Já está em funcionamento o Centro de Treinamento para Transporte Aéreo de Cargas Especiais da Modern Logistics (Fone: 11 4063.9338), localizado em Jundiaí, SP, e que também oferece programas in company.
Cargas especiais no transporte aéreo são aquelas que demandam cuidados adicionais, como animais vivos, restos mortais, perecíveis, cargas de alto valor ou particularmente vulneráveis e artigos perigosos, que podem causar riscos para a saúde, propriedade, ao meio ambiente ou às operações aéreas, como explosivos, inflamáveis, corrosivos, radioativos ou magnéticos.
“Pilotos, comissários, pessoal de security e time de solo precisam passar por capacitação para o transporte desse tipo de carga. Vimos, também, que as informações são fundamentais até para as equipes comerciais das empresas de logística”, explica Fernando Oliverio, diretor de ensino no Centro de Treinamento.
As condições necessárias ao transporte de artigos perigosos ou de cargas especiais implicam, na maioria das vezes, em custos diretos ou indiretos nas operações, conta Adalberto Febeliano, vice-presidente comercial e de marketing. “Diretos quando exigem embalagem, acondicionamento ou contêineres específicos; e indiretos quando implicam em restrições no carregamento do avião, seja porque a quantidade máxima permitida fica abaixo da sua capacidade máxima ou porque um tipo de carga não pode, por exemplo, ser transportado juntamente com outro, uma restrição bastante comum”, explica, justificando a importância desse conteúdo para as equipes comerciais.
A Anac – Agência Nacional de Aviação Civil certificou o novo Centro para oferecer cursos em todas as categorias de artigos perigosos existentes. Ao todo, entre os iniciais e de atualização, serão 26 programas, divididos em 13 categorias, incluindo o de reciclagem, com cargas horárias que variam de oito a quarenta horas.
Os principais clientes do Centro de Treinamento serão, além das companhias aéreas e dos prestadores de serviço especializado em aeroportos, as empresas que preparam e manipulam cargas em geral para embarque em aeronaves, inclusive diversos fabricantes de produtos eletroeletrônicos e farmacêuticos.
Febeliano diz que os treinamentos in company são essencialmente iguais aos oferecidos nas instalações da Modern, o que muda é somente o local. “Isso faz muito sentido porque na maior parte das vezes é mais barato e mais conveniente providenciar a viagem de um ou dois instrutores do que 15 ou 20 alunos.”
Desenvolvimento
A ideia inicial era estruturar apenas uma área de treinamento interno na empresa, mas, com a contratação de Fernando Oliverio, que possui 27 anos de experiência no tema, surgiu a proposta de criar o Centro e apoiar o aumento da qualidade dos serviços de transporte.
Para ele, a grande vantagem da unidade é ajudar a melhorar a qualidade das operações de transporte de artigos especiais no Brasil. Segundo Oliverio, existem muitas dúvidas no que diz respeito ao transporte aéreo de animais vivos, produtos perecíveis, artigos perigosos, munição e outros itens especiais.
Além de diretor de ensino do Centro, Oliverio é gerente geral de operações de carga aérea na Modern e já passou pela Varig, VarigLog e Azul.
Cargas especiais
Segundo Febeliano, a principal exigência logística deste setor é a informação, ou seja, saber qual a carga, como está acondicionada e quais riscos apresenta. “Isso permite avaliar qual a quantidade máxima que pode ser transportada em cada voo, qual tipo de contramedidas a tripulação deverá utilizar caso aconteça algum imprevisto e, eventualmente, onde a carga poderá ser ou não transportada dentro do avião”, explica.
Já as exigências específicas variam muito em função da natureza da carga e estão ligadas, principalmente, à forma de embalagem e/ou ao acondicionamento para transporte.
Animais vivos, por exemplo, precisam ser transportados em baias ou em engradados que limitem seu movimento a bordo, pois se for de grandes dimensões, como um cavalo, pode afetar o balanceamento do avião ao se movimentar, alterando o centro de gravidade e acarretando até mesmo a perda de controle em voo. Febeliano lembra que mesmo animais menores apresentam o mesmo risco, pois podem aglomerar-se numa única área.
No caso de munição e explosivos, primeiramente, não devem ser transportados junto com passageiros. Os cuidados adicionais são bastante similares àqueles empregados no transporte desses materiais por outros modais.
Já produtos perecíveis normalmente não apresentam perigo às operações aéreas, mas exigem procedimentos especiais na recepção da carga no aeroporto e na sua guarda antes do embarque e depois do desembarque. Também podem requerer temperaturas especiais e, eventualmente, estruturas específicas para coleta de resíduos.
As principais vantagens no transporte de cargas especiais por via aérea são velocidade, confiabilidade, segurança, flexibilidade e eficiência. “Em algumas regiões do país pode-se acrescentar a elas um risco muito menor de extravio e de ações criminosas, motivo pelo qual, aliás, a maior parte da movimentação de papel moeda no país é feita por avião”, comenta.
Falando na atual crise, o profissional acredita que com a crescente descentralização econômica que o país vem experimentando já há muitos anos, o transporte aéreo tende a crescer bastante. Ele destaca que a Modern possui aeronaves próprias, que oferecem maior controle sobre a programação de uso, flexibilidade na escolha de rotas e frequência do transporte, bem como maior autoridade sobre o treinamento dos operadores e as condições técnicas de veículos e terminais.
Futuro
As perspectivas da empresa são chegar a duas aeronaves na frota antes do final do ano e incluindo seis destinos na malha.
Na primeira fase da Modern Logistics, foram instalados Centros de Distribuição em Jundiaí e Campinas, ambos em São Paulo, além de Manaus, AM, e logo virão mais cinco unidades, cada uma com capacidade de 5.000 m². Ao todo serão 15 CDs instalados por todo o país. “Por enquanto, está em operação o de Manaus, os outros ainda não têm previsão de início das atividades”, avisa Febeliano.
Neste ano, a empresa pretende oferecer duas rotas, uma para Manaus e outra para o Nordeste do Brasil. Segundo o vice-presidente comercial e de marketing, é provável que, além delas, sejam iniciados alguns voos para o Sul do país, em coordenação com operações internacionais já existentes nos aeroportos de Viracopos, SP, ou do Galeão, RJ. “No próximo ano será estabelecida uma rota regular para o Sul; e a rota para o Nordeste ganhará novos destinos. Dependendo das condições de mercado e da demanda de nossos clientes, ainda em 2017 deveremos ver uma segunda rota chegando ao Norte do país ou ao Centro-Oeste”, adianta.