Ferrovias feitas há mais de um século continuam em funcionamento em Santa Catarina e ajudam no transporte de mercadoria até os portos. Além disso, são uma alternativa que diminui o número de veículos nas estradas do estado, como mostrou a terceira reportagem de uma série exibida pelo NSC Notícias.
Entre 1871 e 1912, o governo brasileiro autorizou mais de 10 projetos de ferrovias no estado. Quase nenhum saiu do papel. O professor de Economia da Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc) Alcides Goularti Filho diz que, nessa época, a economia catarinense não tinha a mesma força que tem atualmente e construir uma estrada de ferro não valia a pena.
“Ela é um negócio. E tem que ter rendimentos, tem que manter os seus custos. Para manter os seus custos, tem que ter fluxo e tem que ser fluxo intenso”, afirmou o professor.
A ferrovia Dona Tereza Cristina foi a primeira que com resultado positivo. Ela foi inaugurada em 1884. São 164 quilômetros, que ligam cidades da região Sul ao Porto de Imbituba, por onde passam 10 locomotivas todo dia. Nove delas são carregadas com carvão. O terminal portuário movimenta quase 22 mil toneladas de carga por mês.
Também há outra estrada de ferro antiga no estado, que é resultado do segundo projeto que vingou no estado: a Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande.
Foi inaugurada em 1910 e esteve no meio do impasse que levou à Guerra do Contestado. Atualmente, é operada por uma empresa privada. No estado, só tem acesso ao Porto de São Francisco do Sul, no Norte.
Em Lages, na Serra catarinense, passam quatro trens por dia, que transportam combustíveis e cimento.
De todas as cargas do estado, 80% viajam pelo asfalto em caminhões e carretas que podem levar até 90 toneladas. Apenas 7% vão pelos trilhos. “Você tem carros, você tem caminhões, você tem ônibus… Uma gama extensa de veículos disputando o mesmo espaço”, afirmou o gerente do Terminal Intermodal Sul, Marcelo Siqueira.
Um exemplo positivo está em Imbituba, onde 70% das mercadorias chegam de trem. Isso equivale a 1,6 mil carretas a menos circulando nas estradas.
Porém, a maioria dos portos catarinenses não tem uma ligação com ferrovias. Especialistas debatem se novas estradas de ferro seriam lucrativas economicamente. “Eu acho que a produção do Oeste ainda não vai conseguir sustentar uma ferrovia lucrativa”, afirmou o professor Alcides Goularti Filho. “A BR-101 já deu conta e foi duplicada para isso também, ela já está dando conta da integração portuária”, completou.
Para o presidente da Câmara de Transporte da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), Mario Cezar de Aguiar, as estradas de ferro seriam importantes para melhorar o preço das mercadorias catarinenses. A implantação da ferrovia litorânea, complementada pela ferrovia Leste-Oeste, ligando à malha ferroviária nacional, daria um poder de competitividade muito forte à nossa economia”.
Fonte: G1