Ser mulher e em posição de liderança já é um grande desafio no mercado de trabalho, e quando se fala do segmento de logística, os obstáculos são maiores ainda, uma vez que trata-se de um universo dominado pelo gênero masculino, no qual é preciso mostrar muito conhecimento, o tempo todo, para gerar credibilidade. O que me conforta? É saber que mesmo com a realidade de hoje, nós, mulheres, já conquistamos muito espaço embora o caminho ainda seja longo.
Prova de que parte dessa trilha já foi desbravada são as conversas com meu pai, que também veio do segmento de logística. Segundo ele, há 10 ou 15 anos era quase impossível imaginar uma mulher liderando uma empresa voltada para esse mercado e hoje cá estou eu. O cenário diferente em grande parte é responsabilidade não só de empresas mais preocupadas com a diversidade, mas também da nova geração e jovens que assumem papéis de liderança. Eles vieram com a missão de eliminar a barreira de gênero dentro das organizações e melhorar a estatística: de acordo com o IBGE, apenas 39% dos cargos gerenciais são ocupados por mulheres.
E o meu desafio poderia ser ainda maior quando levamos em consideração que sou colombiana, moro no país e sou country manager de uma empresa no Brasil! A cultura, a língua, a parte tributária e fiscal, poderiam ser percalços, mas que consigo driblar com meu conhecimento e experiência. Passar por diversos setores da empresa e ter que lidar com diversos tipos de situações me trouxeram bagagem.
Além disso, o jeito feminino de liderar é um tiro certo para termos destaques em meio a um mercado que ainda se mostra tão machista em alguns países. O jeito humanizado característico das mulheres é um grande diferencial. Gosto de pensar no quanto as pessoas são o ativo mais importante de uma empresa e em como posso ajudá-las a crescer dentro de uma organização.
Outro ponto marcante da liderança feminina: a comunicação! Aprendi que quando encontramos a maneira correta de falar com cada pessoa geramos empatia e proximidade. O fato é que o mercado ainda tem um longo caminho a percorrer até que a diversidade e a igualdade façam parte do dia a dia e não sejam mais fatores de discussão. E você, como está ajudando as mulheres do mercado a superarem esse desafio?
*Susana Arévalo é Country Manager do Brasil na Liftit. Empreendedora há mais de 9 anos, fundou e dirigiu Las Pulgas Foundation, uma organização sem fins lucrativos que desenha e implementa projetos sociais para comunidades vulneráveis na Colombia. Também é co-fundadora e coordenadora do programa Rockstart Colombia e palestrante do Tedx Bogotá.
Fonte: Estadão (blog)