Mercado frigorificado no Brasil: Com desempenho diferenciado dentro da logística, tem crescido a níveis relevantes

Neste contexto, é importante destacar o papel da IA, que está ajudando as empresas a se adaptarem às exigências regulatórias e de sustentabilidade na cadeia do frio, ao fornecer monitoramento em tempo real e gerar relatórios automatizados.

O segmento frigorificado é essencial para manter a qualidade e a segurança de produtos sensíveis à temperatura, como alimentos e medicamentos, ao longo da cadeia de suprimentos. E tem crescido a níveis relevantes.

A pandemia da Covid-19 foi um dos agentes que motivaram um movimento positivo para esse nicho em particular, diz Roberto Cardoso Ribeiro, responsável pelas áreas de Operações de GR – Grandes Projetos e de Logística do Grupo Apisul.

Primeiro, pela questão das vacinas e a necessidade de refrigeração para assegurar a qualidade do produto. E, segundo, também houve a mudança de hábito do consumidor que, cada vez mais, pede uma entrega direta de produtos congelados ou com necessidade de refrigeração. Este cenário favorável tem potencializado novos negócios.

“Além dos players já conhecidos de mercado que fazem a logística, tem surgido outros players focados nesse atendimento de entrega direta aos consumidores. Então, isso tem gerado investimentos no segmento. Em comparação com outros setores, o mercado frigorificado tem perspectivas animadoras. De acordo com estudos, até 2029 esse segmento poderá dobrar de tamanho. O que é importante e faz com que sejam necessários investimentos nesse tipo de logística”, salienta Ribeiro.

Rafael Rocha, vice-presidente comercial da Emergent Cold Latam, também destaca que, com a crescente demanda por alimentos frescos e congelados, tanto para consumo doméstico quanto para exportação, a necessidade de sistemas eficientes de armazenamento e transporte a temperatura controlada tem aumentado. O Brasil é um grande exportador de proteína animal, o que requer uma cadeia de frio robusta para manter a qualidade dos produtos. “Nos últimos anos, também houve um aumento nos investimentos em infraestrutura logística refrigerada e frigorificada, incluindo novos armazéns e a modernização de instalações existentes.”

O fato é que a complexidade e extensão da cadeia de suprimentos, que envolve desde a produção até a distribuição, coloca o setor frigorificado em um patamar diferenciado em relação a outros segmentos, exigindo tecnologias avançadas e soluções específicas para garantir a integridade dos produtos ao longo de toda a cadeia, destaca o CEO da Pharmalog, Luiz Renato Hauly.

Silvio Cesar Rossetti, diretor comercial e marketing da TAFF Brasil, também aponta que o mercado frigorificado brasileiro tem se tornado um verdadeiro destaque no setor de logística, superando muitos outros segmentos em termos de crescimento e atraindo investimentos. Esse sucesso é impulsionado, segundo o diretor, pela necessidade de controle rigoroso de temperatura em setores-chave, como o alimentício, farmacêutico e agronegócio. Mesmo em tempos econômicos difíceis, esse mercado não apenas cresceu, mas também se modernizou, adotando tecnologias de ponta e atraindo grandes investidores. “A robustez e a inovação constante fazem do mercado frigorificado uma área promissora e altamente rentável que continua a avançar, deixando outros segmentos para trás.”

Como apontado, neste contexto de crescimento também é preciso considerar o setor farmacêutico, que tem experimentado um crescimento muito expressivo, uma vez que novas drogas são frequentemente lançadas. “Existe um grande desenvolvimento em pesquisa de fármacos, especialmente com os produtos mais novos, que normalmente são fármacos biológicos que requerem um controle de temperatura mais rigoroso, geralmente entre dois e oito graus. Esse mercado tem crescido exponencialmente nos últimos anos e a tendência é que continue a crescer ainda mais. Cada vez mais, novas drogas são exigidas e necessitam de controle de temperatura”, ensina Liana Montemor, farmacêutica e diretora técnica do Grupo Polar.

Outra questão é que o mercado frigorificado brasileiro se destaca na logística por sua complexidade, que envolve o controle rigoroso de temperatura ao longo de toda a cadeia de suprimentos. “Em comparação com outros setores da economia, a logística frigorificada exige infraestrutura especializada, maior cuidado na armazenagem e transporte, além de conformidade com regulamentações específicas. A alta perecibilidade dos produtos torna a eficiência e a precisão nas operações essenciais, enquanto outros setores podem lidar com menos restrições relacionadas à temperatura e tempo de entrega”, pontua Ricardo Panserini, Solution Advisor Latam da Blue Yonder.

Desafios

Mas, se há robustez neste mercado, também há desafios, a começar pela infraestrutura inadequada, clima variável, regulamentações rigorosas e altos custos operacionais. “Manter o controle de temperatura adequado durante o transporte e armazenamento é crítico, especialmente devido à complexidade da coordenação entre diferentes etapas da cadeia de suprimentos e ao elevado investimento necessário em tecnologia e manutenção”, acentua Panserini, da Blue Yonder.

Também para Hauly, da Pharmalog, manter a qualidade dos produtos ao longo de toda a cadeia de distribuição exige monitoramento constante das condições térmicas e a garantia da conformidade com as normas sanitárias rigorosas. Além disso, a infraestrutura logística em algumas regiões do país ainda apresenta limitações, o que pode impactar a eficiência do transporte. A volatilidade dos custos operacionais, como combustível e energia, e a necessidade de investimentos contínuos em tecnologias de monitoramento e controle também são desafios significativos, na visão do CEO da Pharmalog.

A lista de desafios feita por Rocha, da Emergent Cold Latam, e que afetam a eficiência e a qualidade dos serviços oferecidos, vai pelo mesmo caminho. A infraestrutura rodoviária do Brasil, especialmente em áreas rurais e remotas, muitas vezes não é adequada para transporte eficiente e seguro de produtos. Estradas malconservadas e congestionamento urbano podem aumentar o tempo de transporte e o risco de deterioração dos produtos. Também existe uma capacidade limitada e a eficiência operacional de alguns portos e aeroportos que dificultam a exportação e importação de produtos perecíveis, impactando a competitividade.

Outro ponto crítico, ainda segundo Rocha, e responsável por uma das principais despesas das empresas do setor, é o custo da energia elétrica. A manutenção de armazéns e veículos a temperatura controlada exige um consumo elevado de energia. E os preços da energia no Brasil são relativamente altos, tornando o custo operacional um desafio constante.

Também falta integração entre diferentes partes da cadeia de frio – fornecedores, transportadoras, armazéns –, levando a ineficiências, atrasos e perda de controle sobre a qualidade do produto. A cadeia do frio é altamente sensível a qualquer interrupção ou falha. Problemas como falhas de equipamentos de refrigeração, quedas de energia e mau planejamento de rotas podem levar a quebras na cadeia de frio, resultando em perdas de produtos e prejuízos financeiros.

“Por último, citaria as regulamentações e conformidade. As empresas no Brasil devem cumprir uma série de regulamentações rigorosas de segurança alimentar e padrões de qualidade. Manter-se atualizado e em conformidade com essas regulamentações pode ser complexo e custoso, especialmente em um cenário regulatório em constante mudança”, completa o vice-presidente comercial da Emergent Cold Latam.

O fato é que o Brasil é um país de dimensões continentais, com uma área territorial muito grande. A geografia e a infraestrutura não colaboram para uma distribuição eficaz. Alguns portos e aeroportos são precários e precisam passar por processos de melhoria. A malha rodoviária, com exceção da Região Sudeste, também é precária.

“Temos um problema logístico bastante sério. Além disso, temos os fatores climáticos, as estações do ano não são bem definidas no país. Por exemplo, as altas temperaturas encontradas durante o inverno e picos extremos na primavera. Somado a esses fatores, há a questão dos operadores. O mercado sofre com a falta de treinamento e capacitação, além de um grande turnover das pessoas que operam na cadeia logística. Tudo isso contribui para a ocorrência de falhas no processo com mais frequência”, relaciona Liana, do Grupo Polar.

De fato, entre os desafios enfrentados está o investimento em profissionais capacitados para atuação nesse mercado, maior incentivo a investimentos em tecnologias e recursos com maior inovação para tornar o processo cada vez mais efetivo, controle mais efetivo dos processos de temperatura, rastreabilidade e movimentos de estoque, maior eficiência energética para layouts de armazéns e pontos de venda e busca cada vez maior da automatização para melhoria na rapidez que cadeia exige. Esta lista é de Ribeiro, do Grupo Apisul.

Paulo Lerner, CEO e CRO da SyOS, por outro lado, diz que há dois grandes desafios: a prevenção de perdas e o compliance de temperatura.

Em relação à prevenção de perdas, o desafio é se antecipar em relação aos eventos que podem comprometer a qualidade dos produtos e, em casos mais graves, gerar descartes que poderiam ter sido evitados. Por isso, o setor tem investido pesado em tecnologias que ajudam a conhecer melhor as condições de transporte, como o monitoramento online de temperatura.

A questão do compliance também é muito importante, diz Lerner, porque não basta monitorar as condições de transporte e dizer que tudo está caminhando bem. As empresas precisam comprovar isso, tanto para a fiscalização quanto para quem contrata os serviços. “Essa é uma das primeiras perguntas que os clientes da SyOS fazem antes de fechar negócio: ‘Como vocês garantem que os dados são rastreáveis?’, e a gente mostra todos os nossos recursos de rastreabilidade e segurança dos dados.”

Inovações tecnológicas

Recentes inovações tecnológicas têm impulsionado o desempenho e o crescimento da cadeia de frio no Brasil. Eles incluem, na visão de Panserini, da Blue Yonder, a automação de armazéns, sistemas avançados de monitoramento em tempo real para controle de temperatura e umidade e o uso de inteligência artificial para prever demandas e otimizar rotas de transporte. Essas tecnologias melhoram a eficiência operacional, reduzem perdas de produtos e garantem maior precisão no cumprimento das normas de segurança e qualidade, acredita o representante da Blue Yonder.

Na verdade, e como aponta Rocha, da Emergent Cold Latam, nos últimos anos, várias inovações tecnológicas têm impulsionado significativamente o desempenho da cadeia de frio no Brasil, melhorando a eficiência, a segurança e a sustentabilidade das operações.

O uso de sensores inteligentes permite o monitoramento em tempo real da temperatura, umidade e outras condições ambientais dentro de armazéns e veículos. Esses sensores enviam alertas imediatos em caso de desvios, ajudando a prevenir quebras na cadeia de frio e garantindo a qualidade dos produtos.

Os sistemas WMS avançados facilitam a gestão automatizada de inventários, otimizando o espaço de armazenamento e melhorando a eficiência no manuseio de produtos. Eles ajudam a garantir que os produtos perecíveis sejam rotacionados adequadamente, evitando perdas por vencimento.

A automatização também desponta como uma grande tendência. Os armazéns automatizados para a armazenagem frigorificada estão ganhando popularidade porque podem operar em temperaturas extremas e realizar tarefas repetitivas, aumentando a eficiência e reduzindo os riscos de acidentes de trabalho.

Soma-se ainda à automatização o uso de inteligência artificial, possibilitando prever a demanda com maior precisão, otimizando o planejamento de atividades repetitivas, manutenção e até a distribuição. Isso ajuda a minimizar o desperdício de produtos perecíveis e melhora a eficiência da cadeia de suprimentos.

E do ponto de vista de sustentabilidade, o desenvolvimento e a adoção de refrigerantes ecológicos, como o CO2 e os hidrocarbonetos, estão ajudando a reduzir o impacto ambiental das operações de refrigeração. Esses refrigerantes têm menor potencial de aquecimento global (GWP) e são mais eficientes em termos de energia, completa Rocha.

A integração de Big Data e inteligência artificial está transformando a logística de temperatura controlada, diz Ribeiro, do Grupo Apisul, já que estas tecnologias permitem um monitoramento mais preciso e em tempo real das condições de transporte e armazenamento.

Ele também lembra dos sensores de umidade e temperatura: sensores sem fio e sistemas de identificação por radiofrequência (RFID) estão sendo amplamente utilizados para monitorar a temperatura e a umidade dos produtos durante toda a cadeia logística. Tecnologias inclusive que permitem ajuste remoto de set point.

E o responsável pelas áreas de Operações de GR e de Logística do Grupo Apisul também aponta os novos fluidos refrigerantes. “A introdução de fluidos refrigerantes mais eficientes e ecológicos está revolucionando o setor de refrigeração, proporcionando maior eficiência energética e menor impacto ambiental.”

Dispositivos Inteligentes também estão na lista de Ribeiro. Sistemas de gestão de energia e dispositivos inteligentes estão sendo implementados para otimizar o desempenho dos sistemas de refrigeração e ar condicionado, garantindo que os produtos sejam mantidos nas condições ideais.

Em sua análise, Liana, do Grupo Polar, destaca que o conceito de qualificação térmica, muito utilizado no setor farmacêutico, ainda é pouco explorado nos alimentos e no ramo veterinário. Esse conceito determina o bom desempenho dos equipamentos. Quando frotas e veículos refrigerados, que operam com temperatura climatizada ou até mesmo congelada, não funcionam de forma estável e eficiente, isso pode causar problemas na cadeia logística. É necessário ter equipamentos como câmaras frias, congeladoras e até mesmo áreas de armazenagem qualificadas.

Todo o processo da cadeia fria precisa ser estudado para garantir que a estrutura mantenha a temperatura de forma correta, enfatiza a diretora técnica do Grupo Polar. A tecnologia usada no setor farmacêutico, devido à alta exigência, deve ser aplicada também a outras áreas. O monitoramento de temperatura é uma tecnologia que impulsiona o desempenho da cadeia do frio. “Quando monitoramos a temperatura, garantimos que ela está adequada no armazenamento ou transporte, o que assegura que o produto seja mantido corretamente. Nos grupos com cadeias de alimentos, muitos produtos são devolvidos, o que resulta em grande desperdício, retrabalho e custos desnecessários. Muitas vezes, o problema é que a temperatura do caminhão durante o recebimento de carga não é monitorada e verificada adequadamente. Normalmente, esses veículos não estão qualificados, não possuem sensores de temperatura e a medição é feita com termômetros infravermelhos ou a laser, que não têm requisitos metrológicos adequados.”

O monitoramento é crucial e a tecnologia dos equipamentos de última geração, que atendem aos requisitos metrológicos com precisão e boa resolução, incluindo localização por GPS, é muito importante, diz Liana. A localização por GPS ajuda a monitorar a carga e tomar ações proativas para evitar que ela saia da temperatura ideal. Todo o monitoramento online e em tempo real oferece uma visibilidade melhor da cadeia, permitindo tomar ações para evitar a perda de produtos.

Além das inovações já pontuadas, Hauly, da Pharmalog, lembra que a introdução de tecnologias IoT (Internet das Coisas) para monitoramento térmico contínuo das cargas, combinadas com plataformas de Big Data para análise preditiva, também têm desempenhado um papel crucial na redução de desperdícios e no aumento da eficiência operacional.

“A IoT traz um avanço significativo no tempo de execução de algumas atividades. Com o monitoramento de temperatura online que a SyOS oferece, o cliente substitui o processo de medição (que leva tempo e tem um certo nível de imprecisão) por um sensor sem fio que faz isso sozinho, com muita precisão, e envia os dados via internet para o nosso servidor em nuvem. E ainda tem a vantagem de o sensor ficar ligado 24 horas por dia, inclusive à noite e nos fins de semana”, diz Lerner.

Rossetti, da TAFF, também destaca que o uso de IoT permite monitorar a temperatura em tempo real, garantindo que os produtos cheguem em perfeito estado. A IA e o Machine Learning, ainda segundo ele, otimizaram rotas e previram problemas antes que aconteçam, enquanto soluções de refrigeração sustentável estão ajudando a reduzir a emissão de carbono. “Essa combinação de tecnologias está não apenas modernizando o setor, mas também o tornando mais eficiente e seguro. É inspirador ver como essas inovações estão moldando um futuro mais sustentável e confiável para todos nós.”

IA

Em meio às tecnologias, é fácil perceber que a IA está ajudando as empresas a se adaptarem às exigências regulatórias e de sustentabilidade na cadeia do frio ao fornecer monitoramento em tempo real para garantir o cumprimento das normas de temperatura e segurança, além de gerar relatórios automatizados que facilitam a conformidade com as regulamentações. “Além disso, diz Panserini, da Blue Yonder, a IA permite a rápida geração de cenários, permitindo que as empresas escolham estratégias que minimizem sua pegada de carbono. Com a otimização de rotas de transporte e a redução de desperdícios por meio de previsões mais precisas, as empresas conseguem alinhar-se às metas de sustentabilidade e reduzir o impacto ambiental de suas operações.”

Também para Rocha, da Emergent Cold Latam, a inteligência artificial está desempenhando um papel crucial para ajudar as empresas a se adaptarem às exigências regulatórias e de sustentabilidade na cadeia de frio. Algumas das principais aplicações estão relacionadas ao monitoramento contínuo e automático, rastreabilidade e transparência, automação de processos de auditoria e conformidade, gestão da qualidade e segurança alimentar, eficiência energética, gestão de resíduos e conformidade com as regulamentações vigentes.

É crucial o papel desempenhado pela IA nesse sentido. A IA facilita o monitoramento contínuo das condições de armazenamento e transporte, garantindo que os produtos estejam sempre dentro dos parâmetros regulatórios. Isso simplifica a geração de relatórios de conformidade, reduzindo o risco de multas e penalidades. A IA ajuda a coletar, analisar e operacionalizar grandes volumes de dados relacionados à sustentabilidade, como consumo de energia e emissões de carbono.

Esses insights permitem que as empresas ajustem suas operações para cumprir metas ambientais e regulatórias. Algoritmos de IA otimizam o uso de energia em sistemas de refrigeração, reduzindo o consumo e as emissões associadas. A IA, combinada com dados meteorológicos e operacionais, ajuda as empresas a gerenciar os riscos climáticos que podem afetar suas operações. Isso inclui a previsão de eventos climáticos extremos e a adaptação das operações para minimizar impactos.

“Isso irá levar empresas especializadas na cadeia do frio a se posicionarem como líderes de sustentabilidade”, relaciona, agora, Ribeiro, do Grupo Apisul.

Liana, do Grupo Polar, também destaca que, com o apoio da IA na análise de dados, não apenas em termos de dados brutos, mas também em análises detalhadas, é possível alcançar maior eficiência, redução de custos e retrabalho, e garantir que o produto chegue com mais qualidade ao consumidor final. Sustentabilidade está diretamente relacionada à redução de retrabalho e desperdício, ajudando a monitorar de forma mais eficiente e evitar custos desnecessários.

“As soluções de IA generativas desenvolvidas e treinadas com base nas normativas existentes no segmento farmacêutico, combinadas com as tecnologias de aquisição de dados, permitem criar padrões de análise que oferecem cenários preditivos para possíveis desvios de forma clara e objetiva. Isso torna as ações dos envolvidos mais eficientes e impactantes na redução de custos e perda de produtos”, completa Fábio Cardillo, gerente de desenvolvimento e novas tecnologias também do Grupo Polar.

Em termos de sustentabilidade, diz Hauly, da Pharmalog, a IA também permite reduzir o desperdício de alimentos, o que é fundamental para atender às metas de sustentabilidade e reduzir a pegada de carbono das operações.

“As exigências regulatórias costumam focar na questão de compliance, ou seja, obrigando as empresas a comprovar que seus processos e dados são seguros e verdadeiros. Tanto a digitalização quanto a IA facilitam esse processo porque tornam as informações rastreáveis. Em relação à sustentabilidade, a IA atua diretamente na redução do desperdício de produtos ao detectar tendências que não seriam percebidas sem o seu auxílio”, explica, agora, Lerner, da SyOS.

Expectativas

As expectativas futuras para o mercado frigorificado no Brasil são promissoras, impulsionadas pela crescente adoção de tecnologias avançadas. A utilização de inteligência artificial, automação e monitoramento em tempo real tende a aumentar a eficiência operacional, reduzir perdas e otimizar a gestão da cadeia do frio, acredita Panserini, da Blue Yonder.

Espera-se também, segundo ele, que essas inovações melhorem a sustentabilidade e a capacidade das empresas de responder rapidamente às mudanças na demanda, garantindo maior segurança alimentar e competitividade no mercado global. Com essas tecnologias, o setor deve continuar crescendo, aprimorando a qualidade dos serviços e expandindo sua capacidade de armazenamento e distribuição.

Rocha, da Emergent Cold Latam, também destaca que, com a crescente adoção de tecnologias avançadas, as expectativas futuras para o mercado frigorificado no Brasil são bastante promissoras. Essas inovações estão transformando o setor, tornando-o mais eficiente, ágil, sustentável e capaz de atender à crescente demanda por alimentos frescos e seguros. “Aqui estão algumas expectativas para o futuro do mercado frigorificado no Brasil: uso de inteligência artificial, armazéns mais próximos dos centros urbanos e sustentabilidade, tanto na armazenagem como no uso de caminhões elétricos.”

Rossetti, da TAFF, também destaca que a automação e a IA estão revolucionando a logística, tornando as operações mais eficientes e precisas. A sustentabilidade também ganha destaque, com o setor adotando soluções ecológicas para atender às demandas dos consumidores e reguladores. Com investimentos em infraestrutura e parcerias estratégicas, o mercado está se preparando para um futuro mais conectado, sustentável e competitivo​.

Considerando todas as tecnologias mencionadas, deverá haver uma segurança muito maior e melhor, não só no que diz respeito aos medicamentos, mas também ao cuidado com os animais e, consequentemente, com a alimentação e a saúde da população. “Tudo isso está diretamente relacionado”, diz Liana, do Grupo Polar.

As expectativas são de um crescimento contínuo e fortalecimento, também na visão de Hauly, da Pharmalog. Espera-se uma maior integração de sistemas automatizados e inteligência artificial na gestão das operações, o que resultará em maior eficiência, redução de custos e menor impacto ambiental. Além disso, a capacidade de atender a mercados internacionais com exigências rigorosas deve se expandir, consolidando o Brasil como líder global no setor.

“Desde que criamos a SyOS, em 2019, notamos um crescimento na busca por ferramentas de automação (especialmente IoT) e no uso de IA. Entretanto, parte das empresas ainda tem desconfiança em relação ao custo do investimento, sendo que o custo dos sensores IoT e dos serviços em nuvem já reduziu consideravelmente nos últimos anos. Nossa expectativa é de que é só uma questão de tempo para as empresas percebem que esse custo não é alto e que o retorno do investimento é muito bom, em torno de 5 a 6 vezes o valor investido, segundo algumas pesquisas internas que fizemos na SyOS levando em conta a redução de perdas e a automação de processos. Nós projetamos que, em poucos anos, o uso de sensores IoT se torne o padrão do mercado para o controle de temperatura. Quem não adotar, não vai conseguir competir com os concorrentes que tornaram seus processos mais eficientes”, diz Lerner.

Participantes desta matéria

Blue Yonder – É considerada líder mundial em transformação digital da cadeia de suprimentos. Varejistas, fabricantes e prestadores de serviços de logística em todo o mundo confiam na Blue Yonder para otimizar e acelerar sua cadeia de suprimentos, desde o planejamento até o atendimento, entrega e devoluções.

Emergent Cold LatAm – É considerado o maior fornecedor de armazenamento e logística refrigerados da América Latina e Caribe. Opera mais de 70 instalações de armazenamento a frio distribuídas em 11 países na América Latina, além de contar com novos armazéns em construção. 

Grupo Apisul – Companhia de soluções em seguros e gerenciamento de riscos, oferece um amplo ecossistema para operação de transporte e logística e para a segurança de todos os modais (marítimo, fluvial, terrestre ou aéreo) com mais de 30 soluções que possibilitam uma visão global das atividades e das equipes que estão em campo. 

Grupo Polar – É considerado pioneiro no desenvolvimento de elementos térmicos (gelos) e atua com a fabricação de caixas, bolsas térmicas, dataloggers, rastreadores e monitores de temperatura, incluindo serviços de qualificação, treinamento e consultoria.

Pharmalog – É uma empresa de tecnologia especializada no desenvolvimento de soluções avançadas para o monitoramento térmico de cargas termolábeis de ponta a ponta, até a última milha.

SyOS. – É uma startup que nasceu com a missão de garantir a segurança de produtos sensíveis à temperatura da produção até a entrega ao consumidor, conectando a cadeia do frio.

TAFF Brasil – Atende toda a cadeia do frio, com expertise no transporte, armazenagem e distribuição de alimentos congelados (-18°C a – 22 °C), resfriados (0°C a 9°C) e climatizados (17°C a 22°C). Oferece serviços de transporte, distribuição e armazenagem de alimentos.