Joelma Gouveia é a primeira mulher vice-presidente de Supply Chain da Kimberly-Clark na América Latina (Fone: 0800 709.5599). Ela está na empresa há seis anos, onde também trabalhou como diretora de Suprimentos, diretora de Compras e diretora Sênior Global de Compras. Joelma tem mais de 20 anos de experiência multinacional em Supply Chain nas principais áreas funcionais, incluindo produção, planejamento, distribuição e compras. Anteriormente, trabalhou na Unilever e já morou na Holanda e nos Estados Unidos.
Nesta entrevista especial para a Logweb, Joelma fala sobre a Logística da Kimberly-Clark e também do mercado de trabalho, sobretudo com uma visão sobre a atuação das mulheres, neste segmento onda a maioria dos profissionais é formada por homens. Acompanhe.
Kimberly-Clark
Fale sobre a área de Supply Chain da Kimberly-Clark na América Latina.
Nós operamos na América Latina através de uma rede de mais de 40 instalações, incluindo produção e distribuição. Esta rede abrange locais de propriedade da Kimberly-Clark e instalações utilizadas em regime de locação em 18 países da região, incluindo Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, América Central e Caribe.
A empresa opera com frota própria ou terceirizada? Por quê?
A Kimberly-Clark tem orgulho em estabelecer parcerias com operadoras de frota externas na América Latina que são especializadas em determinados países e têm grande conhecimento do mercado local. Isso nos permite ser mais ágeis, flexíveis e rentáveis para que possamos oferecer um serviço superior ao cliente. Em toda a América Latina, temos parcerias com mais de 100 operadoras e atendemos mais de 14.000 clientes.
Como a área de Supply Chain opera?
A cadeia de suprimentos da Kimberly-Clark é uma das maiores funções da empresa. É composta por áreas-chave de especialização, incluindo Compras, Produção, Logística, Qualidade, Segurança e Sustentabilidade.
Há uma logística separada para cada produto? Explique.
Utilizamos a mesma operação de logística para os nossos produtos e marcas. No entanto, existem algumas particularidades entre o nosso negócio direcionado ao consumidor e aos nossos clientes corporativos, tendo em vista que as necessidades desses dois públicos são diferentes. Por exemplo, hotéis e restaurantes tendem a encomendar produtos com mais frequência em comparação com supermercados. Aproveitando a expertise da nossa operação logística, somos capazes de atender às necessidades de ambos de forma ágil e rentável.
Qual o papel da tecnologia neste setor?
A tecnologia é fundamental para a nossa cadeia de suprimentos. O mundo está em constante mudança, bem como as necessidades e preferências de nossos clientes e consumidores. Eles querem mais variedade, mais rapidez. Isso significa que precisamos de soluções tecnológicas que tragam mais automação, rastreamento em tempo real e melhorem a nossa visibilidade da cadeia de suprimentos no que se refere aos meios de transporte e às plataformas digitais. Isso também significa que devemos investir em tecnologias que nos permitam conferir mais precisão ao nosso processo de previsão, otimizar nossos armazéns e melhorar nossa rede de distribuição e custos.
Quais os maiores desafios enfrentados pela logística da empresa?
Alguns dos desafios na América Latina são, muitas vezes, de infraestrutura para longas distâncias e regulamentação. Para ajudar a superar esses desafios, nós fazemos parcerias com distribuidores e criamos hubs logísticos com o intuito de garantir a disponibilidade de nossos produtos e altos padrões de atendimento ao cliente.
Quais os projetos da empresa na área de Supply Chain?
A Kimberly-Clark está em uma jornada para construir um modelo global e integrado de Supply Chain que entregue inovação, eficiência e agilidade da origem do produto até a prateleira. Isso significa que estamos investindo em todos os aspectos de nossa cadeia de suprimentos, como nossos ativos, para trazer mais inovação e competitividade. Estamos implementando iniciativas para melhorar nossa velocidade de abastecimento, realizando parcerias com fornecedores para destravar a inovação e implementando novos padrões de qualidade, segurança e sustentabilidade. Esta tem sido uma das maiores transformações em nossa história e estou orgulhosa de como isso tem nos ajudado a alcançar nossa visão de liderar o mundo no que é essencial para uma vida melhor.
Lado profissional
Em 2004, de forma pioneira, a Logweb já tratava do papel da mulher na logística (tinyurl.com/y5pqfbym). Naquela época já se falava dos “preconceitos” por ser uma área onde a maioria da força de trabalho é masculina. Isto mudou, ou ainda persiste?
Estou começando a ver a mudança na indústria de uma forma positiva, mas definitivamente há oportunidades para melhorar o equilíbrio de gênero. Acredito que isso levará empresas como a Kimberly-Clark a serem o exemplo para os comportamentos e as mudanças necessárias. Por exemplo, sabemos que nossos principais compradores e consumidores são mulheres. Elas controlam US$ 20 trilhões em gastos anuais de consumidores globalmente e tomam 83% das decisões de compra de bens de consumo. Por isso, é fundamental que tenhamos uma força de trabalho diversificada e que reflita as mulheres que usam nossos produtos. Como resultado, notei uma grande mudança na diversidade de nossa força de trabalho da área de Supply Chain nos últimos três anos. Temos uma mulher liderando a área global de Supply Chain da empresa, que iniciou um movimento para uma maior diversidade. Na América Latina, vimos um aumento de 17,5% na presença de mulheres, o que é um sinal positivo de que as coisas estão começando a mudar. Como a primeira vice-presidente mulher de Supply Chain da América Latina, terei orgulho de continuar defendendo maior mudança e equilíbrio.
O salário das mulheres no setor é igual aos dos homens? Explique.
Pesquisas mostram que ainda existem desigualdades salariais entre homens e mulheres. Isso é algo que precisa mudar em nosso mercado. Está provado que diversidade e inclusão trazem maior crescimento e resultados para todas as empresas.
O que precisaria mudar no setor de logística para facilitar a atuação das mulheres?
Eu acredito que funciona como um círculo virtuoso. Quando as mulheres veem outras mulheres como líderes em Supply Chain, sua confiança aumenta porque elas percebem que é possível ter uma carreira de sucesso na área, e há um modelo a ser seguido.
Mas, para essa mudança de mentalidade, é importante que as empresas criem programas que possam trazer flexibilidade a todos os funcionários, como política de home office e Short Friday, o que pode proporcionar um maior equilíbrio entre os pais para cuidar de seus filhos, permitindo que as mulheres invistam em suas carreiras. Isso também significa que as empresas devem investir em educação, o que vai permitir que mais mulheres entrem no mercado de trabalho com as melhores habilidades.
Fale sobre as iniciativas da Kimberly-Clark para ampliar a presença de mulheres em seu departamento de Supply Chain.
Diversidade e inclusão são fundamentais na Kimberly-Clark. A empresa possui vários programas voltados para as mulheres. Para construir educação e experiência, oferecemos iniciativas de desenvolvimento de liderança, programas de mentoria reversa e grupos de recursos para funcionários. Também realizamos treinamentos de “Preconceito Inconsciente” e “Semanas de Inclusão” para quebrar estereótipos.
Para criar uma cultura inclusiva para mães e pais que trabalham, oferecemos uma gama de benefícios progressivos, como horários de trabalho flexíveis e home office. Para apoiar nossas mães que estão amamentando, lançamos recentemente um programa financiado pela empresa para que elas enviem seu leite materno para seus bebês quando estão longe de casa a negócios. As mães que amamentam também podem viajar a trabalho com seus bebês e um acompanhante.
Quais as habilidades exigidas do profissional da área, independentemente do sexo?
Acredito que é importante que as pessoas tenham experiências diversas que lhes permitam oferecer uma visão integrada e estratégica do negócio, e não apenas uma única habilidade. Também é importante ter pensamento crítico, que permita lidar com as complexidades do nosso setor, e um forte senso de liderança.