Com um novo time de executivos, a Maersk Line está unificando suas equipes administrativas no Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai em um novo cluster para a região. Com a mudança, seus clientes contarão com um único ponto focal para obter cotações nos quatro países. Um dos cinco maiores mercados de containers refrigerados do mundo, o Brasil será beneficiado pelo investimento em 30 mil novos equipamentos pela gigante Dinamarquesa.
De acordo com Antonio Dominguez, que assume o posto de Diretor Superintendente do novo cluster, o desafio é cortar custos sem reduzir a capacidade. Uma das medidas adotadas para lidar com as dificuldades relacionadas ao complexo ambiente econômico é a substituição de um dos serviços da Maersk Line pela compra de espaço em embarcações de outros armadores, o que permitirá que a empresa mantenha sua capacidade para clientes na região. “A capacidade permanece a mesma, de modo que os clientes continuarão a obter o mesmo serviço ao qual estavam acostumados. Traremos maior eficiência à nossa operação”, disse Dominguez.
Segundo Nestor Amador, novo Diretor Comercial da Maersk, as duas equipes administrativas foram consolidadas em apenas uma, voltada para a Costa Leste da América do Sul, além da criação de uma nova equipe responsável pela manutenção dos contêineres refrigerados, que irão cuidar e manter os equipamentos.
Resultados
Nos resultados financeiros, a gigante Dinamarquesa obteve resultado de US$ 1,3 bilhão em 2015, número 44% menor do que o obtido em 2015 (US$ 2,3 bilhões) devido à fraca demanda global e às baixas tarifas praticadas pelo mercado. A receita foi de US$ 23,7 bilhões, 13% menor do que em 2014 (US$ 27,4 bilhões).
O último ano foi caracterizado pela deterioração das condições de mercado, com declínio no preço do frete e crescimento perto de zero. A média das tarifas cobradas pela Maersk Line caiu 16% na comparação com 2014. No quarto trimestre, o decréscimo foi de 25% se comparado ao mesmo período do ano anterior. As taxas recuaram devido à baixa demanda, excesso de oferta e intensa competição comercial.
A redução do frete impactou todos os mercados, com exceção da América do Norte. Na rota Ásia – Europa, as taxas chegaram ao nível mais baixo de todos os tempos. De acordo com o CEO da Maersk Line, Soren Skou, 2015 foi um ano desafiador. “Entregamos um ótimo resultado no primeiro trimestre e ganhos sólidos na primeira metade do ano. Porém, a contínua desaceleração da demanda e a oferta excessiva impactaram na redução das tarifas do segundo trimestre em diante”. De acordo com o executivo, no final de 2015, as taxas alcançaram os piores índices e o quarto trimestre foi negativo. “À luz de nossas expectativas no começo do ano, foi um resultado menor do que satisfatório. Mas considerando o cenário global em 2015, ainda é um resultado sólido”, completou.
Skou disse ainda que a companhia manteve seu market share e melhorou sua competitividade por meio da redução do custo unitário. “Implementamos com sucesso a 2M, o maior acordo de compartilhamento de navios no mundo. Lançamos uma nova linha de transportes de containers, a SeaLand, nas Américas. Aceleramos nossos esforços para a redução de custos e conduzimos as transformações necessárias para preparar nossa empresa para o futuro. Por último, mas não menos importante, encomendamos novas embarcações e containers para apoiar nosso plano de crescimento”, complementou.
Demanda por contêineres na América Latina
A América Latina representou cerca de 12% do volume global da Maersk Line em 2015. Apesar do crescimento negativo na Costa Leste da América do Sul, o número de operações demandado na América Latina no ano esteve acima da média mundial. Ainda assim, o crescimento foi menor do que nos anos anteriores, devido à desaceleração da economia global. “O crescimento menor da América Latina resulta de vários fatores, incluindo a depreciação da economia chinesa, menor demanda do mercado mundial, tanto da Europa quanto da China, e a queda de preço das commodities”, destacou o presidente da Maersk Line na América Latina e Caribe, Omar Shamsie.
De acordo com ele, embora a América Latina sofra com o impacto desses fatores macroeconômicos, a região continua promissora, como nos países da Costa Oeste da região, como Colômbia, Equador, Peru e, particularmente, México. Por outro lado, ressaltou, o crescimento na América do Sul foi menor devido à recessão no Brasil e às restrições monetárias na Argentina e Venezuela, que impactaram as importações. “As taxas de frete na rota da Ásia para a Costa Leste da América do Sul declinaram 90% ao longo do ano, afetando diretamente a rentabilidade dessa rota”, ponderou.
Para 2016, a dinamarquesa mantém a estimativa de que o mercado de transporte de containers se manterá desaquecido e com taxas sob pressão devido à supercapacidade. A companhia espera que a demanda para o transporte de containers cresça entre 1% e 3% globalmente em 2016.