Recentemente o IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada reavaliou a projeção do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil, elevando de 2,3% para 3,3% em 2023, e para 2024 a expectativa foi mantida em 2%. Outro dado que deve contribuir para o avanço da economia geral e do setor de logística é a redução, mesmo que lenta, das taxas de juros com previsão de 9% em 2024, segundo boletim Focus. A Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) também estima que o setor privado invista R$ 124,3 bilhões em transporte e logística de 2022 a 2026. Neste contexto, a logística emergencial, no modal aéreo, também espera crescer, ampliando sua participação em diversos segmentos da economia brasileira.
“As empresas passaram a entender que uma logística ágil bem operada, é sinônimo de produtividade, segurança da carga, certeza de entrega no prazo e satisfação do cliente”, explica o especialista em logística emergencial Marcelo Zeferino, Chief Commercial Officer da empresa Prestex. Se antes a logística era vista como mais um custo operacional, hoje, em um país como o Brasil, com dimensões continentais e muitos problemas de infraestrutura, a logística assumiu o protagonismo, tornando-se fator decisivo para sucesso ou fracasso do negócio.
Um exemplo que demonstra na prática o quanto a logística emergencial vem ganhando espaço, se tornando competitiva, e oferecendo competitividade para o mercado, é o relato da publicitária e administradora Gislayne Santos, da Estamparia Minitees: “Entrei em contato com a empresa de logística emergencial na quinta-feira, às 20h, sem a esperança de que fosse atendida, pois precisava levar uma carga de São Paulo para o Rio Grande do Sul na sexta-feira e a carga precisava chegar ao destino na segunda. Para minha surpresa, o colaborador da empresa me atendeu prontamente e se dispôs a me ajudar, sempre me dando suporte, me tranquilizando. Conclusão: minha mercadoria chegou antes do prazo estipulado, meu cliente ficou satisfeito e eu mais ainda.” A logística emergencial funciona 24 horas, sem interrupção, geralmente realizada por aeronaves (modal aéreo).
No mês de setembro de 2023, o Brasil registrou 36.109.473 kg de cargas movimentadas pelo modal aéreo, um crescimento de 2% se comparado ao mesmo período do ano passado, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), os números englobam cargas domésticas.
Tecnologia crescente – Outro ponto a favor que deve ter destaque no avanço da logística emergencial em 2024, segundo Marcelo Zeferino, da Prestex, é a adoção de tecnologias avançadas, como inteligência artificial (IA), internet das coisas (IoT), conceitos de machine learning, além de ferramentas para análise de grandes quantidades de dados (big data) e business intelligence para rápidas e assertivas decisões. “Temos visto um aumento significativo na adoção de inovações tecnológicas, como torres de controle inteligentes e preditivas, gestão e rastreamento inteligente de frotas com sistemas próprios ou softwares específicos”, comentou o especialista. O objetivo é aprimorar a eficiência, agilidade e competitividade da operação, com uma visão ampla e integrada da cadeia de suprimentos em tempo real, seja sobre os estoques, transporte, armazenagem ou outros processos logísticos.
O levantamento Raio X da Logística no Brasil 2023 mostrou que 42,9% das empresas pesquisadas contam com três ou mais softwares de gestão logística. Os investimentos em tecnologia são realizados por 71,5% das empresas entrevistadas. “Estas ferramentas tecnológicas contribuem para sanar algumas das principais dores do setor que são a falta de visibilidade em tempo real da carga, previsibilidade de demanda e altos custos operacionais”, afirmou Zeferino.
Fator humano – Zeferino ressalta também a importância de o setor investir em capacitação dos colaboradores para o equilíbrio entre a tecnologia e o atendimento humanizado. “Na hora da emergência, ninguém gosta ou tem tempo de ser atendido por robô (chatbot), as pessoas querem mesmo é compartilhar seus problemas, na busca de uma solução rápida e eficiente”, comenta. Na Prestex, por exemplo, ao lado de ferramentas tecnológicas, este é um dos principais pontos de investimento. Recentemente a empresa implementou uma plataforma educacional personalizada para capacitação dos colaboradores. “De nada adianta você ser tecnológico se não tiver um atendimento empático, gentil e capacitado para entender e atender a necessidade do cliente”, reforçou Zeferino.
Setor de Medicamentos – O setor de logística emergencial em 2024 também terá um importante marco para as empresas que fazem transporte de medicamentos. Em março/2024 passa a ser obrigatória a adequação às normas da ANVISA da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 653/2022, que substituiu a RDC 430/2020.
Pela nova norma, os medicamentos e insumos que necessitam de autorização da ANVISA precisam ter a temperatura monitorada da coleta até o destino final, incluindo um mapeamento térmico de rotas no trajeto em que o medicamento é exposto. “O cumprimento destas normas é fundamental para preservar a integridade do medicamento, principalmente os termolábeis, como biológicos e imunobiológicos, vacinas e insulinas, produtos altamente sensíveis às mudanças de temperatura”, explica o especialista no setor de logística, Marcelo Zeferino, Chief Commercial Officer da Prestex.
Segundo as normas, a transportadora de medicamentos tem que sinalizar todos os materiais transportados; manter os veículos com temperatura entre 2ºC e 8ºC, para medicamentos termolábeis, e entre 15°C e 25°C, para demais medicamentos; higienização constante da frota; e ter profissionais especializados no manuseio dos insumos. “Tudo isso tem que ser levado em conta antes da contratação da empresa que fará o transporte e quem não se adequar, corre o risco de ficar fora deste mercado”, adverte Zeferino.
A Prestex investiu R$ 1,8 milhão em estrutura, tecnologia e capacitação dos colaboradores para obter a licença da ANVISA, dentro das novas normativas da RDC 653/2022, transportando produtos farmacêuticos, químicos e alimentícios.