A corrente de comércio brasileira, que é a soma das exportações e importações, cresceu 13,7% em 2018. As exportações alcançaram US$ 239,5 bilhões enquanto as importações registraram US$ 181,2 bilhões. O saldo comercial, que é a diferença entre as duas operações, ficou em US$ 58,3 bilhões, segundo melhor desempenho registrado desde 1989. Os dados foram publicados hoje pelo Ministério da Economia, órgão que seguirá com a divulgação periódica das estatísticas oficiais do comércio exterior brasileiro.
No ano de 2018, as exportações cresceram 9,6% e registraram a maior cifra dos últimos cinco anos. As importações aumentaram 19,7% e atingiram o maior valor desde 2014. A corrente de comércio foi de US$ 420,7 bilhões, superando em US$ 52 bilhões o resultado de 2017 e atingindo o maior valor desde 2014, quando somou US$ 454 bilhões.
Exportações
O aumento das exportações se deu pelo segundo ano consecutivo após sucessivas quedas entre 2012 e 2016. O valor de US$ 239,5 bilhões exportado em 2018 retoma os níveis de 2013, quando foram exportados US$ 242 bilhões.
Por fator agregado, houve crescimento das exportações de produtos básicos (17,2%, para US$ 118,9 bilhões) e manufaturados (7,4%, para US$ 86,6 bilhões), enquanto os produtos semimanufaturados registraram redução de 3,1% (para US$ 30,6 bilhões).
O crescimento das exportações é consequência tanto do aumento dos volumes embarcados (4,1% no índice de quantum), quanto dos preços (5,1%). As exportações de produtos básicos influenciaram o desempenho do índice quantum. Somente essa categoria de produtos cresceu 9,8% no volume embarcado, de acordo com o índice. Pelo mesmo critério, os produtos manufaturados aumentaram 2,6% e os semimanufaturados recuaram 4,6%. Vale ressaltar que o desempenho das exportações de semimanufaturados foi impactado pela forte queda de 40,6% (-22% em quantidade e -23,8% em preço) nas vendas externas de açúcar em bruto, na comparação com 2017, ano em que foram registrados volumes recordes (23,3 milhões de toneladas).
Os principais mercados de destino das exportações brasileiras tiveram desempenho positivo: China (US$ 66,6 bilhões, com alta de 32,2%); União Europeia (US$ 42,1 bilhões, +20,1%); e Estados Unidos (US$ 28,8 bilhões, +6,6%). A Argentina segue como principal parceiro comercial do Brasil na América Latina mas as exportações para aquele destino (US$ 14,9 bilhões em 2018) caíram 15,5% na comparação com 2017. A redução nas exportações de produtos do setor automotivo foi a que mais impactou a queda geral nas exportações para a Argentina.
Para a China, os destaques foram as exportações de commodities agrícolas e minerais: soja, petróleo em bruto, minério de ferro, celulose, carne bovina, ferro ligas, carne de frango, algodão em bruto, entre outros. Para a União Europeia também houve destaque para produtos básicos: farelo de soja, minério de ferro, celulose, café em grão, petróleo em bruto, soja, minério de cobre, entre outros. Já para os Estados Unidos, o aumento de 6,6% das exportações foi influenciado pelo crescimento das vendas de aço semimanufaturado, petróleo bruto, partes de motores de aviões, máquinas e aparelhos para terraplanagem. As exportações brasileiras para os EUA, em 2018, foram majoritariamente de bens manufaturados (cerca de 60%). Com isso o mercado norte-americano se consolida como o maior destino de produtos industrializados do Brasil.
Importações
As vendas externas brasileiras no total de US$ 181,2 bilhões em 2018 representaram um incremento de 19,7% em relação a 2017. O aumento se deu pelo segundo ano consecutivo, após quedas acentuadas de mais de 20% em 2015 e 2016, decorrentes da contração da demanda interna, principalmente da indústria. Em relação ao desempenho dos anos anteriores, o resultado de 2018 supera o registrado em 2015, quando foram importados US$ 171,5 bilhões.
Em 2018, houve aumento de importações em todas as grandes categorias econômicas: bens de capital (US$ 28,6 bilhões, +76,5%); bens intermediários (US$ 104,9 bilhões, +11,6%); bens de consumo (US$ 25,5 bilhões, +9,1%); e combustíveis e lubrificantes (US$ 22,0 bilhões, +24,9%). No ano, as importações foram majoritariamente (85%) compostas por combustíveis, insumos e bens de capital.
Os índices de quantidade e preço também influenciaram o desempenho anual das importações. O índice de quantum cresceu 13,5% enquanto que os preços aumentaram, em média, 5,7%. Os percentuais de crescimento das quantidades e dos preços são superiores aos de 2017 (quantum +6,4% e preço +4,0%). Em 2018, houve aumento do índice de quantum das importações de todas as categorias: bens de capital (82,7%); bens intermediários (5,2%); bens de consumo (9,1%); e combustíveis e lubrificantes (3,2%).
Os principais parceiros comerciais brasileiros nas importações correspondem aos das exportações: China (US$ 35,5 bilhões, +26,6%); União Europeia (US$ 34,8 bilhões, +7,9%); Estados Unidos (US$ 28,9 bilhões, +16,1%); e Argentina (US$ 11,1 bilhões, +16,7%).
Nas compras originadas da China destacam-se: insumos eletroeletrônicos, produtos químicos, fertilizantes e máquinas e equipamentos. Nas originadas da União Europeia ressaltam-se: medicamentos, autopeças, produtos químicos, automóveis de passageiros, derivados de petróleo, e máquinas e equipamentos. Os principais produtos adquiridos dos Estados Unidos foram: derivados de petróleo, medicamentos, produtos químicos e fertilizantes. Por fim, da Argentina, as maiores compras foram: veículos de carga, automóveis de passageiros, trigo em grãos, produtos químicos, autopeças, naftas, malte, leite, creme de leite e cevada.
Saldo
Em 2018, o Brasil registrou o segundo maior superávit comercial, US$ 58,3 bilhões. Ressalta-se que, embora o superávit tenha sido menor do que o de 2017 (US$ 67 bilhões), o desempenho geral do comércio exterior brasileiro supera o do ano passado, em razão do crescimento tanto das exportações como das importações. O aumento da corrente de comércio de 13,7% correspondeu a um crescimento nominal de aproximadamente US$ 52 bilhões – ou seja, de US$ 368,5 bilhões, em 2017, para US$ 420,7 bilhões, em 2018. Com isso, houve contribuição maior do comércio exterior na geração de renda e empregos no Brasil em 2018 que no ano de 2017.
Destaques
O desempenho favorável das exportações em 2018 representou recordes, em quantidade e valor, dos seguintes produtos: soja (83,8 milhões de tonelada e US$ 33,3 bilhões), óleos brutos de petróleo (58,7 milhões de toneladas e US$ 24,7 bilhões) e celulose (15,3 milhões de toneladas e US$ 8,4 bilhões). Destacam-se, ainda, os recordes em quantidades exportadas de: minério de ferro (389,8 milhões de toneladas e US$20,1 bilhões), farelo de soja (16,8 milhões de toneladas e US$ 6,7 bilhões), e suco de laranja (2 milhões de toneladas e US$ 1,3 bilhão).
Na chamada conta petróleo, que reflete o desempenho das exportações e importações de petróleo e derivados, observou-se em 2018 um superávit recorde de US$ 9,3 bilhões. Trata-se de crescimento significativo na comparação com o resultado de 2017: US$ 3,7 bilhões, recorde anterior. As exportações de petróleo e derivados cresceram em 47,1% (para US$ 31,3 bilhões), e as importações em 25,1% (para US$ 21,9 bilhões).
Em 2018, as exportações brasileiras de produtos manufaturados cresceram 7,4% (para US$ 86,6 bilhões). Este foi o terceiro ano consecutivo de alta das exportações dessa categoria de produtos.
Do lado da importação, merece destaque o aumento das aquisições de bens de capital, que cresceram 76,5% (para US$ 28,6 bilhões).
Tanto o desempenho das exportações de manufaturados quanto o das importações de bens de capital sofreram a influência de transações envolvendo plataformas de petróleo, ao amparo do REPETRO. Em todo caso, mesmo excluindo as operações de plataformas de petróleo, ambas as exportações de manufaturados e as importações de bens de capital seguem crescendo, respectivamente, +1,5% (para US$ 80,8 bilhões) e +25,0% (para US$ 18,9 bilhões).