Em agosto deste ano, a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) concedeu, pela primeira vez, o CAVE – Certificado de Autorização de Voo Experimental para teste com uso de drones a uma empresa localizada no interior de São Paulo, que realiza entrega de comidas prontas e medicamentos.
Drone em inglês significa ‘’zangão’’ e, devido ao seu zumbido ao voar, acabou sendo adotado popularmente para nomear a aeronave. Em português, o dispositivo pode ser chamado também de VANT, acrônimo para Veículo Aéreo Não Tripulado, ou VARP, sigla para veículo Aéreo Remotamente Pilotado.
Inicialmente, esse dispositivo foi criado para ser utilizado com fins militares, mas agora seu leque de atuação se expande cada vez mais.
Segundo a ANAC, o processo para que o certificado fosse emitido começou em setembro de 2019 e, desde então, a empresa precisou demonstrar que o drone a ser utilizado cumpria regras de aviação e tráfego aéreo, especialmente, as relacionadas à segurança.
O modelo escolhido para fazer os testes de entregas foi o DLV-1, cujo peso é de cerca de 9 kg, capacidade para carregar produtos de até 2 kg e pode atingir a velocidade de até 32 km/h. Ele passou por dois testes práticos supervisionados por técnicos da ANAC, em janeiro e julho de 2020. A autorização, no entanto, é válida até agosto de 2021, e permite testes BVLOS (sigla em inglês para “além da linha de visão”), que é quando o operador do drone não precisa ter contato visual com ele para poder operá-lo.
Apesar disso, os voos só poderão ser feitos durante o dia, respeitando uma distância máxima de 2,5 quilômetros do ponto de decolagem.
Para o superintendente de Aeronavegabilidade da ANAC, Roberto Honorato, a autorização concedida pela Agência traz uma importância muito significativa para o setor e para o desenvolvimento comercial de novas oportunidades de mercado. “Dentre as atividades que a sociedade espera para os drones explorarem, o delivery é uma das mais promissoras”, destaca ele.
Só que antes de imaginar um mundo em que as mercadorias sejam entregues pela janela de casa ou depositadas no quintal, é preciso entender que esse é um futuro a longo prazo, os modelos que existem hoje têm baixa autonomia e dificuldade de se movimentar em áreas com muitos obstáculos, como uma cidade cheia de prédios.
Mas obviamente, são uma tecnologia revolucionária que trará impactos em toda cadeia logística e é a principal tendência para o futuro. Tanto que grandes empresas têm investido e estudado a possibilidade de realizar entregas a partir da utilização desse tipo de meio.
A previsão da consultoria Gartner, especializada em tecnologia, é que as vendas globais deste veículo, para uso empresarial, cheguem a 526 mil unidades até o final de 2020. O que representa um aumento de 50% em relação a 2019. Até 2023, a Gartner estima que o número de aparelhos em funcionamento atinja 1,3 milhão de unidades.
Por ora, apenas essa única empresa no Brasil tem o aval para fazer testes de uso do veículo para entregas.
Já nos Estados Unidos, a Amazon.com anunciou, em agosto deste ano, a aprovação para realizar testes, e agora se junta Alphabet, e à United Parcel Service, entre outras companhias que já conseguiram aprovação para operar drones.
A agência federal de aviação americana (Federal Aviation Administration ou FAA) vem se preparando para finalizar um conjunto de normas até o final deste ano, com a intenção de expandir os voos de drones sobre multidões. As regras exigirão, por exemplo, que os aparelhos transmitam sua identidade e localização para minimizar riscos de terrorismo ou colisão com outras aeronaves.
Mas a utilização de drones na área de logística vai muito além das entregas, que já é uma grande vantagem, tendo em vista a economia do custo relacionado ao combustível. O dispositivo pode auxiliar também no monitoramento das operações de carga e descarga com o objetivo de aumentar a garantia de que os processos estão sendo executados adequadamente ou ainda, identificar falhas ou oportunidades de melhorias que podem ser adotadas.
Mesmo que a utilização de drones seja uma novidade na logística, ela tem se mostrado uma excelente alternativa, especialmente, para o transporte de volumes pequenos. Se ainda não se pode afirmar quando as entregas via drone serão uma realidade cotidiana, uma coisa é certa: tem muita gente trabalhando para que isso ocorra, e logo.