O grupo de saúde Hapvida comprou o São Francisco por R$ 5 bilhões, em um passo para a expansão da companhia para além do Nordeste e Nordeste. Do total, R$ 4,75 bilhões serão pagos em dinheiro e o restante em ações da companhia. Os acionistas do São Francisco terão 1,2% dos papéis da Hapvida.
A Hapvida, sediada em Fortaleza, e abriu capital em Bolsa em abril do ano passado. Além do caixa próprio, a Hapvida vai emitir R$ 2 bilhões em debêntures (dívida) para financiar a operação.
Sobram R$ 500 milhões em caixa na empresa, disse o diretor financeiro, Bruno Cals. Segundo o presidente-executivo, Jorge Pinheiro, o plano da empresa para os recursos levantados era justamente a expansão da operação.
Com a incorporação, a Hapvida terá 6 milhões de clientes e passará a atuar também no Centro-Oeste e Sudeste, onde o São Francisco tem operações. A Hapvida abriu um hospital em Joinville, a primeira operação na região Sul.
A compra ainda depende de aprovação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Pinheiro enfatizou a jornalistas que não há sobreposição de mercados em que as empresas atuam, por isso acredita em uma aprovação rápida dos órgãos. “Não há sobreposição nenhuma de usuários, o direito do consumidor está preservado”, afirmou.
A companhia disse esperar ampliar o mercado potencial de 14 milhões de clientes, ante os 7 milhões no ambiente Norte e Nordeste. Nesse número estão incluídos apenas atuais clientes de planos de saúde em outras operadoras.
A Hapvida construiu seu modelo de negócio oferecendo planos de saúde com atendimento verticalizado. Isso significa que a maior parte dos atendimentos são feitos em consultórios e hospitais próprios.
Já a São Francisco adota dois modelos: de verticalização e também de maior uso de rede conveniada. Segundo a Hapvida, o conhecimento nessa forma de atuação deverá auxiliar na expansão futura em municípios pequenos e médios.
Após essa aquisição, a Hapvida afirmou que continuará a fazer novas aquisições. “O São Francisco vinha num ambiente de aquisições, e a gente também tem o nosso pipeline”, afirmou Pinheiro. O executivo acrescentou ainda que o modelo de negócio da empresa se provou resiliente para atravessar a crise econômica.
O mercado de planos de saúde tem atualmente cerca de 47 milhões de clientes, abaixo do recorde de 50 milhões. Pinheiro reforça ainda que as empresas ainda não voltaram a contratar, apesar de um início de recuperação da economia. “Nosso modelo tem se mostrado mais resiliente em função da nossa precificação”, afirmou.