Localfrio reestrutura operação, capta R$ 100 milhões e planeja investimentos

A Localfrio, uma das maiores companhias de logística do mercado brasileiro, com 66 anos de história, está colocando em marcha um ambicioso plano de reestruturação de suas operações. A companhia trocou o management, trouxe o executivo Thomas Rittscher, ex-diretor executivo da Wilson Sons Logística, para comandar os negócios, e acaba de fechar a captação de R$ 100 milhões por meio de emissão de Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI), para alongar dívidas de curto prazo e iniciar um novo ciclo de investimentos.

Originalmente focada no segmento de armazéns frigorificados e terminais alfandegados, a Localfrio planeja ampliar suas atividades e passa atuar como um operador logístico completo, com soluções integradas para grandes e médias empresas. “Nesta nova fase, estamos focados na identificação de oportunidades e geração de valor para clientes com operações nas cadeias logísticas de comércio exterior e supply chain” diz o executivo.

O CRI emitido em operação coordenada pela BR Partners envolveu dois armazéns de propriedade da empresa. Os ativos vão compor uma carteira de aluguéis a receber pelo período de 12 anos, com papéis negociados na B3. Ao final do contrato, os ativos retornam para a Localfrio. Os recursos levantados serão usados para transferir e alongar a dívida de curto prazo de R$ 65 milhões e sustentar novos investimentos da empresa.

As operações da Localfrio estão concentradas em São Paulo, Santa Catarina e Pernambuco. São 6 unidades operacionais, sendo 4 terminais alfandegados, totalizando 430 mil metros quadros de área disponível.

A Localfrio é única empresa do setor com terminais alfandegados localizados nos principais hubs marítimos de comércio exterior no país. A companhia se destaca ainda por ser dona do único terminal alfandegado frigorificado do Porto de Santos. A companhia é um dos maiores operadores logísticos de produtos químicos do país e, no porto de Suape, detém a liderança de cargas de projeto para grandes parques eólicos do Norte e Nordeste.

Graças a seu histórico de armazenagem de cadeia fria, 35% das cargas armazenadas pela Localfrio são de alimentos refrigerados, medicamentos e produtos químicos. Outros 31% estão concentrados em bens de consumo. E a companhia avança em celulose, papel, partes de equipamentos industriais e produtos de metalurgia.

Com a mudança de atuação, a Localfrio quer chegar a R$ 1 bilhão de faturamento em 5 anos. A companhia fechou 2019 com R$ 313,4 milhões de faturamento, valor ligeiramente superior aos R$ 312,6 milhões registrados em 2018.

Os serviços de terminais alfandegados respondem hoje por 70% da receita e 30% vêm do transporte e logística integrada. “Com o foco em projetos mais complexos, vamos aumentar para 50% a participação das operações de logística integrada e transporte em 5 anos”, aponta Rittscher.

Os primeiros movimentos já começam a surtir efeito. A Localfrio desenvolveu e conquistou este ano, entre outros, o projeto logístico de exportação de três plantas industriais da Klabin, em Santa Catarina. “Estamos apostando em soluções customizadas para reduzir o custo logístico de nossos clientes e expandir nossa atuação”, diz Rittscher.

As mudanças estratégicas da Localfrio começaram a ser gestadas no final de 2017 com a contratação da consultoria especializada em reestruturação de empresas. Em 2018, com a chegada de Rittscher, 70% do quadro gerencial da Localfrio foi substituído e companhia começou sua guinada para disputar o mercado de logística integrada.

Os resultados já começaram a aparecer. Depois de apresentar Ebitda (lucros antes de impostos, juros e amortizações) próximo de zero em 2017, o indicador cresceu para R$ 29,8 milhões em 2018. A projeção para este ano é de chegar a R$ 31,5 milhões.

A relação Dívida/Ebitda também apresentou melhora sensível caindo de 2,56%, em 2018, para 0,73% este ano. “Estamos prontos para iniciar um ciclo de crescimento e completar o reposicionamento da empresa”, diz Rittscher.