Nacionais ou importadas? Quem produz? Como escolher?

Realmente, Bender, da Still, diz que, muito mais que um problema de recursos de fabricação ou qualificação profissional, a fabricação local e o aumento do índice de nacionalização das empilhadeiras esbarram fundamentalmente na questão de volume. De acordo com ele, o parque industrial brasileiro poderia ser muito melhor utilizado se houvesse volume que permitisse o desenvolvimento e a fabricação econômica de inúmeros componentes. “A atual escala absorvida pelo mercado brasileiro torna economicamente inviável a fabricação de inúmeros componentes que, como alternativa, têm que ser importados. A solução, para a qual a Still está se encaminhando, é desenvolver nichos de mercado no exterior. Esta solução trará um ganho de produtividade e redução de custos do qual o mercado nacional certamente irá se beneficiar”, acredita o diretor comercial da empresa.

Auto-suficiência
Outro ponto de destaque é o fato de o Brasil ainda não ser auto-suficiente na produção local de empilhadeiras.

Para Campos, da Nacco, e Penteado, da Paletrans, o país não é auto-suficiente porque o mercado nacional ainda é muito pequeno. “O problema básico é de escala. A auto-suficiência a qualquer preço é economicamente inviável. À medida que o mercado se expande, a fabricação nacional vai ocupando os espaços”, completa Bender, da Still.
Erick Monstavicius, gerente de marketing da Hyundai, com escritório em São Paulo, SP, também pensa assim. Segundo ele, até hoje, o tamanho do mercado brasileiro nunca justificou a entrada de outros fabricantes internacionais. “A compra corporativa não é baseada em emoção, porém em números. A empresa escolhe a alternativa que lhe gere mais riqueza pelo menor custo possível. Muitos empresários ainda escolhem aumentar a mão-de-obra do que comprar uma empilhadeira nova. Acreditamos que, com o aumento da complexidade da cadeia de suprimentos, aumente a demanda por máquinas – o que vai viabilizar a construção de novas plantas, quem sabe até da própria Hyundai, e assim consigamos nossa auto-suficiência na área”, completa.

Na contramão deste pensamento segue Gallo, da Skam. Segundo ele, na realidade, o Brasil é auto-suficiente na produção de empilhadeiras, tanto elétricas como a combustão. “O que ocorre é que as dimensões continentais do país animam os fabricantes estrangeiros a investirem em nosso mercado, vislumbrando sempre o crescimento das suas exportações e se fazerem presentes em nosso país que tem muito potencial ainda a crescer no seguimento de logística e movimentação de cargas”, afirma.

Mas, mesmo diante do exposto, quais as perspectivas de mercado para a empresa que fabrica localmente?

O gerente comercial da Skam se diz otimista com o mercado, pois acredita que os brasileiros passem a acreditar mais nos produtos fabricados no país, “pois temos tecnologia comparável à das máquinas importadas, com custo de reposição de peças e manutenção muito mais acessível e com disponibilidade de peças para um atendimento imediato, quando sabemos que algumas marcas importadas têm sérios problemas nessa área”, enfatiza.

Também otimista está Penteado, da Paletrans. Segundo ele, as expectativas são muito boas, pois o Brasil, apesar de todos os seus problemas internos, é muito competitivo e, mesmo com o chamado “Custo Brasil”, que forma um terrível entrave para se exportar, “a Paletrans exporta toda sua linha de empilhadeiras, sendo que, em quantidades totais, nosso volume de exportação representa 35% das empilhadeiras fabricadas”.

Para Campos, da Nacco, as perspectivas são de manter um preço competitivo com o produto importado e utilizar a vantagem competitiva de possuir fábrica no Brasil.

Já Bender, da Still, destaca que o desenvolvimento de negócios, desde o segundo semestre de 2003, e a análise de todos os índices econômicos dão respaldo a um otimismo quanto ao desenvolvimento do mercado para o segmento. “Em nossa opinião, a crise ensinou ao empresário brasileiro que ele não sobreviverá se não aumentar a cada dia sua eficiência e competitividade, e as empilhadeiras, como instrumentos indispensáveis a quem busca isto nas suas operações, apresentam perspectivas muito boas”, afirma o diretor comercial da Still.

Importação
Mas, como é a importação de empilhadeiras. Quem as importa?

“Importamos empilhadeiras a combustão com capacidade de carga de 1250 até 48000 kg e empilhadeiras elétricas com capacidade de carga de 1000 a 5400 kg. Também importamos equipamentos para armazenagem, todos de tecnologia americana”, diz Campos, da Nacco.
Já a Still importa todas as empilhadeiras de contrapeso, tanto elétricas quanto a combustão, além de máquinas especiais para aplicações específicas.

Outra empresa que importa empilhadeiras – mas não produz localmente – é a Hyundai. Segundo conta Monstavicius, são importadas empilhadeiras a gás e a diesel. “Nosso carro chefe é a empilhadeira a gás de 2,5 toneladas modelo HLF25”, diz ele.

E, no caso da importação, as empresas também enfrentam problemas. “O maior deles é o longo ‘lead time’ – período entre a colocação de pedido na matriz e sua chegada na fábrica do Brasil. A solução é aumentar o estoque”, destaca o diretor comercial da Nacco.

Para o também diretor comercial, só que da Still, concordando com seu colega da Nacco, o grande problema da importação é o risco cambial. Segundo ele, boa parte das negociações para o atendimento de projetos de maior porte tem um tempo de maturação que, inúmeras vezes, é maior que um ano. As distorções oriundas de variação cambial, não raro, inviabilizam alguns negócios. “Nas atuais condições de alta competitividade no mercado de equipamentos de movimentação e armazenagem, é praticamente inviável a subsistência com dependência integral de importação. Não é por outra razão que alguns importadores já se retiraram do mercado brasileiro”, destaca Bender.


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