Montadoras no Brasil se preparam para possíveis paralisações por coronavírus

A pandemia do novo coronavírus muda o cotidiano das fábricas de automóveis instaladas no Brasil. As empresas adaptam suas rotinas e se preparam para possíveis paralisações da produção.

Múltiplos cenários são avaliados dia após dia e envolvem um grande contingente. As filiadas da Anfavea (associação nacional das montadoras) empregam 125.989 funcionários, de acordo com dados de fevereiro.

Quando possível, as empresas têm recomendado o home office. A General Motors adotou a prática nesta segunda (16), mesma medida implementada na Renault a partir de terça (17). A Volkswagen e o grupo PSA Peugeot Citroën seguem essa mesma diretriz: quem pode, deve trabalhar de casa.

A direção da GM afirma que estão sendo realizados serviços adicionais de limpeza e higienização nos postos de trabalho para quem precisa ir às fábricas. Há linhas de produção e centros tecnológicos nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

“Em relação às implicações da pandemia na cadeia produtiva, a GM está em contato diário junto aos seus fornecedores globais. Até o momento, nossa produção local não foi impactada”, diz a empresa por meio de comunicado.

Viagens internacionais e eventos locais estão sendo suspensos em todas as empresas, mas há dúvidas sobre como ficarão as linhas de montagem.

A Renault diz que, até o momento, não houve impacto na produção. A empresa francesa, que produz carros em São José dos Pinhais (PR), afirma não ter fornecedores diretos (tier 1) da China.

“Sabemos que a China é um grande produtor de componentes eletrônicos que poderiam impactar nossos fornecedores tier 2 e tier 3 [níveis secundário e terciário], mas também não há previsão de impactos até o momento”, diz a nota enviada pela montadora, que tem promovido reuniões diárias para definir sua linha de ação.

A Honda também afirma que ainda não houve parada na produção, seja por falta de peças ou de operários. A situação está sendo monitorada diariamente e, segundo a direção da montadora, esse cenário pode ser alterado caso a situação se prolongue.

As Bolsas de Valores do mundo tiveram o pior pregão desde 19 de outubro de 1987, período conhecido como Segunda-Feira Negra, no qual o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, desabou 22,61% Jeenah Moon/AFP

O problema do momento é garantir a segurança sanitária nas linhas de produção. Dispensários com álcool em gel estão sendo espalhados pelas fábricas, e os departamentos de recursos humanos promovem campanhas de conscientização.

O risco, no entanto, está também nos deslocamentos. As montadoras oferecem transporte em ônibus fretado para os operários, que entram e saem em grandes grupos ao mesmo tempo na virada dos turnos.

Para reduzir o risco de contaminação nos ambientes comuns, a Mercedes-Benz tem orientado os colaboradores a procurarem o ambulatório médico com urgência caso apresentem sintomas de gripe. “Recomendamos também que eventos e reuniões tenham número reduzido de pessoas e que, nos casos possíveis, sejam realizados online”, diz a assessoria de comunicação da montadora.

Com sede em Curitiba, o grupo Volvo América Latina também tem evitado reuniões. A empresa vai antecipar a campanha interna de vacinação contra a gripe para facilitar o diagnóstico de outras viroses.

A Toyota fechou seus centros de visitação, que são espaços de recepção para estudantes e demais interessados em conhecer a história e o método de trabalho da montadora japonesa. Há três unidades no país, localizadas nas plantas de São Bernardo (Grande São Paulo), Indaiatuba e Sorocaba (interior de SP).

Fonte: Folha de S. Paulo