Como exemplo bem-sucedido de uso da tecnologia RFID, podemos citar a Livraria Byblos, localizada em Lisboa, Portugal. Ela é considerada a maior do país, com 3.300 m2, e a primeira do mundo que integra RFID em todas as suas vertentes operacionais. Por isso, transformou-se numa referência mundial para o setor livreiro, recebendo visitas de diversos especialistas e empresas de todo o mundo, como é o caso da K&D Tecnologia (Fone: 51 3366.0947), provedora gaúcha de soluções em RFID, que, por meio do diretor, Afrânio Kieling, e de André Resende, da área de projetos, conta a experiência para a revista Logweb.
Todos os livros que chegam à Byblos recebem um reader – uma espécie de identificação eletrônica – e, desde então, passam a ser controlados por radiofreqüência. O cliente escolhe seu produto pelo terminal, imprime a localização e retira o livro no local indicado. No caixa, a leitura é feita automaticamente pelo RFID, que dá essa informação ao software do PoS (Point of Sale) e registra a venda.
Na saída, depois do pagamento, o sistema já identifica que o livro foi vendido e não o acusa nas antenas antifurto localizadas na porta da livraria. Cada livro tem um chip com todos os dados do produto, como valor e entrada no estoque. “As prateleiras também têm controle, são equipadas com antenas e chip. Com isso, tem-se uma prateleira inteligente e um livro inteligente”, salienta Kieling.
Outra inovação é a estante robotizada, que tem capacidade para 60 mil livros. Busca-se na estante o livro que pretende adquirir e ela entrega os volumes.
No caso do inventário, o inventariante utiliza o leitor para ler a prateleira e os livros – dessa forma, associa os livros à prateleira, fazendo o correto controle de inventário da livraria, conta Resende. Como o inventário e a localização dos produtos são realizados em tempo real, os clientes, por meio de um dos 40 quiosques espalhados pela livraria, sabem exatamente a localização dos mais de 150.000 itens distribuídos pela Byblos.
Estudos
Em entrevista à revista portuguesa Semana Informática, Rui Gaspar, chefe de operações (Chief Operanting Officer – COO) da Byblos, e um dos responsáveis pela idealização do projeto, revela que estudou as soluções e a forma de fazer negócio das melhores livrarias do mundo, tendo-se deslocado aos Estados Unidos, Brasil, Japão, Alemanha, Inglaterra e França para visitar algumas das livrarias de referência mundial.
Um dos problemas para a efetivação do projeto foi o mobiliário. Segundo Gaspar, ele tinha de ser exclusivo, ter um design único, ser capaz de fazer enquadramentos e de suportar RFID.
Em seguida, foram identificados problemas com a logística, ou seja, em relação à gestão de estoques e às entradas e saídas de livros. Isso porque, além da gestão normal de uma livraria, que envolve repor os livros vendidos, devolver os que resultaram de consignações, campanhas e outros, chegam mais de 1.000 ou 2.000 novos títulos, que correspondem a 100, 200, 500 exemplares de cada. De acordo com Gaspar, para evitar confusões, havia duas possibilidades: ou se contratava muitas pessoas para repor os livros e localizá-los nas áreas respectivas ou se arranjava uma fórmula para resolver esta situação. E a solução estava na tecnologia.
O processo de integração tecnológica na Byblos não foi fácil porque ainda não existia no mercado tecnologia que possibilitasse implementar de forma integrada este projeto. Ao todo 12 empresas se envolveram no projeto, que teve sempre como objetivo a unificação de diferentes tecnologias, criando uma livraria totalmente informatizada, tendo como ponto de partida o RFID.
Gaspar conta que, em maio do ano passado, reuniram-se cinco empresas vindas dos Estados Unidos, Holanda e Portugal, fornecedores de software e hardware e empresas de desenvolvimento de software para tentar definir um projeto que viabilizasse a integração do RFID tal como os responsáveis da Byblos o tinham idealizado. Como não era possível realizar o projeto, a livraria teve de fazer algumas concessões e chegou a um entendimento com estas empresas para desenvolver software e hardware para suportar o projeto.
Um dos problemas associados a este projeto tecnológico era o seu pioneirismo, o que obrigou a idealizar todos os processos e produtos de raiz. Não se tratava só de uma questão de programação; estava associado a todo o conjunto de processos existentes numa livraria normal, desde a contabilidade até a logística, e a forma como toda essa tecnologia se integrava para prestar um serviço único ao cliente, ao mesmo tempo em que minimizasse os custos da livraria, garantindo ganhos de eficiência e acelerando processos de negócio.
O resultado final deste projeto foi o desenvolvimento de vários produtos novos. Gaspar explica que a PHC, empresa parceira no projeto, conseguiu um software quase de raiz de gestão e logística integrado com RFID, o BPN desenvolveu um sistema integrado de pagamento com a NetPay, que não existia em Portugal, e a Creative System desenvolveu um software de RFID que não existe em lado nenhum.
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