Com a meta de se transformar na maior plataforma de cargas da América Latina, o Freto – logtech que nasceu há dois anos no Brasil e conecta cargas com caminhoneiros – acaba de receber R$ 22,5 milhões na primeira rodada de investimentos do tipo seed e anuncia sua nova fase de operação, agora independente do grupo fundador.
A partir de agora, a empresa passa a ser controlada pelas famílias Corrêa da Silva e Stumpf, empreendedores gaúchos que fundaram grandes ativos no Brasil, como Getnet, Embratec, Saque e Pague e Banco Topázio.
A injeção de investimentos na startup também conta com a família Galló, representada por Christiano Galló, cofundador da Quartz Investimentos e Edenred Capital Partners, o fundo de venture capital da Edenred.
A Edenred Capital Partners terá o importante papel de apoiar a logtech no ecossistema de logística no Brasil, no qual está presente com a marca Repom, assim como, em um segundo momento, na conquista de mercados internacionais.
Crescimento acelerado
A rodada ocorre em um momento de crescimento acelerado da startup e num contexto positivo para empresas que trazem soluções inovadoras para cargas no setor de transporte, que vêm atraindo cada vez mais investimentos de venture capital.
O Freto já se destaca como um dos principais marketplaces do mercado rodoviário do Brasil e a única plataforma de match do setor, segundo informações da logtech: atualmente, possui mais de 125 mil motoristas e 300 mil veículos cadastrados, além de intermediar mais de 150 mil toneladas de carga por meio de 3,5 mil contratações (matches) diariamente.
Desde o início da pandemia no país, os downloads do aplicativo do Freto aumentaram em 30%, e sua nota na Play Store é de 4,4 sobre 5.
Novo CEO
Para liderar o Freto, Thomas Gautier assume como CEO após 10 anos no Grupo Edenred. O executivo iniciou sua carreira na França e chegou à Repom em 2013, como CFO. Em 2017, tornou-se diretor-geral da Repom e, em 2018, passou a ser Head do Mercado Rodoviário, quando, em sua gestão, o Freto nasceu.
“É com grande satisfação que assumo o desafio de liderar o Freto em seu novo momento e levar a empresa rumo a um novo horizonte. Desde o nascimento da logtech, pude mapear, em trocas com clientes, as dores e ineficiências em suas operações. Entre as principais queixas estavam a perda de tempo para localizar um transportador adequado. Na outra ponta, também escutava as dificuldades dos caminhoneiros e o desejo deles de ter acesso a mecanismos que lhes permitissem encontrar cargas e rentabilizar”, afirma Gautier.
O Freto também atua como um broker 100% digital, indo além da conexão entre embarcadores e caminhoneiros. Essa unidade de gestão logística atende grandes produtores de grãos, açúcar, siderúrgicas, fabricantes de papel e celulose e cimenteiras, atuando como um braço logístico da indústria e oferecendo atividades como análise das rotas, controle de fluxos e custos – o que é considerado uma revolução para o mercado logístico, segundo o executivo.
“Foi assim que construímos, do zero, uma empresa de tecnologia para o setor de transportes, não o contrário. Atuamos para conectar caminhoneiros e a indústria, pautados pela digitalização e com o propósito de simplificar a logística rodoviária, movendo caminhoneiros. Acreditamos numa logística mais humana, feita por pessoas e para pessoas, que agregue valor para o embarcador, transformando e simplificando sua maneira de fazer logística, e que valorize cada vez mais caminhoneiros, que atuam num contexto de dificuldades, carregando o Brasil na carroceria e transportando as riquezas do nosso país. Eles são os verdadeiros heróis das estradas”, completa o CEO.
Investidores do Freto:
– Fundo Edenred Capital Partners: além do Freto, no Brasil, o Edenred Capital Partners tem em seu portfólio 15 empresas em outros países. Três delas são do mercado logístico: Fretlink, startup francesa do mercado rodoviário, investida em 2019 e que tem foco em digitalização e conexão com transportadores locais da Europa; a suíça Avrios, que também compõe o portfólio desde 2019 e oferece uma plataforma de gerenciamento de frotas com análise de dados, automação de processos e soluções de mobilidade personalizadas; e a La Compagnie des Cartes Carburant, empresa com soluções para a gestão de combustíveis.
O fundo Edenred Capital Partners tem como cofundador Philippe Dufour, o empreendedor por trás da PrePay Solutions, fintech britânica de pagamentos adquirida pela Accor Services, agora Edenred. A fintech atua em toda a União Europeia e possui soluções bancárias, de processamento, de carteira digital, de gestão de cadeia de suprimentos, entre outras.
– Famílias Corrêa da Silva e Haroldo Stumpf: a capacidade que esses empreendedores gaúchos têm de fundar e de acelerar negócios é um ativo reconhecido no mercado, incluindo empresas como Getnet, Embratec, Saque e Pague e Banco Topázio.
A GetNet, por exemplo, uma das maiores operadoras em captura e processamento de operações financeiras, foi vendida pelas famílias, após 11 anos de sua fundação, para o Santander em 2014.
O mesmo movimento foi observado em 2016, quando a Embratec, empresa do setor de gestão de frotas urbanas que tinha a Ecofrotas em seu portfólio, e a Edenred anunciaram fusão de seus ativos. A operação deu origem a uma nova sociedade, com o nascimento da Ticket Log, em que os fundadores da Embratec possuem 35% do controle acionário e a Edenred possui 65%.
– Família Galló, representada por Christiano Galló, cofundador da Quartz Investimentos: fundo de venture capital que realiza múltiplos aportes em empresas com potencial de crescimento no que tange à cadeia de consumo e finanças.
Entre os mais recentes investimentos da Quartz estão o supermercado online Shopper, a marca de produtos para cães Zee.Dog, a plataforma de investimentos Warren, a fintech de gestão de despesas Conta Simples e a empresa de seguros 180º Seguros. Christiano é filho de José Galló, que esteve por três décadas à frente da Renner.