A temperatura é um dos fatores de atenção para a indústria farmacêutica e para os serviços de saúde, especialmente em um país com dimensões continentais e com uma diversidade de características climáticas, como o Brasil. Recentemente, como vimos as ondas de calor têm afetado o Sudeste do país.
Medicamentos são produtos que precisam ser manuseados com cautela durante todos os processos da cadeia farmacêutica, desde sua produção até chegar ao consumidor final. Em um cenário ideal, os produtos termolábeis — aqueles sensíveis à variação de temperatura — devem ser mantidos em ambientes de até 8°C, aproximadamente.
É comum que, no início do transporte, o detentor do registro garanta que a cadeia do frio seja mantida. Contudo, conforme o medicamento avança até chegar ao consumidor final, torna-se progressivamente mais difícil assegurar que todos os envolvidos no processo terão o conhecimento ou a tecnologia necessária para preservar a refrigeração e, consequentemente, a eficácia do remédio.
“Medicamentos em geral, como por exemplo as insulinas e vacinas, têm que ser transportados com sistemas ativos ou passivos de controle de temperatura. Para exemplificar, temos caixas com gelos específicos para cada faixa de temperatura, bolsas térmicas qualificadas termicamente ou até mesmo caminhões refrigerados”, explica Liana Montemor, farmacêutica e diretora técnica do Grupo Polar.
A empresa é a primeira no Brasil a investir e desenvolver pesquisas e soluções personalizadas em Cold Chain. A companhia foi a precursora no desenvolvimento de elementos térmicos (gelos) e atua na fabricação de caixas, bolsas térmicas, dataloggers (dispositivos eletrônicos que monitoram e registram dados em tempo real e por longos períodos), rastreadores e monitores de temperatura, incluindo serviços de qualificação, treinamento e consultoria.
Data de Validade – Outro ponto abordado pela executiva é quanto à data de validade. “Nem sempre ela pode ser levada como indicativo de que o medicamento, ainda que seja propício para o uso, não sofra uma mudança nas suas características físico-químicas. Em outras palavras, não é como uma fruta, em que é possível ver as mudanças que indicam que ela já não deve ser ingerida. Muitas vezes, não ocorre nenhuma mudança aparente no medicamento, mas ele já não deveria mais ser consumido por ter ficado exposto ao calor”, reforça Liana.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 50% dos medicamentos termolábeis ficam propensos à perda de eficácia quando chegam ao paciente devido à quebra da cadeia de frio durante o transporte. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária também alerta que a movimentação em grau térmico inadequado pode afetar o fármaco e causar reações inesperadas, que podem variar desde a ineficácia do medicamento até um possível efeito adverso no paciente.