Que a mistura de celular e direção não é das melhoras, todo mundo já está “careca” de saber. Mas será que as pessoas conseguem imaginar quantos metros por dia dirigem “às cegas” quando decidem dar aquela “olhadinha rápida” no aparelho?
A Cobli – startup paulistana de gestão de frotas, telemetria e roteirização – decidiu fazer uma simulação para responder essa pergunta. O exemplo usado foi de uma pessoa que trabalha como motorista de uma frota de entregas e passe, em média, 6 horas por dia dirigindo na velocidade média do trânsito de São Paulo (25,5 km/h). A empresa considerou que, durante esse período, o condutor olharia o celular seis vezes a cada hora e que essa “olhadinha” duraria 4,5 segundos. Ou seja, seria um total de 27 segundos olhando o celular nas 6h em que ele dirige.
Com base nesses números, a startup concluiu que em um dia de trabalho um motorista dirigiria cerca de 200 metros sem olhar para a via, o correspondente a duas quadras, se aplicarmos essa metragem à Avenida Paulista, um dos logradouros mais importantes de São Paulo.
Veja no mapa:
Condutor dirigiria sem olhar para a via do MASP até a Alameda Rio Claro
Indo um pouco mais além, em um ano de trabalho o motorista dirigiria quase 50 km “às cegas”, o equivalente a distância de São Paulo até Jundiaí.
Base de dados
Para fazer a simulação, a empresa levou em consideração duas pesquisas. A primeira foi do Centro de Experimentação e Segurança Viária (CESVI Brasil) que analisou esse tipo de conduta e apontou que os participantes do estudo permaneceram entre 0,3 e 4,5 segundos dirigindo às cegas, com um tempo médio de 1,48 segundos para ler e responder uma mensagem.
A segunda pesquisa consultada pela Cobli, foi um um levantamento chamado Global Mobile Consumer Survey, realizada pela consultoria Deloitte, que mostra que os usuários brasileiros de smartphones olham seus aparelhos, em média, 78 vezes por dia.
Mais perigoso que álcool
Atropelar pessoas, bater o carro e perder uma curva são apenas alguns dos riscos que fazem com que o ato de utilizar o celular ao volante seja ainda mais perigoso do que dirigir embriagado. A informação é comprovada por um estudo feito pela instituição inglesa RAC Foundation que revelou que o envio de mensagens ao volante retarda o tempo de reação em 35%, percentual bem acima da demora provocada pelo álcool (12%).
Esse retardo acontece porque o cérebro foca na ação que está sendo feita no aparelho e se “desconecta” com o que ocorre ao redor. Enviar mensagens de texto, por exemplo, aumenta o risco de acidente em 23 vezes e fazer uma ligação diminui a atividade cerebral ligada à direção em 37%, segundo o Instituto de Transportes e Tecnologia de Virgínia (VTTI), ligado a Administração Nacional de Segurança do Tráfego Rodoviário (NHTSA).
Mesmo com todos esses dados, a infração mais recorrente é o uso do celular ao volante: 51,9% dos brasileiros cometem a contravenção. As principais “desculpas”, estão o uso de aplicativos (37,7%) e a realização ou o recebimento de ligações importantes ou urgentes (36,1%). Os números fazem parte da pesquisa nacional sobre o comportamento de motoristas no trânsito, realizada pela Arteris, empresa concessionária de rodovias no País, divulgada na última segunda-feira, 25, por ocasião do Dia Nacional do Trânsito.
Infração
Segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), o uso do celular durante a direção é passível de multa de R$ 293,47 e 7 pontos na carteira.