Navios de carga são controlados remotamente em Antuérpia, na Bélgica

Por Bruno Colla

Operador do navio trabalhando remotamente do escritório da Seafar em Antuérpia

A Seafar, empresa que começou a operar comercialmente em 2020, é uma das empresas que tem inaugurado operações sem tripulação na Europa. Isso acontece por meio de um painel de controle, que permite que o operador trabalhe diretamente de dentro de um escritório. Desta forma, o colaborador não precisa ficar horas ou até dias dentro de um navio, e pode rever sua família todos os dias da semana ao fim do expediente.

Os primeiros passos para que o transporte de cargas seja feito através de navios autônomos já estão em curso. “Hoje, operamos com dez embarcações, apenas em rotas fluviais dentro da Bélgica. Nossa ideia é chegar ao fim deste ano com 26 navios comandados por operadores diretamente de dentro do nosso escritório”, explica Janis Bargsten, Diretor de Operações da Seafar. “Como estamos no começo, essas primeiras embarcações ainda trazem tripulação, mas outra área já funciona com uma equipe reduzida, além daqueles já controlados de forma totalmente remota”, completa Bargsten.

A companhia está presente em três rotas na Bélgica, todas com transporte de contêineres e carga seca. “Estamos estudando iniciar operações com cargas líquidas, mas para a navegação remota, é preciso primeiro adaptar os navios”, afirma.

Um dos grandes impasses, hoje, é o alto custo da mão de obra, que também é escassa na Europa. Por conta das longas viagens e do pouco tempo em casa, tem sido cada vez mais difícil contratar capitães para comandar os navios. O caminho para a operação 100% remota e autônoma aparece, desta forma, como solução, até porque a tripulação representa 40% do custo da navegação por hidrovias no país.

A escolha da sede da empresa na Bélgica, região de Flandres, foi porque o país permitiu que esse tipo de operação fosse feito por lá. “A grande incógnita é o quanto os reguladores e a sociedade vão aceitar essa tecnologia, até porque uma navegação totalmente autônoma acaba levando de dez a quinze anos para amadurecer”, avalia o diretor. A expansão da Seafar vai depender da autorização de autoridades em países na Europa, mas isso não deve ser problema, já que existem testes em curso tanto na Holanda como na Alemanha.

*O jornalista viajou para a Bélgica a convite da Flanders Investment & Trade