo desenvolvidas para melhor atender aos usuários. Uma forte tendência neste setor, segundo Rodrigues, da Standard Tyres, é a utilização de pneus superelásticos, ao invés dos pneumáticos. “A cada ano a utilização é maior, e isso mostra que nosso país tende rapidamente a se igualar aos mercados norte-americano e europeu, onde a participação deste tipo de produto é superior a 80%”, destaca, informando que a tecnologia de produção dos pneus superelásticos considerados top é muito desenvolvida. Ele também fala da durabilidade destes pneus, “de três a seis vezes a de um pneumático convencional”, e dos preços, “que chegam a ser um terço de um radial, sendo que eles são tão macios quanto um pneumático corretamente calibrado”.
Na visão do gerente comercial da Standard, com um mercado cada vez mais exigente, com mais clientes que prezam por um reduzido custo-hora, ergonomia e segurança, as inovações tendem a se concentrar em compostos mais resilientes, garantindo uma condução suave do equipamento, manutenção reduzida, devido ao menor índice de vibrações, e maior durabilidade dos pneus em função de uma melhor dissipação do calor. Além disso, ele revela que existem trabalhos em andamento buscando otimizar o desenho da banda de rodagem.
Rafaella, da Trelleborg, também destaca que a grande tendência é cada vez mais a utilização de pneus superelásticos, que eliminam inconvenientes de furos, cortes e necessidade de calibragem, sem falar que a manutenção e a previsão de troca são mais precisas, facilitando a programação de compra e parada de máquina. Acerca das novidades no setor de pneus industriais, ela destaca que depois da tecnologia CDM, as grandes descobertas estão no desenvolvimento de novas matérias-primas, mais resistentes, que podem proporcionar para o pneu maior vida útil e maior capacidade de carga. “Hoje, além do composto convencional, temos o não-manchante HL para maior capacidade de carga e ambiente muito quente”, acrescenta.
Endossando as palavras de Rodrigues e Rafaella, Silva, da Rodaco, afirma que em função das exigências de tempo e condições de trabalho cada vez maior aplicadas às empilhadeiras, os pneus superelásticos e os pneumáticos radiais tendem a ser cada vez mais utilizados, pois são os que proporcionam melhor resultado de custo-benefício para estas exigências. Em função disso, a Rodaco incorporou ao seu quadro de colaboradores uma pessoa com vasto conhecimento em tecnologias de superelásticos. Segundo Silva, esta pessoa está implementando uma nova tecnologia de compostos e vulcanização, que aumentará a resistência dos pneus superelásticos a altas temperaturas de trabalho, que representam o maior redutor da vida útil deste produto.
Ao abordar a tendência pela utilização dos pneus superelásticos, os entrevistados repetidamente adotam as palavras durabilidade e resistência. Esta busca, segundo Guimarães, da Goodyear, representa uma forte tendência para os pneus industriais para empilhadeiras. “Isto para que a empilhadeira aumente sua capacidade de carga e não sofra danos em caso de colisões. O grande objetivo com isso é reduzir o tempo de máquina parada, já que esse é um fator crítico para a produtividade industrial. Quanto menos problemas os pneus das empilhadeiras apresentarem, mais eficiente será a operação dos nossos clientes”, sintetiza.
A respeito de novidades do setor, o coordenador de marketing da Goodyear aponta que as empresas estão desenvolvendo pneus para atender a diversas exigências, como carga máxima a ser transportada e elevada, velocidade máxima e distância provável a ser percorrida, condição do piso, condições ambientais, estabilidade, risco de fogo ou explosão e temperaturas altas, o tipo de motor da empilhadeira (elétrico, a combustão) e a natureza dos produtos que são levados pelo equipamento. Com isso – explica –, novos formatos estão surgindo, levando em conta essas tecnologias que garantem mais resistência e maior durabilidade aos pneus industriais.
Para exemplificar, Guimarães cita um caso da Goodyear: “com a tendência de crescimento do mercado, passaremos a oferecer em 2011 mais uma medida para a linha Xtra Traction Mine II: a 5.00-8, que já dispõe das medidas 6.50-10, 7.00-15 e 28×9-15. Assim, complementamos nosso portfólio para atender às necessidades cada vez mais específicas do mercado”.
A busca por maior durabilidade e resistência se junta a outro importante objetivo das empresas do segmento: a preocupação com os impactos ambientais. Nesse sentido, Bettiol Junior, da Pirelli, assegura que a empresa continua a desenvolver produtos com menor impacto ambiental e maior valorização de todo o ciclo de vida do pneu. Segundo ele, esses produtos estão amparados em constantes pesquisas internas com foco na redução da resistência ao rolamento e na vida útil cada vez maior, além de buscar novos materiais e processos produtivos inovadores.
Perguntado sobre novidades, Bettiol Junior lembra o pneu CI84 para empilhadeiras de pequeno porte, que, de acordo com ele, proporciona mais horas de trabalho, o que resulta em um menor volume de pneus inservíveis. “O grande diferencial da linha CI84 é o fato de ter uma maior camada de borracha na banda de rodagem. Ela também possui protetores metálicos que reforçam sua estrutura e conferem alta resistência a cortes e perfurações”, descreve.
Sob o ponto de vista ambiental, Penna, da Continental, destaca como tendência para o segmento de pneus industriais a otimização de compostos de borracha para ampliar a durabilidade e diminuir a resistência ao rolamento e, assim, o consumo de combustível e as emissões de CO2 dos veículos. As novidades – conta ele – são os produtos voltados à redução do consumo de energia e com maior durabilidade, como o radial ContiRT20 Performance, que durante mais de dois anos foi alvo de pesquisa, desenvolvimento de novos compostos e testes. “Este produto é voltado para aplicações em aeroportos, que envolvem alta velocidade e longas distâncias. Ele proporciona conforto durante o transporte e elevação, especialmente em terrenos irregulares, graças ao desenho de sua banda, que minimiza as vibrações”, comenta.
Como foi 2010 para o setor?
Se as expectativas para 2011 são muito boas, as empresas revelam que o último ano também foi positivo. “Conseguimos aumentar as vendas e ampliar a nossa rede de distribuição”, informa Rafaella, da Trelleborg. “O ano passado apresentou um bom crescimento graças ao cenário macroeconômico do país. O Brasil produziu mais naquele ano e, por consequência, a movimentação de carga também cresceu. O mercado de pneus para empilhadeiras acompanhou bem esse cenário, registrando crescimento tanto na indústria quanto nas atividades portuárias”, completa Guimarães, da Goodyear.
Bettiol Junior, da Pirelli, lembra que 2010 foi marcado pela retomada do crescimento econômico nacional, e a empresa, que tem forte atuação no fornecimento de pneus de empilhadeiras na indústria nacional, também obteve um desempenho bastante positivo no período. “A interligação entre setores beneficiou o nosso negócio: o segmento de transporte de cargas, por exemplo, foi impulsionado pela colheita recorde de 2010 e o aumento do consumo em geral, que, por sua vez, demandou uma maior produção de empilhadeiras para movimentação nos depósitos e portos”, ilustra.
A Rodaco, no final de 2010, completou dez anos de atuação no Brasil, e a comemoração foi mais um ano encerrado com resultados positivos. Silva conta que no último ano a companhia fechou parcerias com grandes empresas de logística, distribuidores e locadores. Além disso, ampliou tanto a fábrica brasileira como o CD de Santo André, SP, e incorporou novos produtos à linha de comercialização, como os pneus radiais.
Quem também festeja o desempenho em 2010 é Rodrigues, da Standard. Ele diz que o ano foi marcado pela retomada do mercado e foi importante para a Standard consolidar sua atuação como fabricante de pneus superelásticos.
Penna, da Continental, é outro a destacar que 2010 foi a retomada do mercado após a crise do ano anterior. Do ponto de vista dele, a tendência era mesmo de aumento do volume de vendas, e o mercado correspondeu às expectativas. “Houve aumento tanto da produção industrial como da compra de empilhadeiras e, consequentemente, do consumo de pneus”, elucida, informando que, para a Continental, foi mais um ano de excelentes resultados na divisão de pneus industriais, com um expressivo incremento nas vendas em relação ao ano anterior.
Ele credita o bom desempenho da companhia à consolidação de parcerias firmadas com empresas de grande porte. Hoje, além de comercializar produtos, a Continental agrega outros valores nesse processo, como a oferta de treinamentos técnicos e de vendas aos profissionais envolvidos na comercialização de pneus industriais. “No ano passado, ampliamos a disponibilidade de entrega de nossos pneus e aumentamos o número de visitas aos usuários finais de nossos pneus em conjunto com nossos parceiros comerciais”, informa Penna.
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