Apresentado extraoficialmente em agosto pelos governos estadual e federal, o novo modelo de concessão das rodovias do Paraná promete diminuir os valores das tarifas de pedágio e apresenta mudanças no formato de disputa pelos lotes. Esta é uma oportunidade de esperança para o setor de transporte rodoviário de cargas (TRC), uma vez que os projetos prometem uma série de obras e melhorias.
Segundo a 23º Pesquisa CNT de Rodovias, realizada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) em 2019, 52,2% da malha rodoviária do Estado do Paraná apresentam algum tipo de deficiência, sendo classificadas como regulares, ruins ou péssimas. Os demais 43,9% foram avaliados como ótimos ou bons. Vale ressaltar que o estudo considera as condições do pavimento, da sinalização e da geometria das vias. Ainda de acordo com a Confederação, as inadequações do pavimento na região Sul do Brasil abarcam na elevação do custo operacional do transporte, em torno de 28,6%.
Empresários do segmento reforçam a necessidade de uma concessão de rodovias que apresentem obras de infraestrutura eficazes. Eduardo Ghelere, diretor executivo da Ghelere Transportes, situada em Cascavel, no Oeste Paranaense, e há 40 anos no mercado, destaca essa importância. “Certamente precisamos de uma concessão das rodovias para que as obras de infraestrutura sejam feitas, afinal, emplacamos milhares de veículos todos os anos, e a estrutura precisa aumentar para garantir o fluxo de todas essas mercadorias e pessoas com segurança”, afirma.
O novo modelo prevê 15 novas praças de pedágio, sendo 42 no total. A necessidade de novas praças se dá em razão de a nova concessão ser maior que a atual, de modo que o projeto conta com uma praça a cada 70 quilômetros. As reformas incluem a duplicação de quase 1,8 mil quilômetros, a instalação de internet sem fio em todos os trechos, a construção de 10 contornos urbanos e de faixas adicionais em rodovias já duplicadas, além de terceiras faixas, câmeras de monitoramento e iluminação em LED. Tais obras demandarão R$ 44 bilhões em investimentos, abarcando 3,3 mil quilômetros de rodovias no pacote, sendo 65% federais e 35% estradas estaduais.
“A concessão das rodovias do Paraná certamente será a maior do Brasil em investimento. Nós, paranaenses, temos um sentimento profundo de tristeza com relação à última concessão, pois no decorrer do contrato as obras não foram realizadas e fizeram politicagem conosco. Desta vez, esperamos uma concessão séria, que honre os compromissos e que de fato efetue as obras. Esperamos pagar uma tarifa justa e ter segurança para trafegar”, analisa o empresário.
As atuais concessões têm o prazo datado para novembro deste ano; no entanto, mesmo após o término, o Estado informou que o atendimento em casos de acidentes estará garantido. A manutenção das rodovias estaduais será de responsabilidade do governo do Estado, enquanto as federais devem ser mantidas pelo governo federal.
Além do mais, de acordo com a Secretaria de Infraestrutura e Logística, a cobrança de pedágios estará suspensa até que os trechos sejam assumidos pelas novas concessionárias. Ghelere ressalta que isso pode trazer benefício às empresas de transporte, porém a curto prazo. “Como é temporário, traz vantagens ao transportador, pois a pista ainda estará em boas condições e não vamos ter custo algum de pedágio. Porém, no médio prazo, considerando sinistros, sinalização e as condições da rodovia, precisamos da concessão, afinal o poder público já se mostrou ineficiente para gerir esse tipo de obra. Qualquer pista hoje sem pedágio tem buracos, falta de segurança básica, sinalização e outros problemas que não podemos tolerar”, reflete Ghelere.