Mercedes-Benz vê melhora em interesse por compra de caminhões

A Mercedes-Benz está identificando uma melhora nas consultas de interessados em compra de caminhões novos no Brasil, enquanto segue forte a demanda por parte do agronegócio, afirmou nesta terça-feira um executivo da companhia, do grupo alemão Daimler.

“O nível de procura (de potenciais clientes) aumentou nos últimos três meses. Antes não tinha nem consulta”, disse Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas e marketing para a área de caminhões e ônibus da Mercedes-Benz.

A companhia anunciou nesta terça-feira conclusão de entregas de 134 caminhões para servirem de carro-forte e mais sete unidades do modelo extrapesado blindado para a companhia de segurança Prosegur, num contrato acertado em dezembro passado e com investimento total de 20 milhões de reais.

O anúncio ocorreu depois que a montadora divulgou no final de maio venda de 524 caminhões para operações na produtora de etanol Raízen.

“Alguns segmentos da economia estão descolados da política, principalmente o agronegócio. Nestas ‘ilhas’ do agronegócio, Brasília tem pouca influência e a bolsa de Chicago tem mais importância”, disse Leoncini, referindo-se aos impactos da crise política sobre a decisão de compra de caminhões e ônibus.

Mais cedo, a associação de concessionários de veículos Fenabrave, afirmou que as vendas de caminhões novos no Brasil em junho subiram 1,5 por cento sobre maio, mas acumularam queda de 15,6 por cento no semestre sobre um ano antes.

O presidente da entidade, Alarico Assumpção Jr, citou que o estoque de caminhões novos no Brasil à espera de comprador é de 150 mil a 160 mil unidades, e seria maior não fosse a demanda do agronegócio.

Na Mercedes-Benz, o nível de ocupação das fábricas de São Bernardo do Campo (RJ) e Juiz de Fora (MG) é de 60 por cento. A companhia tem capacidade para produzir 80 mil caminhões e ônibus por ano no Brasil, mas segundo a projeção da Fenabrave, em 2017 as vendas de caminhões e ônibus no país devem cair 10 por cento, para 57,4 mil unidades.

Segundo Leoncini, apesar de incertezas do BNDES na definição de regras para financiamento de caminhões novos no começo do ano, “está todo mundo fazendo conta agora para saber qual o melhor tipo de financiamento para aquisição”.

O executivo comentou que a montadora está buscando vender seus veículos no Brasil a novos segmentos, como de produtores de leite, e está focada em exportações para compensar a fraqueza do mercado interno.

No primeiro semestre, a companhia teve alta de 44 por cento sobre um ano antes nas vendas externas, para 3,9 mil caminhões, entre os novos mercados abertos pela empresa estão Serra Leoa e Abu Dhabi.