Mercedes-Benz começa a vender caminhão extrapesado blindado

Com o mercado brasileiro de caminhões ainda contraído, a Mercedes-Benz trabalha para aumentar a participação em alguns nichos, como o de veículos blindados. O time da companhia responsável por customizações e pequenas demandas concentrou esforços para oferecer o primeiro caminhão extrapesado blindado da marca. O escolhido foi o Axor 2644 8×4, que recebeu o quarto eixo para dar conta do peso maior transportado, já que fica mais pesado com a blindagem.

A montadora aponta ter escolhido o modelo para a adaptação e blindagem pela confiabilidade, consumo de combustível baixo e, segundo a companhia, melhor custo de manutenção do segmento. A cabine foi equipada com proteção balística nível três, enquanto o baú também teve alguns reforços, mas não chega a atender ao mesmo patamar. O veículo foi desenvolvido inicialmente para atender a uma demanda da Prossegur, que já comprou sete unidades. O caminhão de 30 metros de comprimento e 175 metros cúbicos de capacidade volumétrica será usado no transporte de cargas valiosas, como eletrônicos, medicamentos e ingressos de espetáculos, como exemplifica Marcelo Andrade, gerente de marketing de produto de caminhões da Mercedes-Benz.

Ele aponta que, ainda que o veículo seja mais caro, o valor é competitivo para a operação. Pela legislação brasileira, um modelo sem blindagem que carrega cargas valiosas só pode rodar com o motorista e mais três agentes de segurança dentro, diz. Com o blindado a equipe pode ser menor. Além da compra dos caminhões, o contrato da Prossegur inclui ainda o FleetBoard, sistema de telemetria e rastreamento da montadora e o plano mais completo de manutenção da empresa, com revisões preventivas e corretivas e atendimento 24 horas por dia. “Quando falamos deste tipo de transporte, mais do que nunca o caminhão não pode ter um problema e expor o motorista e a carga ao risco”, observa Andrade.

LIDERANÇA DO SEGMENTO

A estratégia da Mercedes-Benz de customizar seus veículos para aplicações específicas tem funcionado no segmento de blindados. “Somos líderes com 65% de participação. No ano passado este porcentual estava perto de 40%”, conta Roberto Leoncini, diretor de vendas e marketing de caminhões da companhia. Segundo ele, o foco não está simplesmente em adaptar o produto, mas em “desenvolver uma solução agregando valor com serviços e manutenção”.

A companhia calcula que, mesmo com a crise, as vendas de caminhões blindados continuam relativamente estáveis, com entre 250 e 300 unidades por ano, número que tende a crescer em 2017, já que o primeiro semestre terminou com 239 emplacamentos. “É um segmento que precisa de renovação, com idade média superior a 10 anos”, diz Andrade, admitindo que esta demanda que já chama a atenção de outras montadoras.

Com a adaptação do Axor, a Mercedes-Benz coloca os pés no território de caminhões pesados blindados, que tem a Scania como principal competidora. Até então a atuação estava focada em modelos leves, com a MAN como uma das grandes concorrentes. Além das sete unidades do Axor, a Prossegur comprou 134 chassis leves para transportar valores, área em que concentra 98% de seu faturamento.

Para tornar os veículos menores mais eficientes, o time de customização da Mercedes-Benz também dedicou a eles trabalho de engenharia. Os chassis receberam uma série de mudanças, tudo para reduzir custos e tornar mais rápido o processo de implementação. “Algo que demorava de sete a 10 dias para ficar pronto pode agora ser feito em apenas um dia, desafogando os implementadores, que podem atender a um volume maior”, resume Andrade.

Basicamente a empresa reduziu o número de peças internas e reorganizou as partes indispensáveis para garantir melhor distribuição do peso. O tanque de combustível por exemplo, saiu da lateral para a parte traseira do veículo. O entre eixos foi reduzido e o comprimento, encurtado. A posição do motorista também foi repensada. “Não é simplesmente um chassi de caminhão implementado para esta aplicação. É um veículo completamente adaptado para garantir a melhor eficiência e segurança”, resume Andrade.

Fonte: Automotive Business