Falta mão-de-obra qualificada para grandes projetos cearenses

Sobram empregos e falta mão-de-obra qualificada no Ceará. As grandes obras em andamento e as previstas para o Estado podem ter que buscar fora daqui profissionais qualificados, o que prejudicaria a economia local.

Para evitar que isso aconteça está sendo colocado em prática um plano de ampliação do ensino técnico e tecnológico na Capital e no interior. As estratégias foram apresentadas pelo governo que também fez um balanço dos investimentos previstos.

Os investimentos são muitos e todos de grande impacto. Nos dois anos que restam do mandato do governador Cid Gomes, o foco já ficou claro: ação maciça nos projetos estruturantes. Encabeçam os planos do governo, duas obras de integração das bacias, o eixão, que deve inaugurar mais dois trechos até outubro, e o cinturão de águas, que vai interligar nove barragens.

Além deles, o plano envolvendo o complexo industrial portuário do Pecém, que prevê a construção um terminal de gás e um de múltiplo uso, e a aquisição de guindastes. O projeto tem orçamento parcial de 1,9 bilhão de dólares, mas a verba não está garantida.

No entanto, os mais importantes projetos do governo são a siderúrgica e a refinaria. Depois de um processo difícil e longas discussões sobre a implantação, a última delas envolvendo a escolha da matriz energética, já há uma data para o início da construção da siderúrgica: janeiro de 2009. Com um investimento total de US$ 6 bilhões, vai produzir 6 milhões de toneladas de aço por ano, tendo como base o carvão natural.

Já a refinaria tem a meta de beneficiar 300 mil barris de petróleo por dia. O início do projeto também está marcado para 2009 e os recursos necessários gravitam na casa dos US$ 11,7 bilhões, já garantidos.

A grande preocupação neste momento é com a formação da mão-de-obra que vai trabalhar nestes projetos de infra-estrutura. O Ceará hoje não tem pessoal qualificado para atender a demanda que se avizinha, principalmente, vinda das indústrias metal-mecânica e petroquímica.

Esse foi o mote da primeira reunião do Conselho Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação do Ceará, no Palácio Iracema. Com representantes dos setores públicos, esferas estadual e federal, e do segmento privado, além de federações relativas ao setor de ciência e tecnologia, discute o plano de ciência, tecnologia e inovação e as políticas públicas na área. A pauta mais urgente é o desenvolvimento de estratégias para reverter o problema da falta de mão-de-obra especializada.

Dos R$ 2 bilhões previstos para os projetos no Ceará, R$ 250 milhões são destinados à formação técnica. A expectativa é que o número de alunos do ensino médio nos centros de ensino tecnológico seja oito vezes maior que o atual.

O que o conselho não consegue responder ainda é se há tempo hábil para qualificar esse pessoal antes que o mercado comece a demandar mais profissionais.

 

Fonte: Revista Portuária