O serviço da escolta começa após aprovação de todos os itens exigidos pelas gerenciadoras de riscos, contratadas em paralelo ao serviço principal da escolta. Itens como tipo de veículo a ser utilizado, tipo de GPS, quantidade de vigilantes na equipe, alarmes adicionais, roteiros, áreas de escape, definição de locais de parada, locais de reabastecimentos, modus operandi para embarque, desembarque e estacionamento, entre vários outros itens pertinentes.
“Além do transporte de materiais valiosos, como o cobre, equipamentos eletroeletrônicos – TVs, celulares, tablets, entre outros – a escolta armada também é necessária quando a entrega será feita em locais onde as taxas de roubo de cargas são altas e apresentam perigo para a integridade do motorista e para o patrimônio transportado”, explica Samuel Rubens Pereira, diretor operacional do Grupo Haganá (Fone: 11 3393.1717), iniciando esta matéria especial de Logweb sobre escolta armada.
Ele é complementado por Autair Iuga, diretor do SESVESP – Sindicato das Empresas de Segurança Privada, Segurança Eletrônica e Cursos de Formação do Estado de São Paulo (Fone: 11 3858.7360) e presidente do SEMEESP – Sindicato das Empresas de Escolta do Estado de São Paulo, que lembra que a escolta armada tem sido uma ferramenta de muita importância há vários anos no Brasil. “No trabalho em conjunto com o setor de logística e, principalmente, na proteção auxiliar de eletroeletrônicos, medicamentos, cigarros, pneus, defensivos agrícolas, explosivos, carnes nobres, minérios, bebidas importadas, máquinas e equipamentos, dentre outros. Impossível conceber que esses produtos chegariam ao seu destino final sem a proteção adicional da escolta armada, sempre, obviamente, atuando como força de segurança auxiliar da Segurança Pública”, comenta.
Definindo o uso
Pereira, do Grupo Haganá, também comenta que para definir o uso da escolta, além das análises da gerenciadora de risco, são levados em consideração o valor agregado ao material que será transportado, o trajeto por onde a carga passará e o grau de periculosidade da região em que será entregue, itens com seguro de carga, definição de rotas com “cercas virtuais”, comunicação e apoio interestadual em casos de ocorrências, paradas para alimentação, uso de banheiro, descanso e revezamento de equipe, equipamentos de comunicação que cubra todo o trajeto, entre outros. “Para escolher a escolta armada no segmento de logística, devem ser levadas em consideração a estrutura de atendimento e equipamentos que a empresa oferece e a formação dos profissionais que farão a escolta. E, ainda, a experiência da empresa em trabalhos como este. Também é importante verificar se a empresa possui as certificações necessárias para realizar a escolta.”
Por sua vez, Iuga, do SESVESP, destaca que o uso da escolta armada está ligado diretamente àqueles produtos e equipamentos que são mais visados pela criminalidade, normalmente por exigência e cláusula securitária definida pelas seguradoras e validada pelas gerenciadoras de riscos, ou seja, a partir de um determinado valor, desde que o produto tenha sua sinistralidade alta, aplica-se a utilização de escolta armada, além de todas as tecnologias embarcadas disponíveis no mercado. Tudo isso normalmente faz parte de um PGR (Plano de Gerenciamento de Riscos), os locais são os de maiores incidências de roubo de carga, o que normalmente acontece a cerca de 150 km dos grandes centros comerciais e cidades – saindo ou chegando – e, também, nas áreas urbanas com alto risco e criticidade.
“Por tudo isto, é muito importante a escolha da escolta armada no segmento logístico. Primeiramente, é preciso verificar se a empresa está devidamente regulamentada pelo Departamento de Polícia Federal e Ministério da Justiça a exercer a atividade, solicitar negativas federais, estaduais e municipais. Efetuar visita técnica comercial, a fim de ter a certeza que o que se apresenta em site, folder e material de divulgação confere com a realidade. Solicitar lista de principais clientes e fazer a checagem, sobre quanto tempo atua e se existe problemas em atendimentos. Importante sempre verificar se a empresa é associada ao SEMEESP, pois não existe motivo para que a empresa não seja sindicalizada pela instituição que representa oficialmente a classe patronal. Solicitar ao SEMEESP certidão negativa de débitos. Orienta-se também a exigir o Selo de Escolta Armada (SEA), lançado recentemente, em que todos os documentos são verificados e, principalmente, atestará a capacidade de atendimento com quantidade de homens, materiais bélicos e viaturas”, ensina o presidente do SEMEESP.
Aplicações
Além da segurança dos veículos com operação na logística, outras aplicações da escolta armada acontecem no segmento da logística. “A proteção da carga e do motorista que está conduzindo o veículo escoltado também é parte deste serviço. O Grupo Haganá, por exemplo, realiza um plano de ação para avaliação e prevenção de riscos durante o trajeto, ação rápida em caso de ocorrências, além do apoio de central 24 horas e bases operacionais com profissionais alerta 24 horas por dia”, diz Pereira. Ele também lembra que o alto valor agregado a produtos como o cobre, remédios e eletroeletrônicos faz com que esses tipos de produtos sejam os mais visados por criminosos, o que pede um serviço de acompanhamento próximo, feito por uma equipe de escolta armada.
Já Iuga, do SESVESP, destaca que a aplicação principal da escolta armada no segmento da logística é a segurança do veículo escoltado, visando à proteção de bens e, também, da vida dos profissionais envolvidos. “Sempre se orienta que se faça uma apresentação do escoltista e escoltado, a fim de criar a sinergia necessária de confiabilidade entre as pessoas envolvidas. Mapeando, fazendo uma verificação prévia de pontos de paradas, locais adequados e meios de comunicação entre as partes envolvidas etc.”, completa.
Problemas
Reportando-se aos maiores problemas com relação à escolta armada no segmento de logística, Pereira, do Grupo Haganá, aponta: perdas de rastreamento on-line em razão de regiões de “sombras”; velocidade do veículo de carga, que pode, em determinados pontos, favorecer o ataque; distâncias a serem percorridas; substituição de equipes em trânsito para operações especiais; a composição dos custos em razão de escolta interestaduais, onde o veículo de escolta não terá serviço no retorno à base de origem; entre outros. “Estes problemas podem ser resolvidos com bom planejamento dos serviços, através de uma análise de risco personalizada para cada roteiro; alarmes adicionais em cargas (iscas); estrutura de suporte para atender as contingências; integração de operação com a empresa de transporte, viabilizando a escolta de carga na ida e volta a origem”, relaciona o diretor operacional do Grupo Haganá.
“Infelizmente, ainda, a escolta armada é contratada para cumprir cláusulas securitárias, e não para ter uma proteção adicional, obviamente, pelo custo. É difícil conter a decepção de um cliente que está aguardando um presente ou uma mercadoria, quando ela é roubada. Mesmo que ocorra uma indenização, a data do aniversário, a festa e as grandes datas comemorativas ficam extremamente sem sentido, pois até que se faça uma nova entrega, o objetivo principal de comemoração foi interrompido”, comenta, agora, Iuga, do SESVESP.
Ele continua: alia-se ao fato de que, grandes redes de logística contratam serviços clandestinos como “moto acompanhamento” ou agentes da lei para efetuar a famosa economia imediatista e pouco inteligente. “Sabemos que não existe escolta armada de motos no Brasil. Neste caso, quando for solicitado o sinistro, o contratante descobrirá de forma dolorosa a negativa do sinistro e no bolso.”
Para o diretor do SESVESP, estes problemas poderiam ser resolvidos com a conscientização de que a escolta armada não se trata apenas de custo e, sim, de proteção adicional que vai garantir em 97% que o produto ou mercadoria chegará protegido ao destino final, desde que efetuada por empresa regular e não clandestina.