Após pouco mais de um mês do início das restrições impostas pelo alastramento da COVID-19, governos de todos os cantos do mundo estipularam medidas para retorno das atividades com a finalidade de manter as economias em funcionamento.
“É normal esse comportamento num mundo onde economia, tanto privada quanto pública, dividem suas riquezas. Um país, hoje, não tem como arcar com custos altos para manutenção de restrições duras para evitar que doenças, como a COVID-19, se espalhem”, afirma empresário e CEO do Empresômetro, Otávio Amaral.
Para o empresário é um passo a ser tomado, com todas as medidas para mitigar qualquer retorno da contaminação. “Temos exemplos que funcionam e mantiveram os números baixos, são os supermercados e os atendimentos por delivery. Muitos estabelecimentos não tinham entregas em domicílio, mas acabaram adotando a modalidade a fim de manter-se no mercado e fazer com que a economia continuasse girando”, diz Amaral.
O Empresômetro, empresa especialista em inteligência de mercado, levantou que no Brasil todo são mais de 1,6 milhões de estabelecimentos do setor varejista de alimentos, incluídos nos dados estão os hipermercados, supermercados, minimercados, mercarias e armazéns.
“Esses negócios não fecharam, com algumas exceções, pois são essenciais à manutenção das pessoas, mas com medidas de controle, higiene e sanitárias foram ambientes que não se tornaram atores na propagação da doença, mesmo nos milhares números que são”, explica o empresário.
O quadro abaixo mostra a quantidade de super e hipermercados, minimercados e armazéns em atividade em alguns estados do país.
Estado
Quantidade
São Paulo
271.785
Minas Gerais
182.142
Rio Grande do Sul
142.839
Bahia
134.148
Ceará
119.243
Paraná
100.586
Essas empresas são essenciais para a população, mas também para a manutenção de entes federativos e para a União. Sem esse giro de capital na economia, não há arrecadação de impostos e, sem eles, inevitavelmente, os serviços públicos entrariam em colapso.
Outro setor importante é o comércio de alimentos prontos, os famosos restaurantes e bares. Com a restrição de funcionamento, muitos se voltaram para os aplicativos de entrega de comida. Além deles, muitas pessoas que estavam fora do mercado ou entre empregos viram uma oportunidade nesse setor, com a facilidade para se iniciar uma empresa e apostar em seus dotes culinários para promover seu sustento.
“As empresas de entrega de alimentos em domicílio já vinham num crescimento causado pelo empreendedorismo de necessidade. Com a chegada do Coronavírus, nós do Empresômetro, vimos que esse número aumentou bastante, chegando a 39% de diferença quando comparado com o mesmo mês no ano passado”, diz Amaral.
Na tabela abaixo, podemos ter uma ideia desse aumento. No mês de março de 2020 foram mais de 39% quando comparado ao mesmo período de 2019, e 30% maior que o mês de fevereiro de 2020.
Mês
2019
2020
Janeiro
5.638
7.762
Fevereiro
5.312
6.529
Março
5.691
9.300
Abril
6.487
5.442 (até dia 24 de abril)
MUDANÇA DE HÁBITO
Algo que era corriqueiro nas décadas de 60 a 80, a entrega de compras de supermercados foi deixada de lado por muitos empresários, seja por cortar custos, seja por questão de logística, virou exceção até o mês de março de 2020.
“Vimos a ascensão da entrega de alimentos, sejam in natura ou prontos. Muitos (empresários) precisaram recorrer aos aplicativos, o que já deveria ter acontecido antes, mas a necessidade em manter pessoal e as finanças fez com que essa transição e aceitação da tecnologia, viesse mais rápido”, ressalta Amaral.
Esse comportamento foi adotado até mesmo por aplicativos que antes faziam transporte de passageiros. Hoje é fácil encontrar alguns app destinados à busca de suas compras e a comodidade de entrega em sua porta.
“Essa é a internet e tecnologia aplicadas aos negócios de uma forma como nunca ocorreu antes, o que era impensável há pouco tempo atrás, virou requisito para não fechar as portas”, afirma o empresário.
Além disso tudo, até não termos um tratamento ou vacina para a doença, veremos medidas de higiene sendo adotadas por todos os estabelecimentos.
Para Amaral, “essas medidas de controle são importantes, e podem servir até mesmo de métrica para o negócio. Quem antes não sabia quantas pessoas entravam em sua loja por dia, consegue ter esse controle por meio de aplicativos para smartphone”.
FUTURO INCERTO?
No mundo dos negócios uma das questões cruciais está em, parafraseando o coordenador de estudos do Empresômetro e advogado tributarista Gilberto Luiz do Amaral, “antecipar a realidade”.
“Aquele que se prepara, com informações atualizadas, que conhece seu negócio e os hábitos dos consumidores, é certo que está em vantagem. Entender tudo isso coloca seu negócio mais dez pontos acima de qualquer concorrente. É preciso estudar bastante e ter ao seu lado profissionais que possam antever o futuro”, afirma o CEO do Empresômetro, Otávio.
A curto prazo, o empresário vê que as empresas de entrega de alimentos em domicílio tendem a ter um crescimento, mas “nada como o mês de março”. Todo mercado tem seu nível de saturação, e a reabertura do comércio fará com que o recurso destinado aquilo vá para outro lugar.
Quanto aos mercados, são atividades que traduzem a riqueza de um país. O empresário conclui que “quanto maior a renda por pessoa, mais empresas vão sendo abertas, inclusive filiais; o mercado é regulado pela riqueza de uma sociedade, no entanto a recuperação da economia deve ser lenta, por diversos fatores que estamos vivendo hoje, e afetará todos os setores, inclusive esse”, conclui Amaral.