Começa a parecer uma alternativa que pode baratear o transporte de cargas nas rodovias brasileiras, além de ajudar a despoluir o ar: é o gás como alternativa ao diesel.
Quase dois milhões de caminhões transportam a maior parte das cargas pelo Brasil, mas o combustível que eles usam, o diesel, além de poluente, é importado, e pesa no bolso dos caminhoneiros.
Mas tem caminhão diferente em que o combustível é o gás natural. Desde 2018, esse caminhão transporta suco de laranja de Matão, do interior de São Paulo, até o porto de Santos.
“Nós já estamos atingindo cem mil quilômetros rodados, performance excelente. A força do caminhão é bastante similar à força do caminhão a diesel. Eles vão estar disponíveis para a venda já no começo de 2020, para entregar a partir de abril”, disse Silvio Munhoz, diretor comercial da Scania Brasil.
O novo mercado de gás prevê a ampliação da oferta e a redução do custo do GNV em todo o país. Mas uma expansão mais rápida depende da rede de abastecimento nas rodovias.
“Esses corredores são as grandes estradas de escoamento de produção, onde, ao longo desses corredores, pode ir então instalando os pontos de abastecimento de gás e, naturalmente, esse mercado ele vai acontecendo”, afirmou Gabriel Kropsch, vice-presidente da Associação Brasileira de Biogás.
Outra alternativa de combustível para caminhões vem do lixo, mais precisamente do gás do lixo. Há dois anos, a Agência Nacional do Petróleo passou a considerar o biometano um combustível compatível com o gás natural.
Foi o suficiente para que o maior aterro sanitário do Brasil, situado em Seropédica, na Baixada Fluminense, recebesse o maior posto de beneficiamento e distribuição do biometano. O gás que sai de lá abastece veículos.
A empresa que opera o gás do aterro já fornece biometano para dez postos de combustível do Estado do Rio. A meta agora é adaptar a própria frota.
“Não só os nossos caminhões, mas também os caminhões das empresas que trabalham aqui ao redor, até o final do ano estarão trabalhando com o kit gás e teremos uma frota de, aproximadamente, 30 veículos”, explicou Eduardo Levenhagen, diretor da Gás Verde S.A.
Se fosse possível aproveitar todo o gás do lixo e de resíduos agrícolas no Brasil, daria para atender a 38% da demanda de energia elétrica ou substituir 70% de todo o óleo diesel que hoje é queimado em veículos e nas térmicas.
“50% dos ônibus urbanos novos vendidos nos Estados Unidos são a gás; 60% dos caminhões de lixo são a gás – os novos sendo vendidos. Existe uma frota existente que está sendo renovada. Então é uma coisa que está avançando”, afirmou o vice-presidente da Associação Brasileira de Biogás.