O coordenador dos trabalhos de dragagem no Porto de Itajaí, Octavio Bertacin, admitiu que este é o serviço mais complexo que passou pelas suas mãos em mais de 37 anos de carreira ligada à dragagem portuária. A complexidade da obra é tamanha que, em determinados pontos, há berços com apenas quatro metros de profundidade e, logo ao lado, outros atracadouros estão com calado de até 18 metros, suficiente para receber os maiores navios do planeta.
“Esta obra é extremamente desafiadora e, para atender aos prazos solicitados pela Secretaria Especial dos Portos (SEP), nós tivemos de adaptar todo o maquinário disponível. Por contrato, a dragagem precisaria estar concluída até final de março, mas estamos compromissados a encerrar tudo no final de fevereiro, em um ritmo forte de atuação. Ainda em janeiro, o canal externo não terá mais problema. Mas, vou ser sincero. Nunca vi nada igual em porto algum como o que houve em Itajaí”.
Se tudo der certo e as dragas continuarem operando 24 horas por dia e sete dias por semana, o calado natural do Porto de Itajaí voltará, em pouco mais de 45 dias, a ser de 11 metros em sua bacia de evolução e canal de acesso interno e de 12 metros no canal de acesso externo. Isso permitiria a volta dos navios de contêiner ao segundo porto em movimentação de cofres do País e traria novamente as oportunidades de trabalho para os portuários avulsos catarinenses.
“Imaginávamos, no começo, atacar o porto em partes, mas essa não seria a melhor estratégia, por causa dos fortes estragos. Então, decidimos fazer tudo ao mesmo tempo. A situação não era precária, eu diria que era precaríssima no dia em que chegou a primeira draga. A natureza derrubou 600 metros de cais, ignorou tudo que existia no porto. O porto está totalmente desequilibrado, hidraulicamente falando. Nosso desafio é colocar esta parte em ordem, reequilibrar as coisas”.
Cerca de 100 homens, sendo 50% brasileiros e 50% chineses, estão trabalhando nas dragas Hang Jun 3001, com capacidade de retirada de 3 mil metros cúbicos de sedimentos, e Xin Hai Hu, que pode abrigar 13,5 mil metros cúbicos e é a maior em operação no Brasil, explica Octavio Bertacin, que trabalha na área de dragagem portuária desde 1971, é um dos especialistas mais renomados no assunto no Brasil e foi presidente da Dragaport durante 10 anos.
“Outro ponto complicado da dragagem de Itajaí é que não sabemos o que pode ser encontrado no fundo do canal. Podem vir lama, terra, árvores, escombros, galhos, blocos de concreto, lixo, tudo está enterrado no assoreamento. E quero aproveitar a oportunidade para esclarecer que não houve atraso algum nos serviços. O edital previa a chegada das dragas em 20 dias, porém entregamos cinco dias úteis após o anúncio da empresa vencedora”.
Fonte: PortoGente – www.portogente.com.br
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