Golar Power Latam firma parceria com Alliance GNLog para abastecimento e distribuição de GNL no Brasil

A Golar Power Latam – joint venture formada entre a norueguesa Golar LNG e o fundo Stonepeak -, líder no mercado de GNL no mundo, firmou parceria com a Alliance GNLog, empresa de logística que conta com uma frota de caminhões movida exclusivamente a Gás Natural Liquefeito (GNL), marcando o início das atividades da Golar como supridora do combustível para veículos pesados e em operações small scale (Golar SSLNG). Por meio da parceria, a Golar fornecerá o combustível, enquanto a Alliance GNLog fará o transporte do gás para os clientes industriais da companhia, além de prestar serviços de transporte de cargas gerais a outros clientes, que demandam uma operação moderna, sustentável e econômica. Os primeiros quatro veículos da marca Shacman já estão em solo nacional, cumprindo uma agenda de homologação e testes.

O anúncio da parceria acontece nesta segunda-feira (9/12), em Aracaju (SE), durante a cerimônia de instalação do Fórum Sergipano de Petróleo & Gás (FSP&G), com a presença do governador do estado Belivaldo Chagas, de representantes da Golar LNG, além de organizações internacionais do setor. Durante o evento, vão ser apresentadas as potencialidades das Centrais Elétricas do Sergipe (Celse), empreendimento do qual a Golar é sócia e que contempla uma usina termelétrica a gás acoplada a um terminal de regaseificação, em Barra dos Coqueiros (SE), com capacidade de processamento de 21 milhões m³/dia. O terminal será o primeiro de uma empresa privada no país e já é considerado o maior da América Latina.

Ainda hoje, também serão assinados o protocolo de testes dos caminhões com a indústria alimentícia Maratá, e o contrato com a Sergas (concessionária local de gás), que visa estabelecer uma rede local de distribuição de gás por meio terrestre, aproveitando a estrutura de armazenamento do Gás Natural Liquefeito que está sendo implantada pela Celse.

Segundo o CEO Global da Golar Power, Eduardo Antonello, o evento de instalação do Fórum, do qual a empresa participa como parceira, marca o início do projeto de implantação da infraestrutura para a distribuição do GNL rumo ao interior do país. É o início do projeto dos chamados “Corredores Azuis”, amplamente utilizados na Europa para abastecimento de veículos de carga, fomentando um combustível mais limpo e econômico em substituição ao diesel.

“Com a abertura do mercado promovida pelo governo federal e as recentes mudanças no marco regulatório do gás, vamos ter um cenário extremamente favorável para reduzir a dependência da importação do diesel e promover a “interiorização” do GNL, já que esse energético pode ser facilmente transportado para regiões que ainda não contam com gasodutos”, analisa Antonello, ressaltando que a Golar pretende ser uma indutora do crescimento industrial no país.

Complexo integrado de GNL

Terminais de GNL e caminhões movidos a esse combustível se complementam, na medida em que o Gás Natural Liquefeito possibilita o transporte de uma quantidade superior de produto, em pequeno volume, numa operação conhecida como small scale. Para dar uma ideia da eficiência, essa dinâmica de resfriamento do gás permite reduzir o seu volume em até 600 vezes. Com isso, a Golar pretende aproveitar a estrutura de armazenamento dos terminais de GNL do país, e levar o Gás Natural Liquefeito em pequenas embarcações, numa operação chamada de “cabotagem”, e depois em terra, em caminhões com ISO-Containers de GNL.

A primeira frota e os “corredores azuis”

Nesta fase inicial, serão instaladas duas unidades móveis de abastecimento de GNL da Golar, já autorizadas pela Agência Nacional do Petróleo e Biocombustíveis (ANP), uma em Sergipe e a outra em São Paulo. A Alliance GNLog irá executar nos próximos meses testes de rodagem e uma série de demonstrações para potenciais clientes, como Maratá e AmBev. A expectativa é que haja forte aderência do mercado ao novo combustível e aos novos caminhões, resultando na importação de mais unidades num curto prazo e a expansão de pontos de abastecimento, não só ao longo dos “Corredores Azuis”, como também em instalações dedicadas nas bases de clientes, contando também com suporte técnico personalizado.

A Golar Power, por meio da SSLNG, seu braço operacional de small scale no Brasil, pretende implantar, já nos próximos meses, os primeiros “Corredores Azuis” para abastecimento de veículos a gás nos moldes dos que já existem na Europa. Lá, a malha é composta por quatro corredores principais, com mais de 10 mil quilômetros de vias que atravessam mais de 15 países, e servem a ônibus e caminhões em rotas como Estocolmo – Lisboa. O GNL é preferencialmente usado em veículos pesados, resultando em benefícios econômicos, ambientais e para a saúde pública.

O projeto para o Brasil prevê a instalação de 35 postos de abastecimento, em 11 eixos de corredores rodoviários por onde há intenso fluxo de transporte de carga e escoamento da produção agrícola. No mapeamento prévio da Golar foram definidos os corredores que passam pela região Sudeste e Sul (São Paulo – Rio de Janeiro; São Paulo – Belo Horizonte; São Paulo – Curitiba; São Paulo – Campinas); Sudeste e Nordeste (São Paulo – Feira de Santana); e ainda: Mato Grosso (entre Sinop e Rondonópolis); Mirituba (PA); Paranaguá (PR); Boa Vista (RR) – Manaus (AM); Porto de Itaqui (MA) – São Luiz (MA); e Barreiras (BA) – Salvador (BA).

As vantagens do GNL frente ao diesel

O mercado brasileiro de diesel é de aproximadamente 48 milhões de toneladas por ano, equivalente a aproximadamente 2 bilhões/ MMBTU por ano. De acordo com estudos da Golar, cada USD/ MMBTU economizado com a mudança para GNL acarreta economia de U$ 2 bilhões por ano. Para Marcelo Rodrigues, vice-presidente executivo da Golar Power, utilizar o gás no transporte traz inúmeras vantagens, como potencial redução no preço do frete e impacto direto na inflação.

“Calculamos, ainda, redução de mais de R$ 3 bilhões/ano com despesas do setor de saúde nos centros urbanos devido à redução do nível de emissão de partículas sólidas, e impacto positivo de R$ 5 bilhões na balança comercial, visto que o Brasil contaria com um combustível mais barato (GNL) no lugar do diesel, que hoje precisa ser importado em uma proporção de 25% do total do volume consumido no país”, explicou Marcelo.

O uso do GNL nesses moldes já é realidade na Europa, nos EUA e na China, que conta atualmente com uma frota de mais 300 mil caminhões movidos a GNL. “Enquanto o Brasil se prepara para a nova onda, a China hoje já movimenta mais GNL em caminhões do que o Brasil consome através de dutos, e metade disso é justamente usado para abastecer a frota de caminhões movidos a GNL”, ressalta o diretor-geral da Alliance GNLog, Ricardo Rezende.