A holding Hexing abriu ontem ações na Bolsa de Valores de Xangai e cerca de 30% do que for captado dos resultados serão aplicados na fábrica brasileira, Eletra Energy, instalada no Eusébio. “Está é a expectativa”, afirmou o diretor presidente da empresa Danilo Coimbra durante a inauguração oficial da unidade brasileira. “Lançamos a oferta pública e isso vai nos ajudar a captar mais recursos para investimentos no Ceará”, informou. O evento contou com a presença do governador Camilo Santana e autoridades estaduais e municipais, além do vice-presidente da Hexing, Cheng Rui.
De acordo com Coimbra, a indústria, que contou com investimento de R$ 52,5 milhões, está em funcionamento há dois meses e gera 650 empregos diretos, quer investir e diversificar o negócio no Estado. “Trazer geração distribuída e soluções para medição de pré-pago. Já temos um galpão pronto com mais de 5 mil m² pensando em expansão e negócios futuros”, disse.
Capacidade de produção
Atualmente, a fábrica tem capacidade para produzir até 500 mil medidores de energia elétrica por mês e atende 60% do mercado interno e a Bolívia. Em 2016, a Eletra comercializou 2,5 milhões de medidores e espera 3 milhões no próximo ano.
“É possível que a capacidade aumente com a parceria que estamos estudando com a Zona de Processamento de Exportação do Ceará (ZPE) para atender toda América Latina”, disse. Um estudo para instalação de nova unidade no Pecém já está sendo feito e diálogos entre Eletra, Hexing e ZPE estão em andamento.
O governador Camilo Santana comemorou a instalação da unidade fabril, pois é a primeira empresa do protocolo de intenções assinado entre Brasil e China a se concretizar.
“Hoje se torna realidade. E o Ceará foi escolhido para sediar esta empresa”, comentou. Ele também ressaltou que entre os impactos para o Estado estão a modernização da tecnologia para o desenvolvimento das placas que exige uma mão de obra qualificada. “O Ceará vira uma referência num polo deste segmento”. Camilo destacou, ainda, a importância da indústria projetar uma unidade na ZPE.
Incentivos e diferenciais
O governador informou que esta semana assinou um convênio com o Banco do Brasil para as empresas que buscam financiamentos para se instalarem na ZPE. O governador reforçou a importância dos bancos disponibilizarem financiamentos para expandir e ampliar estes novos mercados.
A localização estratégica e proximidade com alguns centros, como América Latina, América Central e Europa, e os incentivos fiscais foram fatores que atraiam a instalação da unidade fabril no Ceará.
“A produção é toda verticalizada e por mais que o capital seja chinês a mão de obra é local”, destacou Coimbra. Atualmente, do quadro total de funcionários, 51% são mulheres. Para o próximo ano mais 170 vagas serão disponibilizadas na unidade localizada no Eusébio.
Impressões
O vice-presidente da Hexing, Cheng Rui, reforçou que novos negócios estão previstos para o Brasil, como energia solar, iluminação pública e automação para distribuição de energia. “No Ceará, como a fábrica é nova tem muita coisa para ser otimizada, serão colocadas mais máquinas e investimentos para produtos”, ressaltou.
A titular da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE), Nicole Barbosa, avalia ser muito boa a nova fase da Eletra no Estado, pois traz muita tecnologia. “Antes importávamos a placa pronta da China, agora são só os componentes”. Ela acredita que as coisas vão melhorar em 2017 e disse focar na atração de empresas de alta tecnologia para o Estado.
Expertise chinesa
O assessor para Assuntos Internacionais do Estado, Antonio Balhmann, reforçou que esta instalação tem um simbolismo, pois foi uma aposta que o Governo do Ceará fez neste grande emissor de capital que é a China. “Significa termos uma fábrica com padrão chinês, que é verticalizada e produz praticamente todos os seus componentes”, explicou.
Na opinião do presidente da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) Ceará, Mário Lima pela Eletra ter parceiros internacionais, que estão voltados para países da América Latina, é viável que uma unidade se viabilize na ZPE. Uma visita deve acontecer em dezembro no local. “É necessário que primeiro ela venha para Estado e isso já é uma realidade”, constatou. Ele acredita que outras empresas da cadeia de abastecimento devem se instalar também.
Para o presidente da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), Ferruccio Feitosa, a chegada da empresa de alta tecnologia é uma satisfação, pois ela é a única do País a fazer este produto. “Não tenho dúvidas que após recebermos esta empresa outras abrirão os olhos para vir para o Ceará”, declarou.
Fonte: Diário do Nordeste