Empresas que usam o software livre se unem

Empresários e executivos da área de tecnologia, além
representantes de governos (nacional e estrangeiros) e grandes usuários
de tecnologia da informação, anunciaram no dia 17
de agosto último o lançamento da organização
não-governamental OTUN – Open Technology Users Network, ou
Rede de Usuários de Tecnologias Abertas. O lançamento
ocorreu na sede da CIESP – Centro das Indústrias do Estado
de São Paulo.
O objetivo da OTUN será organizar as diversas comunidades
de conhecimento colaborativo existentes em vários países
– a exemplo das comunidades de Linux – em empreendimentos
empresariais ou governamentais que garantam sua sustentabilidade
e estabeleçam padrões para os seus projetos, em conformidade
com os interesses do mercado. A idéia é reunir as
empresas que usam o software livre – que não exige
pagamento de licenças e pode ser copiado e modificado pelo
usuário – para que compartilhem experiência e
esforços de desenvolvimento de aplicações específicas.

A entidade terá sede em São Paulo, mas buscará
ramificações por diversos países, reunindo
comunidades de diferentes línguas, daí a definição
da sigla em Inglês. Antes mesmo de seu lançamento oficial,
a OTUN já vinha preparando a instalação em
outros países, como é o caso da criação
de uma seção avançada no Parque Tecnológico
de Antioquia, na Colômbia, prevista para ocorrer nas próximas
semanas. Além disto, o núcleo fundador da entidade
vem estabelecendo contatos com o Governo da Venezuela, que demonstra
grande interesse na replicação do modelo. Entre os
países onde a OTUN já dispõe de comunidades
parceiras – ou em fase de constituição de seções
próprias – estão a Espanha, Canadá, Itália,
Cuba, Uruguai e Argentina.
Segundo Paulino Michelazzo, membro da diretoria provisória,
a OTUN é a primeira organização do país
e talvez a única no mundo orientada para funcionar como interface
entre os grupos de conhecimento colaborativo e o mundo altamente
profissionalizado e exigente de padrões, que são os
usuários corporativos e os governos.
“Na base da nossa proposta está a eliminação
de qualquer resquício de informalidade em relação
às produções intelectuais das redes de tecnologias
abertas”, informa Michelazzo. Coerente com esta proposta,
a OTUN terá entre suas fontes de receita a concessão
de selos de qualidade e certificados de boas práticas para
soluções de tecnologia produzidas pelas comunidades
abertas. A entidade ofertará, também, serviços
de consultoria para empresas e órgãos públicos
interessados em utilizar as redes de conhecimento como base para
o desenvolvimento de soluções e serviços.
Presente na solenidade de lançamento, o diretor de tecnologia
da Casas Bahia, Frederico Wanderley, apresentou uma longa defesa
da opção Linux para sistemas corporativos e salientou
o surgimento da entidade como prova do amadurecimento do software
de código aberto.
Já o vice-presidente de tecnologia do Banco do Brasil, José Luiz de Cerqueira César, mencionou que o núcleo original da OTUN já está envolvido em projetos de algumas suítes de software, consideradas estratégicas para a indústria local de TI. “Já estão em fase avançada alguns projetos como de ATMs (sistemas de auto-atendimento bancário), ensino à distância, CAD e geoprocessamento. Estes projetos poderão ser utilizados tanto por órgãos da administração pública quanto por usuários empresariais ou empresas de TI interessadas no mercado externo”, afirmou Cerqueira César.
A solenidade de lançamento contou com a presença do presidente do ITI, Sérgio Amadeu, que destacou o avanço maior das soluções de software livre junto às empresas privadas do que junto ao Governo. “Enquanto menos de 30% dos web-services do Governo utilizam software livre, nos provedores privados esta utilização atinge 70%”, comenta Amadeu. Segundo ele, ao articular o interesse capitalista com o modelo interativo das comunidades de tecnologia aberta, a OTUN poderá oferecer paradigmas de convencimento para uma adesão mais ampla do governo a estas tecnologias.


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