Mas, segundo os representantes das empresas, alguns acontecimentos, além do aspecto econômico, podem obscurecer este crescimento, como as eleições e a realização da Copa do Mundo. Eles também falam sobre os rebocadores.
Esta é uma das edições de Logweb mais aguardadas, por conter matérias específicas sobre o segmento de empilhadeiras, abrangendo fabricantes, distribuidores, importadores e locadores. Além de tabelas, a cobertura compreende análise por parte dos representantes das empresas, falando sobre o que foi o ano que passou, as perspectivas e as tendências.
Novidade nesta edição também é a inclusão dos rebocadores, ao lado das empilhadeiras dos mais diversos tipos. Veja a seguir o que falam os representantes dos fabricantes de empilhadeiras.
2017
Ao analisar o ano de 2017 em termos de negócios, as opiniões dos fabricantes são até divergentes – mas calcadas no otimismo.
Por exemplo, Roberto Fernandes, administrador da Byg Transequip Indústria e Comércio de Empilhadeiras (Fone: 11 3583.1312), afirma que, devido à retração econômica e ao baixo nível de investimentos no ano de 2017, não foi possível um crescimento para empilhadeiras elétricas – e até de rebocadores – mas a empresa conseguiu manter os níveis de 2016. “Foi um ano difícil de trabalhar e manter os números dos anos anteriores por diversos fatores políticos e econômicos, principalmente, mas buscamos nos estabilizar o máximo, obtendo, assim, resultados positivos em relação ao mercado e nos estruturando para o aumento e a projeção esperados em 2018.
Também para a Hyster-Yale Brasil (Fone: 11 4173.4700), o ano de 2017 foi repleto de desafios, e mesmo assim, a empresa seguiu investindo no país, aumentando a gama de equipamentos em seu portfólio nacional. “Prevemos uma recuperação gradual da economia do país e por isso 2017 foi um ano em que nos dedicamos a aperfeiçoar nossos processos e investirmos cada vez mais na produção de equipamentos elétricos”, comenta Jessica Forti, diretora de vendas da empresa.
Henio Hissao Tamura, consultor especialista da Toyota Empilhadeiras (Fone: 11 3511.0400), também comenta que para a sua empresa, 2017 foi um ano de muitos desafios e, com certeza, de superação. “Já em 2016 prevíamos que seria o ano da reversão, o que se confirmou nos últimos meses, sendo o primeiro semestre bastante incerto e o segundo semestre com uma perspectiva mais clara sobre o desfecho do ano. A despeito dos efeitos sazonais, os níveis do mercado nos últimos meses confirmaram a recuperação do mercado.”
Tamura diz ainda que notaram, também, certo descolamento dos impactos da crise política na economia. Embora graves os noticiários acerca da corrupção, os impactos sobre a atividade econômica foram relativamente menores se comparados aos anos anteriores (2015/2016).
“Outro movimento que ficou também bastante claro em 2017 foi a consolidação do setor de movimentação de materiais com o setor de automação de armazéns e galpões (WMS)”, acrescenta o consultor especialista.
Como fabricantes locais, o fim do FINAME/PSI e também a conversão da TJLP retiraram do produto produzido localmente um grande diferencial de preço resultante do subsídio. “O grande desafio agora é reduzir custos de produção para ganhar competitividade em relação aos importados”, diz Tamura.
A Toyota, em âmbito global, adquiriu a Bastian Solutions e a Vanderlande, movimento semelhante realizado por suas concorrentes.
“Foi um ano bastante complicado, com um primeiro semestre retraído, porém com um final de ano acelerado, com os departamentos podendo gastar os budgts que ficaram guardados durante o ano”, completa Enéas Basso Junior, gerente da Eletrac Empilhadeiras (Fone: 11 4523.3890).
Henrique Antunes, diretor de vendas América do Sul da Byd do Brasil (Fone: 11 3514.2550), por sua vez, diz que o mercado iniciou uma retomada, ainda tímida, mais que tende a se repetir nos próximos anos, pois a indústria em geral postergou a renovação das frotas devido à baixa demanda, e com a retomada da produção esses equipamentos não conseguem atender as condições mais severas de trabalho.
Mauro Arrais, gerente de vendas da Clark Material Handling Brasil (Fone: 19 3856.9098), aponta que o segundo semestre de 2017 apresentou ligeira melhora nas vendas de empilhadeiras de forma geral, mantendo a tendência de aumentar a participação de vendas de máquinas elétricas sobre as vendas de máquinas com motor a combustão. Segundo Arrais, a Clark conseguiu um importante marco no segmento de máquinas elétricas em 2017, superando as expectativas de vendas e faturamento no ano.
Mais otimista, Vigold Georg, diretor geral da Jungheinrich no Brasil (Fone: 11 3511.6295), comemora o fato de no ano de 2017 o mercado ter se recuperado em relação a 2016, e a expectativa é que o volume de mercado tenha finalizado 2017 em torno de 50% a mais em relação a 2016. O marco em 2013 sempre será lembrado, quando o volume de mercado se concentrou em cerca de 24 mil equipamentos.
“O ano de 2017 mostrou sinais consistentes de recuperação econômica, os juros bem mais atrativos encorajaram os gestores a adquirir equipamentos. Para a SAS, que cresceu durante toda a crise, o ano de 2017 mostrou resultados muito bons, muitos concorrentes saíram do mercado nos anos anteriores, portanto, com a retomada da economia, mesmo que lenta, sobra espaço para empresas sérias e estruturadas crescerem”, avalia André Moraes de Oliveira, da SAS Indústria e Comércio de Máquinas – SAS Movimentação (Fone: 47 3308.2100).
E como será 2018?
Pelo que se notou nos comentários anteriores, os participantes desta matéria especial têm boas perspectivas com relação ao ano que se inicia para o segmento de empilhadeiras.
Antunes, da Byd do Brasil, acredita que o mercado fechou 2017 com crescimento e que em 2018 esse crescimento será maior. Ele é complementado por Arrais, da Clark Material Handling Brasil, cujas perspectivas são de melhora gradual das vendas em 2018, principalmente pela demanda reprimida de máquinas da classe V. “Esperamos um ano com um começo melhor, mas será um ano de muitas incertezas devido às eleições”, acentua, agora, Basso Junior, da Eletrac.
Oliveira, da SAS Movimentação, também atrela a realização das eleições aos resultados em 2018. “Temos expectativas de continuar crescendo em 2018, o cenário será muito instável em detrimento das eleições, porém acreditamos que será possível obter sucesso utilizando a mesma estratégia adotada durante a crise.”
Tamura, da Toyota Empilhadeiras, também lembra que 2018 será um ano bastante intenso, guiado pelas discussões eleitorais desde o registro das candidaturas em abril. Teremos ainda a Copa do Mundo no meio do ano.
“Considerando apenas os dados econômicos mais recentes, o prognóstico obviamente seria de um ano positivo. A grande incerteza está no tamanho do impacto da política na ainda incipiente recuperação da economia dos últimos meses. A produção local de empilhadeiras se concentrará na intensa busca pela redução dos custos de produção. Não vislumbramos quaisquer indicativos de incentivo governamental para os produtos fabricados localmente”, completa o consultor especialista.
Na verdade, o mercado ainda está muito sensível e para o primeiro semestre de 2018 há expectativa de termos um mercado muito parecido com 2017. “O cenário atual ainda apresenta um momento delicado, as indústrias reduziram muito sua capacidade produtiva e a retomada requer algum tempo. Mas apostamos na recuperação econômica e buscaremos alternativas em outros segmentos, cuja projeção de crescimento é de 10%, principalmente motivada pelo envelhecimento da frota nacional, projetos especiais, locações de equipamentos hidráulicos, contratos de manutenções preventivas/corretivas e locações de equipamentos hidráulicos, o que há algum tempo tornou-se tendência de mercado”, comenta Fernandes, da Byg Transequip.
Mais otimista em relação a 2018, Jessica, da Hyster-Yale, aposta em um cenário positivo e diz que a empresa projeta um crescimento de 10% a 15%, apesar dos eventos que irão direcionar o mercado no próximo ano, em grande parte devido às eleições presidenciais. “Há um grande potencial para o próximo ano na reposição dos equipamentos das frotas devido aos seguidos anos de baixa na economia.”
Tendências em elétricas
Os representantes das empresas fabricantes de empilhadeiras no Brasil também analisam as tendências em empilhadeiras elétricas sob dois tópicos.
Em termos do equipamento em si e da tecnologia embarcada – Neste aspecto, Antunes, da Byd do Brasil, ressalta que as baterias de lítio que já são utilizadas em 100% dos equipamentos Byd são, com certeza, a maior tendência dos próximos anos. “Nós dominamos essa tecnologia, mais a grande parte dos fabricantes de empilhadeiras ainda não.”
De fato, a diretora de vendas da Hyster-Yale diz que o grande desafio para as empilhadeiras elétricas está nas tecnologias de armazenar ou produzir energia de uma forma mais eficiente. “O grupo vem apostando nas novas tendências para este desafio em duas frentes. Em curto prazo, há um forte desenvolvimento para oferecermos a tecnologia de íon-lítio de forma mais viável, reduzindo o número de baterias necessárias para cada equipamento devido a sua tecnologia que permite cargas completas em menor tempo. Visando ao futuro e tecnologias mais sustentáveis, o grupo adquiriu em 2014 a Nuvera Tecnologia, que gera energia a partir de gás hidrogênio e, como subproduto, produz apenas calor e vapor d’água. Esta tecnologia é uma forma de nos posicionarmos com relação à preservação do meio ambiente e das causas climáticas.”
Oliveira, SAS Movimentação, também acredita que no futuro teremos maior quantidade de equipamentos com bateria de lítio no mercado. “É uma solução conveniente, está cada vez mais acessível em termos de preço e, portanto, é inevitável que uma fatia cada vez maior do mercado opte por essa tecnologia.” Outra tendência que deve se popularizar no mercado de empilhadeiras, ainda de acordo com Oliveira, é a “internet das coisas” – isso vem sendo implementado em vários segmentos da indústria e, sem dúvidas, é uma excelente ferramenta para controle da frota.
Tamura, da Toyota Empilhadeiras, também diz que a tendência para os próximos anos é de maior automação e eficiência energética – outros tipos de tração estão em desenvolvimento avançado, como a tecnologia dos híbridos.
Já de acordo com o administrador da Byg Transequip, um dos focos e tendências da empresa está voltado para projetos especiais, devido a uma grande necessidade de mercado em desenvolvimento de novos produtos automatizados e personalizados. “Procuramos aplicar tecnologias de ponta, como sensores e controladores de movimento, de modo a garantir segurança e produtividade dos usuários, com redução de custo operacional.”
Para Arrais, da Clark Material Handling Brasil, equipamentos com tecnologia embarcada não são mais diferenciais e, sim, algo indispensável em uma logística cada vez mais dinâmica – com todos seus (KPIs) a serem debatidos, gerar informação de qualidade é algo imprescindível. A empilhadeira não é mais uma ferramenta de movimentação e, sim, também de informação.
Em termos de mercado – Sobre as tendências em empilhadeiras elétricas em termos de mercado, Antunes, da Byd do Brasil, diz que o crescimento deste segmento, em 2018, tende a ser maior do que o observado em 2017.
“Não só a realidade da logística brasileira, mas a tendência que há mais de 10 anos vem da Europa e Ásia apontam para o crescimento do uso das máquinas elétricas. Os números europeus e asiáticos são de, em média, 40% de máquinas a combustão GLP e Diesel – na sua maioria, maquinas pesadas, acima de 7 toneladas – e 60% de máquinas elétricas. Além disso, há o esforço mundial para a diminuição de gás carbônico e incentivo ao uso de energia limpa – como crédito de carbono e outros. Com isso, tenho plena convicção que este cenário alcança o Brasil, e a tendência é que tenhamos cada vez mais empilhadeiras elétricas entrando nas operações brasileiras. Tendo em vista esta tendência, acompanhada por nós da Clark, é que decidimos estrategicamente neste momento pelo lançamento completo do nosso portfólio de maquinas elétricas, e que hoje já está bem pulverizado em vários setores da logística por todo o Brasil”, expõe Arrais, da Clark Material Handling Brasil.
Georg, da Jungheinrich, também diz que a participação das máquinas elétricas em relação ao volume de mercado é uma tendência que está se consolidando, pois até cinco anos atrás o mercado brasileiro tinha 50% de participação em empilhadeiras a combustão e, desde 2015, o volume de mercado está abaixo dessa porcentagem. Uma parte dessa movimentação é realmente por conta da troca de equipamentos a combustão por equipamentos contrabalançados elétricos, e a outra participação é a própria troca por equipamentos elétricos de forma geral, que garante a mesma performance e operação. Isso mostra que as empresas estão buscando novas alternativas. “Acreditamos que esta tendência seja contínua e sem volta, principalmente pelas questões ambientais e de saúde/segurança”, complementa Tamura, da Toyota Empilhadeiras.
Basso Junior, da Eletrac, também diz perceber um aumento na procura por empilhadeira elétrica – o mercado de combustão está se transferindo aos poucos para este modelo, acompanhando a tendência mundial.
“O mercado depende do desenvolvimento das tecnologias mencionadas no item anterior para a consolidação dos equipamentos elétricos. Uma vez que as tecnologias citadas se tornem acessíveis, a tendência é o mercado migrar para este tipo de equipamento que, apesar do custo de aquisição maior, apresenta custo operacional inferior, o que irá tornar viável este tipo de tecnologia progressivamente”, diz Jessica, da Hyster-Yale.
Tendências em a combustão
Interessante também é saber as tendências em empilhadeiras a combustão.
Em termos do equipamento em si e da tecnologia embarcada. – Arrais, da Clark Material Handling Brasil, diz que a sua empresa está alinhada com as últimas demandas do mercado brasileiro com o lançamento da família GTS, com máquinas com redução de consumo de combustível entre 10% e 15%, além de acessórios de segurança e ergonomia.
A diretora de vendas da Hyster-Yale também aponta lançamentos quando fala das máquinas a combustão. “O grande lançamento deste ano é a adoção dos motores PSI com o gerenciamento da relação performance x consumo. Em parceria com a PSI, a Hyster-Yale desenvolveu por mais de dois anos uma solução que permite a customização, exclusiva no mercado, do gerenciamento entre performance e consumo. Ou seja, em um pico de demanda permite que o mapeamento do motor privilegie a performance e, em uma baixa na demanda, permite que o motor seja mapeado para privilegiar a economia de combustível.”
Ainda segundo Jessica, devido à crescente nos custos dos combustíveis fósseis, a tecnologia de mapeamento dos motores GLP da Hyster-Yale traz é a única no mercado que visa uma melhor eficiência no uso dos combustíveis, permitindo a customização entre performance e consumo.
Para Tamura, da Toyota Empilhadeiras, as tendências em empilhadeiras a combustão em termos do equipamento em si e da tecnologia embarcada são as mesmas para as elétricas: maior automação e eficiência energética – outros tipos de tração estão em desenvolvimento avançado, como a tecnologia dos híbridos.
Em termos de mercado – Sobre as tendências de mercado para as empilhadeiras a combustão, Antunes, da Byd do Brasil, afirma que, devido ao aumento no preço dos combustíveis, a tendência é que esse mercado encolha e o de elétricas cresça, enquanto Basso Junior, da Eletrac, diz que este mercado ainda apresenta grande demanda, que, porém, vem diminuindo a participação.
Tamura, da Toyota Empilhadeiras, por sua vez, diz que o segmento de empilhadeiras a combustão ainda é o seu principal mercado, contudo já identificaram a dinâmica da recomposição do mesmo. “O mercado de máquinas a combustão deve recuperar parte da participação sobre as vendas totais de equipamentos à medida que os investimentos da indústria voltem à normalidade”, completa Arrais, da Clark Material Handling Brasil.
Finalizando, o diretor geral da Jungheinrich no Brasil diz que, como ainda existem muitos mercados que procuram e necessitam de empilhadeiras a combustão, para suprir essa lacuna, a sua empresa está trazendo para o país as novas máquinas a combustão da linha Ameise. “Dessa forma, seremos mais competitivos e atenderemos o mercado de ponta a ponta”, diz Georg.
E o mercado de rebocadores?
Sobre o desempenho do mercado de rebocadores em 2017, Antunes, da Byd do Brasil, salienta que, com a necessidade de redução de custos e otimização de processos, as empresas começaram a considerar mais rebocadores para diminuir o número de empilhadeiras. “A tendência deste segmento é de crescimento, com o maior uso desta solução por parte da indústria.”
De fato, Arrais, da Clark Material Handling Brasil, diz que os rebocadores se mostram importante alternativa para a movimentação de carga em grandes distâncias, produtividade e baixo custo. “Com a adição de tecnologia embarcada aos novos modelos, a missão dos rebocadores utilizados normalmente para abastecimento de linha de produção ganha novas tarefas entre a logística de materiais, otimizando o seu uso desde o recebimento até o despacho.”
E Georg, da Jungheinrich, também acredita que este é um segmento que pode ser melhor explorado em diversas operações e nichos. Existem diversos rebocadores a combustão em que a tecnologia não é fator relevante, entretanto as empresas precisam evoluir.
“A Jungheinrich recentemente lançou um rebocador de até 28 toneladas direcionado para as linhas aeroportuárias, entretanto esse tipo de equipamento também se apresenta para outros tipos de segmentos e nichos, como, por exemplo, a indústria automobilística. As empresas brasileiras ainda não exploram todo o potencial do uso dos rebocadores em suas movimentações diárias, talvez por ser uma tecnologia específica e não genérica, como outros tipos de equipamentos, porém deve ser levado em conta que o uso do veículo atende perfeitamente as suas necessidades”, finaliza o diretor geral da Jungheinrich no Brasil.