A maior preocupação dos embarcadores do setor no momento envolve os impactos da Resolução RDC Nº 304, que estabelece os requisitos de Boas Práticas de Distribuição e Armazenagem e de Boas Práticas de Transporte de Medicamentos, que deverá entrar em vigor no início do próximo ano.
Farmarin: em busca de outros modais, que não o rodoviário
No passado, a Farmarin Indústria e Comércio desenvolveu parcerias com transportadoras que trouxeram bons resultados, mas que não são mais suficientes. “Hoje estamos na busca de outros modais de transporte para determinadas regiões – como, por exemplo, a cabotagem – e aguardando a entrada em vigor da nova RDC 304 da ANVISA para estudarmos as adequações necessárias.”
Rogério Luckmann Junior, gerente de Supply Chain, comenta, ainda, que a empresa atua com transportadoras próprias e terceirizadas – como Mira, Transrefer, Tecmar, Atual e RV Imola, entre outras. “São, em média, 20 veículos/dia entre VUCs, trucks e carretas, tanto na frota própria quanto das transportadoras. “Expedimos de Guarulhos, SP, para todo Brasil e alguns países da América do Sul. Para isto, contamos com um armazém próprio de 3.000 m².”
Luckmann Junior informa, ainda, que a Farmarin também emprega o modal aéreo, para o transporte de produtos de temperatura controlada (cadeia do frio), que necessitam de maior agilidade na entrega, e também o marítimo, em algumas exportações.
Desafios – Sobre os maiores desafios logísticos enfrentados pela empresa, o gerente de Supply Chain coloca vários: regulamentação e restrições para transporte de medicamentos e produtos químicos, distribuição nacional a partir de um único armazém e custo do frete em relação ao valor dos produtos transportados – produtos de grande volume, em sua maioria galões de 5 e 6 litros.
Segundo ele, estes desafios poderiam ser superados com a descentralização da distribuição e adoção de outros modais de transporte, como a cabotagem.
Mas, na verdade, o grande desafio está em se adequar à RDC 304, que trata das Boas Práticas de Distribuição e Armazenagem e de Boas Práticas de Transporte de Medicamentos.
Luckmann Junior diz que ela terá impacto direto nos custos do frete e nos resultados da empresa, uma vez que os investimentos serão consideráveis. “Para se adaptar, teremos de desenvolver parceiros logísticos que sejam referência neste mercado farmacêutico, conhecer e mapear as condições ambientais de todas as rotas de transporte e distribuição e reavaliar o modelo de distribuição nacional.”
Afinal, a logística farmacêutica apresenta vários diferenciais em comparação à de outros setores, como o nível de exigência e regulamentação, que passa a ser mais exigente com a nova RDC 304, que entra em vigor no início de 2020.
Finalizando, o gerente de Supply Chain comenta os diferenciais da logística da sua empresa – que produz concentrados para hemodiálise, soluções parenterais e produtos oncológicos: carga “lastro”, que são cargas grandes, de fácil manuseio e identificação, porém de grande peso. “Poderia citar também nossa expertise em cadeia do frio”, completa.
Raiadrogasil: a RDC 304 terá impactos positivos
A Raiadrogasil, cuja marca corporativa é RD – Gente, Saúde e Bem-estar, atua através das farmácias, dos sites e dos aplicativos da Droga Raia e Drogasil. E agora também tem o site da marca Onofre.
Comercializa medicamentos e produtos de higiene e beleza pessoal dos maiores fabricantes nacionais e internacionais. Suas lojas Droga Raia e Drogasil têm um sortimento de 14 mil itens em suas unidades. A RD também possui uma linha de 500 itens de marcas próprias: as linhas TRISS – acessórios para cabelo e maquiagem; Needs – produtos de higiene, beleza e cuidados pessoais, vitaminas, suplementos, multivitamínicos e nutricosméticos Droga Raia e Drogasil; Caretech – aparelhos de monitoramento de saúde; e Nutrigood – alimentos funcionais, como barras de cereais, mix de frutas e castanhas, doces zero açúcar e zero lactose, água, chás, sucos e água de coco, sendo que as duas últimas marcas foram lançadas no final de 2017 e no começo de 2018, respectivamente.
Fernando Varela, vice-presidente de Supply Chain e TI, explica que a RD tem atualmente mais de 1.950 lojas espalhadas por 22 estados do país, nas regiões Sudeste, Sul, Centro-Oeste, Norte e Nordeste, o que exige um sistema logístico preciso e apurado com condições de cobrir todas as regiões do país.
“Para suprir essas necessidades, a RD conta hoje com nove Centros de Distribuição que abastecem as lojas diariamente, totalizando 126.500 m² de área de armazenagem.
Estes CDs estão no bairro do Butantã, em São Paulo, com 18.000 m²; em Embu, na Grande São Paulo, com 22.700 m²; Ribeirão Preto, SP, com 18.500 m²; Aparecida de Goiania, GO, com 15.000 m²; Contagem, MG, com 8.500 m²; São José dos Pinhais, PR, com 12.900 m²; Jaboatão dos Guararapes, PE, com 10.300 m²; Salvador, BA, com 8.500 m²; e Duque de Caxias, RJ, com 12.100 m². “E até o final deste ano teremos mais dois CD´s em operação: Fortaleza, CE, com 10.500 m²; e Guarulhos, SP, com 28.000 m². Além disso, contamos com transporte próprio e também terceirizado, sendo o nosso principal modal o rodoviário”, conta Varela.
A RD usa caminhões pequenos para transitar dentro da cidade, pois isso facilita muito a locomoção e a agilidade que precisam. E também vale lembrar que o volume de produtos transportados diariamente não exige veículos de grande porte. O Lead time de entrega para o atendimento das lojas é muito curto.
“Por outro lado, nossa logística tem que ser precisa e cobrir 22 estados. Precisamos estar sempre alinhados à estratégia da empresa e às necessidades das lojas. A nossa capilaridade é imensa e exige uma equipe muito afinada e atenta ao dia a dia das lojas. Além disso, contamos com sistemas de última geração que nos auxiliam diariamente no atendimento aos pedidos das lojas. Busca constante por melhores níveis de serviço e aderência à regulamentação com veículos climatizados também fazem parte do nosso cotidiano.”
Desafios – Falando sobre os desafios logísticos enfrentados para atender este amplo mercado, o vice-presidente de Supply Chain e TI da RD explica que as distâncias e a imensa capilaridade do negócio são, sem dúvida, os maiores deles.
“Preparamo-nos para cobrir toda a área territorial onde temos lojas com Centros de Distribuição em todas as regiões do país. Temos três CDs no Estado de São Paulo, onde está a maior concentração de lojas atualmente. Cobrimos o restante da região Sudeste com os CDs de Contagem e Duque de Caxias, para o Centro-Oeste usamos o CD de Aparecida de Goiânia, para a região Sul o CD de São José dos Pinhais e para as regiões Norte e Nordeste, usamos os CDs de Salvador e Jaboatão dos Guararapes. Desta forma, conseguimos ter o suporte necessário para as nossas mais de 1.900 filiais. E até o final do ano vamos colocar mais dois CDs em operação.”
Falando sobre o que a empresa adotou em termos de logística para se adequar ao mercado, Varela conta que em 2017, a RD iniciou um projeto chamado de “+ Futuro”, que orienta as ações de sustentabilidade da empresa, prevendo a redução dos impactos ambientais e sociais causados pelo processo de transporte e distribuição. Uma das soluções adotadas foi a otimização da malha logística. Todas as rotas foram analisadas e reorganizadas para que os veículos percorram distâncias mais curtas.
“Além disso, tanto a frota própria quanto a terceirizada foram renovadas e a idade média dos veículos em circulação é de quatro anos. Os caminhões mais novos usam tecnologias que reduzem a emissão de poluentes, como o ARLA 32, reagente que diminui a produção de óxido de nitrogênio, que danifica e reduz a camada de ozônio. Esses mesmos veículos também são obrigados a usar diesel S10, com menor teor de enxofre. Outra medida foi a criação do ‘Programa de Excelência em Transporte’, que conscientiza os motoristas em relação à condução correta dos caminhões – por exemplo, como a velocidade média e a frequência com que aceleram ou freiam influenciam no consumo de combustível. E por fim, a área criou uma campanha em parceria com o marketing para conscientizar os profissionais sobre o combate à exploração sexual de crianças e adolescentes pelas rodovias do país.”
RDC 3-4 – Sobre a RDC 304, Varela é suscinto: terá impactos positivos para RD, já que deixa claro que as empresas que possuem a atividade de distribuir para suas próprias unidades poderão receber os produtos de outras distribuidoras, além de fortalecer o sistema de garantia da qualidade, o que acarretará maior segurança para os consumidores finais.
Ele destaca que as empresas deverão começar a realizar as adaptações através do mapeamento de suas operações e, assim, verificar quais pontos serão necessários para atender as exigências da nova RDC. O que não pode ocorrer é as empresas deixarem para fazer as adaptações na última hora, já que todo o mercado estará focado nessa tarefa, o que poderá acarretar autuação pelos órgãos de vigilância sanitária pelo não cumprimento da legislação devido à falta de profissionais e materiais.
E-commerce – A RD também utiliza o e-commerce, sendo que o serviço está disponível nos sites, televendas e aplicativos da empresa. No “Compre e Retire”, que pode ser feito pelos sites e pelos aplicativos, o consumidor adquire o produto e o retire na loja mais próxima em até uma hora. O serviço já está disponível nas mais de 1.900 unidades da empresa, em 22 estados, dado que garante à RD a maior operação do País. “Acreditamos que o os canais digitais complementam a loja física, em vez de substituí-la, e o ‘Compre e Retire’ é exemplo disso, combinando as facilidades dos canais online com a conveniência das lojas. Nenhum outro varejista tem um serviço dessa dimensão no Brasil. O consumidor pode comprar no site, no televendas ou pelo aplicativo e ir buscar quase imediatamente, em uma loja perto de sua localidade, sem ter de esperar um ou mais dias pela entrega em casa e sem pagar frete.”
Ainda segundo Varela, o “Compre e Retire” reforçou a estratégia omnichannel da RD, que já estava enraizada em suas operações. “Também fomos os primeiros do mercado a disponibilizar a troca de produtos comprados pela internet em lojas. Além disso, fomos pioneiros ao oferecer desconto dos programas de laboratórios pelos nossos e-commerces, e a entrega em 60 minutos.”
Elofar: logística também inclui transporte aéreo
Voltado para a produção de medicamentos e suplemento alimentar para humanos, o Laboratório Farmacêutico Elofar tem o seu transporte terceirizado – sendo atendido por empresas como FL Holding, Movvi, Translovato, TNT e Translog. “Diariamente, são usados, em média, quatro veículos, sendo o número de viagens conforme a demanda. Por exemplo, a Translog atende Santa Catarina, a Translovato, o Paraná e Rio Grande do Sul e a Fl Holding, o Centro-Oeste, Norte, Nordeste e Sudeste.”
A explicação é de Daniel de Souza Leite, encarregado de suprimentos do Elofar, que acrescenta: o Laboratório também usa o transporte aéreo, por necessidade comercial.
Para atender ao mercado, o Elofar conta com dois Centros de Distribuição – de 900 m² e 520 m². E também enfrenta desafios, como manter a qualidade no transporte dos seus produtos. “Para superar estes desafios, buscamos soluções em conjunto com os nossos parceiros”, afirma Daniel.
Aliás, ele faz questão de salientar que os diferenciais da logística farmacêutica em comparação a de outros setores é a qualidade no serviço prestado, enquanto que os diferenciais da logística da sua empresa, levando em conta o tipo de produto transportado, é atender a todas as regiões do Brasil.
“Para nos adequarmos ao mercado, temos dado continuidade ao trabalho já realizado na qualificação das transportadoras terceirizadas”, diz o encarregado de suprimentos.
Sobre os impactos da RDC 304, Daniel afirma que, na verdade, o impacto será sentido em toda a cadeia logística, como recolhimento e devoluções, autoinspeção e instalações de armazenagem, recebimento e expedição entre outros. “Tudo isto implicará na necessidade de investimento e, para se adaptar a esta RDC, serão necessários treinamentos e investimentos.”
Servier: produtos de alto valor agregado e frágeis requerem cuidados especiais
Os Laboratórios Servier do Brasil fornecem medicamentos para doenças cardiovasculares, diabetes, oncológica, imuno-inflamatória e neuropsiquiatria.
“São produtos de alto valor agregado. Além disso, são produtos frágeis e sensíveis às questões climáticas. Por isso, é preciso tratar toda a cadeia logística com muito cuidado e atenção. Temos como foco principal os pacientes que utilizam os nossos medicamentos e que precisam recebê-los no tempo certo e com a máxima qualidade”, explica Monica Azevedo, gerente do Supply Chain.
Já Luciano Granato Jr., supervisor de almoxarifado e Supply Chain, acrescenta que, por isto, entre os diferenciais do Servier estão o cumprimento dos prazos, a excelência na qualidade do seu trabalho e uma rápida e boa rastreabilidade.
“Somos uma indústria farmacêutica sediada no Rio de Janeiro, com distribuição em todo o país, fazendo uso de transportadoras terceirizadas. Como a Transportadora Agiflex, que atende o Sudeste, Sul, Norte e Nordeste, e a Transportadora Mira, para o Centro-Oeste”, completa Granato Jr.
Monica continua, explicando que são usados diariamente quatro truck´s no serviço de coleta e duas carretas para as viagens. Os destinos mais frequentes são as regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste. As regiões Norte e Nordeste são atendidas através do modal aéreo. “Na distribuição, utilizamos também o modal aéreo para os locais mais distantes, como o Norte e o Nordeste, com o objetivo de reduzir o prazo de entrega e minimizar o impacto nos produtos – avaria e exposição a altas temperaturas”, diz Monica, acrescentando que a empresa conta com um almoxarifado de 1.100 m², com 1.325 posições de 1 m³.
“Não podemos deixar de registrar que o Brasil é um país com dimensões continentais e, dessa forma, apresenta uma extensão territorial enorme. Possui ainda uma malha rodoviária deficitária, o que já se torna um grande desafio para a logística. Outro ponto que vale a pena ressaltar é a falta de segurança nas estradas. Por sua vez, as seguradoras exigem cada vez mais medidas de gerenciamento de risco para garantir a segurança da carga, e no final quem paga essa conta é o embarcador.”
Para superar estes desafios, o supervisor de almoxarifado e Supply Chain diz que, inicialmente, poderíamos ter malhas rodoviárias melhores, com estradas conservadas e bem sinalizadas. E também uma segurança, no mínimo, satisfatória nas estradas.
Sobre o que a empresa adotou em termos de logística para se adequar ao mercado, a gerente do Supply Chain diz: “trabalhamos com embalagens diferenciadas, com maior resistência que visam a garantir a qualidade dos nossos produtos. Outro ponto importante foi a escolha de parceiros que trouxeram inovações para garantirmos a proteção da nossa carga a ser transportada, o que facilita o embarque em aeronaves, quando necessitamos da utilização do modal aéreo”.
Já sobre os impactos da RDC 304, Granato Jr. é contundente: “em nossa visão, o maior impacto será financeiro. Para se aptar, serão necessários investimentos em soluções que garantam o monitoramento, a estabilidade da temperatura e a umidade de toda a cadeia logística e o desenvolvimento das transportadoras, que incialmente serão orientadas para garantir o cumprimento da RDC 304.”
Extrafarma: Novo CD para abastecer lojas de São Paulo
A Extrafarma acaba de inaugurar o seu terceiro Centro de Distribuição, que abastecerá suas lojas de São Paulo. A nova unidade, localizada em Guarulhos, SP, conta com aproximadamente 8.000 m² de área de armazenagem e novo sistema de gestão WMS. Os outros dois CDs da Extrafarma estão localizados em Benevides, PA e em Aquiraz, CE.
A rede de farmácias atua em São Paulo há dois anos, e conta com 50 lojas no Estado, sendo 45 na capital e outras cinco no ABC paulista. “O investimento neste Centro de Distribuição é muito importante para seguirmos atendendo nossos clientes de São Paulo com excelência. Trata-se de um estado importante e competitivo, onde cada vez mais conquistamos um público exigente e fiel, e que valoriza bom atendimento e preço.” diz Renato Stefanoni, diretor comercial e logística da Extrafarma.
Fundada há 59 anos, a Extrafarma atua no mercado de varejo farmacêutico com mais de 400 lojas e conta com mais de 9 milhões de clientes cadastrados no seu programa de fidelidade, o Clube Extrafarma. Em 2014, passou a fazer parte da Ultrapar, junto com Ipiranga, Ultragaz, Ultracargo e Oxiteno.
Sanfarma: novo CD faz parte da meta de crescer no território nacional
Com perspectiva de superar o faturamento acima de R$ 30 milhões em 2018 e chegar aos R$ 45 milhões em 2019, a Sanfarma estabeleceu estratégias para a conquista de suas metas e o crescimento no território nacional. Nos últimos meses, a empresa investiu mais de R$ 13 milhões de reais. Uma das estratégias de Luciano Biagi, CEO da Sanfarma, é a construção de um novo Centro de Distribuição no Nordeste. O objetivo é facilitar o escoamento da linha de produção para aquela região.
Com um portfólio de mais de 70 produtos, a Sanfarma é detentora das marcas Cicatrisan e Cicatrisan A.G.E, Confira, Doutor San, Sancare e Despack e um catálogo variado que conta com produtos para alívio de dores musculares, testes de gravidez, algodão, compressas e hastes flexíveis, além de linha de coletor de resíduos hospitalares. A companhia também é responsável pela produção de produtos “marca própria” para redes varejistas, como Panvel, Pague Menos e Drogaria São Paulo. Atualmente, a Sanfarma está presente em 80 mil pontos de venda no varejo farmacêutico de todo o Brasil.
Atendimento diferenciado – Biagi alega que, com a implantação do CD na região Nordeste, objetivam um atendimento de nível diferenciado, com mais agilidade na entrega das mercadorias aos clientes. “Também visamos conseguir uma economia tributária. E, em virtude destes dois fatores, também esperamos ampliar as vendas e a presença da Sanfarma no mercado. Além disso, o plano é também atender as regiões Norte e Centro-Oeste a partir desse CD.”
O Nordeste foi escolhido porque atualmente é um dos principais mercados da Sanfarma, e a empresa tem o intuito de elevar o nível de qualidade do seu serviço na região. Um dos focos é a redução do tempo de entrega das mercadorias aos clientes, que hoje é de 10 a 15 dias para dois a cinco dias úteis. “O CD será instalado em Sergipe ou Alagoas, e deve ficar pronto entre março e abril de 2020. Estamos buscando o local ideal e a instalação deve iniciar em breve. As novas instalações terão aproximadamente 30% do tamanho do CD que temos instalado no interior de São Paulo, que é de 4.000 m², e, atualmente, atende toda a nossa demanda.”
Neste CD em uso, a Sanfarma separa a mercadoria a ser enviada e escoa por transportadoras, e são elas as responsáveis por toda a logística, o que inclui a tecnologia de rastreamento e entrega dos produtos. Ter o próprio CD, de acordo com Biagi, beneficia na redução de custos e na economia de escala no processo logístico.
Estretégia – O diretor da Sanfarma explica que ao implantar o CD no Nordeste vão “desafogar” o único Centro de Distribuição que têm atualmente, onde estocam tanto os insumos quanto os produtos produzidos. “Com isso, vamos aumentar nossa capacidade produtiva.”
A abertura do CD será estratégica para as áreas comercial e operacional da Sanfarma. “Nesse momento, estamos avaliando transportadoras na região Nordeste para que elas façam essa parte da operação.”
Poupafarma: sistema garante eficiência operacional
A Poupafarma é uma rede de drogarias com 83 lojas distribuídas em 31 cidades do Estado de São Paulo que começou suas atividades em 2007. O início foi regional, com filiais na Baixada Santista, que até hoje concentra uma boa parte do total de lojas, mas houve a expansão para a capital paulista e o Vale do Paraíba.
Quanto ao transporte de todos estes produtos, Gerson Monticelli, gerente de Supply Chain da rede, diz que utilizam uma transportadora terceirizada devido à redução de custos e ganho de produtividade, atrelado a um melhor aproveitamento dos veículos e a um melhor nível de serviço nas entregas.
“Diariamente utilizamos 13 veículos dedicados entregando em nossas lojas no Estado de São Paulo. Também possuímos um Centro de Distribuição na cidade de Praia Grande, SP, com 4.000 metros quadrados.”
Monticelli lembra que a logística da rede enfrenta diversos desafios no seu dia a dia, como a melhora da eficiência operacional, que é o objetivo diário de sua operação. E também a busca constante de redução de custos operacionais e de transporte e a melhora do nível de serviço das entregas nas lojas.
“Em relação à eficiência operacional, possuímos um sistema para acompanhamento de todas as fases de nossa operação, identificando gargalos para correções. Para redução de custos, comparamos mensalmente os custos efetivos, buscando a redução, onde possível, sem impactos na entrega do serviço operacional. Por fim, é monitorado diariamente o nível de serviço das entregas, garantindo que não ocorram atrasos, mantendo a satisfação de nossos clientes.”
Monticelli também lembra que a regulamentação da logística farmacêutica exige uma logística especializada, sendo então necessários treinamentos constantes para manter a equipe atualizada, conforme alterações das regulamentações específicas do setor.
“Também sempre buscamos a qualidade nos processos operacionais. Tanto que os diferenciais da nossa empresa são: um rigoroso controle e fiscalização, pela equipe da área de qualidade, dos processos operacionais e sistêmicos da empresa; treinamentos constantes dos times da logística; entregas com veículos exclusivos, proporcionando maior rapidez e agilidade; e um time comprometido com a empresa.”
Sobre os impactos da RDC 304, o gerente de Supply Chain lembra que a empresa sempre adotou e respeitou as normas de Boas Práticas de Distribuição, Armazenagem e Transportes de Medicamentos. “Acreditamos na importância das atualizações realizadas, qualificando ainda mais o setor farmacêutico, melhorando e preservando a qualidade dos produtos que ofertamos aos nossos clientes. Sempre seguimos o Manual de Boas Práticas. Nosso objetivo é continuar cumprindo as determinações efetuadas pela RDC 304.”
Sindusfarma: falta incentivo para implementação de outros modais de transporte
Para o Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos – Sindusfarma, são vários os problemas logísticos enfrentados pelo segmento. “Entre os principais podemos destacar o péssimo estado de conservação da nossa malha rodoviária, o baixo investimento na expansão da malha rodoviária, o que dificulta o transporte em algumas áreas do país, como na região Norte; a falta de incentivos para a implementação e o desenvolvimento de outros modais de transporte – ferroviário, cabotagem, fluvial, aéreo, entre outros – e a ausência de políticas que fomentem a integração entre os modais disponíveis.”
Ainda segundo Jair Calixto, diretor de Assuntos Técnicos e Inovação do Sindusfarma, estes problemas poderiam ser resolvidos com a implantação de um Plano Brasileiro de Logística, no qual estariam incluídas políticas de incentivo à expansão e utilização de multimodais para o transporte de cargas.
Também integrariam esse plano investimentos para a melhoria, conservação e modernização da malha rodoviária, a realização de programa de capacitação e atualização técnica dos motoristas de caminhões e a implementação, em pontos estratégicos do país, de Áreas de Apoio ao Transporte Rodoviário.
Esses espaços seriam apoios logísticos às empresas, possibilitando o recebimento, armazenamento e o transbordo de mercadorias, favorecendo o transporte em curtas/médias distâncias e a utilização de outros modais, contribuindo para a redução dos custos e prazos.
“As Áreas de Apoio ao Transporte Rodoviário também ofereceriam a infraestrutura e segurança necessárias para as manutenções mais rotineiras dos caminhões e ao descanso e acomodação dos motoristas, em sintonia com a Lei do Caminhoneiro, que estabelece normas para o exercício da profissão, como os períodos de descansos e o tempo de direção”, diz o diretor.
Conselhos – A entidade, na pessoa do diretor de Assuntos Técnicos e Inovação, também dá conselhos para uma boa logística na área farmacêutica.
Em primeiro lugar, os responsáveis pelo armazenamento, distribuição e transporte devem conhecer as especificidades do regramento da indústria farmacêutica, ponto fundamental para a prestação de um bom serviço de logística na área farmacêutica.
Em suma – afirma Calixto –, os fornecedores logísticos devem entender e adotar os requisitos e princípios da indústria farmacêutica, como, por exemplo, o controle de requisitos específicos no transporte de medicamentos, o que exige a utilização de caminhões preparados para essa finalidade. Outro ponto fundamental é a segurança, para evitar perdas patrimoniais durante as etapas de logística das fábricas até os pontos de vendas.
“Além disso, as empresas envolvidas no processo logístico da indústria farmacêutica devem observar as Boas Práticas de Distribuição e Armazenagem (RDC 304/2019) e possuírem um responsável técnico para as atividades envolvendo o transporte de medicamentos.”
Grupo de Trabalho – O Sindusfarma possui um Grupo de Trabalho sobre Logística, com integrantes da indústria farmacêutica e que discute os principais problemas do setor e propõe soluções. A entidade também avalia e debate as normas ligadas à logística farmacêutica, com o objetivo de difundi-las entre os seus associados e aos demais membros da cadeia farmacêutica, como transportadores, distribuidores, armazenadores, Operadores Logísticos, entre outros.
A entidade elaborou o “Guia de Boas Práticas de Armazenagem e Transporte na Indústria Farmacêutica”, baseado em referências nacionais e na experiência prática das indústrias farmacêuticas, que serve de referência para todos os elos da cadeia farmacêutica.
Logística farmacêutica também nos condomínios logísticos
A demanda das empresas farmacêuticas por espaços para armazenar seus produtos apresenta diferentes perfis. Os produtos são diversos, com valor agregado e muitas vezes precisam estar próximos aos hospitais, para atender possíveis emergências.
De acordo com Simone dos Santos, sócia fundadora da SDS Properties – empresa que, além da comercialização de imóveis industriais, logísticos e redes de varejo e atacado, também oferece serviços de consultoria e pesquisa, avaliações e opinião comercial de valores de venda e locação – há uma gama gigantesca de empresas farmacêuticas de diferentes tamanhos, nacionalidades, produtos, rigores e valores, e o comum entre elas é que todas devem estar em um galpão que atenda às exigências da ANVISA – temperatura controlada, isolamento de paredes, fluxo de entradas e saídas, dentre várias outras.
“Percebo que há uma demanda bastante específica de algumas dessas empresas por espaços dentro da Capital de São Paulo, especialmente entre as Marginais Tietê e Pinheiros, entre 500 m² e 1500 m², idealmente dentro de condomínio. A vantagem de estar em um condomínio é, principalmente, a segurança oferecida, e caso já tenha outro ocupante farmacêutico por lá, pode ser um indicativo de que o empreendimento já superou pelo menos parte das exigências iniciais da ANVISA. O desafio, no entanto, é identificar esse galpão, já que – apesar da crise sofrida no mercado imobiliário de galpões – a Capital, pelo pequeno volume de estoque, apresenta vacância sempre abaixo dos 10%.”
Simone diz que a SDS tem monitorado esses empreendimentos da Capital, além de oferecer alternativas para as farmacêuticas que buscam galpões maiores em outras regiões do Brasil, sempre pensando nos enquadramentos da ANVISA.