Apesar dos óbvios e urgentes problemas de infraestrutura enfrentados pelo Polo Industrial de Manaus (PIM) que acabam anulando os benefícios fiscais do modelo Zona Franca de Manaus (ZFM), algumas possíveis alternativas para o caos logístico da região ainda aguardam para serem viabilizadas. Alguns exemplos desta morosidade na solução dos gargalos da indústria local são os entrepostos de Santarém (PA), Anápolis (GO) e Praia Norte (TO) que anos após criados ainda não estão em funcionamento.
As estruturas devem funcionar como uma espécie de galpão, onde as mercadorias produzidas na ZFM ficarão armazenadas até que sejam distribuídas para os mercados de todo o País, ou mesmo para outros países.
O entreposto de Praia Norte, por exemplo, está previsto em um acordo de intenções firmado em 2013 pelos governos do Amazonas e do Tocantins mas até hoje não foi criado. Na prática, a implantação do entreposto significa que as indústrias da ZFM não precisarão passar necessariamente por Belém para escoar sua produção para o restante do Brasil. As balsas poderão navegar de Manaus direto para Praia Norte, desembarcar as mercadorias no porto do município e seguir o restante do trajeto pelo modal rodoviário, através da BR-153, ou pelo modal ferroviário, com a conclusão da Ferrovia Norte Sul.
A viabilidade da obra, no entanto é comprometida porque navegação no rio Tocantins não pode ser realizada durante todo o ano, em função do Pedral do Lourenço (conjunto de pedras, que se estende por quase 43 km). A previsão é de que a questão do pedral seja resolvida até 2020, com um derrocamento estimado em R$ 600 milhões. “(Os entrepostos) são uma alternativa, uma opção a mais para a indústria deixar os produtos produzidos no Distrito Industrial mais próximos das regiões consumidoras e fora da Amazônia Ocidental. A partir do momento em que algum comprador necessite de produtos, os entrepostos os deixam muito mais próximos, ao invés de ficarem armazenados dentro das fábricas em Manaus. Seria uma alternativa boa neste momento de dificuldades”, explica o presidente do Corecon/AM (Conselho Regional de Economia do Amazonas), Nelson Azevedo.
Redução no frete
Além da maior agilidade na entrega de mercadorias, outro benefício da implantação do armazém em Praia Norte é a redução de custos. Para se ter uma ideia da economia que o Porto de Praia Norte a usará no custo do frete das cargas de Manaus, atualmente a maioria das mercadorias produzidas na ZFM com destino ao Sudeste saem da capital amazonense de barco, até Belém. Depois, via rodovia, seguem para Campinas (SP). Segundo estudos da Eurolatina, este trajeto percorre ao todo 4.540 km, tem um custo de R$ 480 por tonelada e demora 12 dias para chegar ao destino.
Seguindo o trajeto de barco de Manaus direto para Praia Norte, a produção da ZFM tem duas possibilidades de escoamento, ambas mais baratas do que a rota atual. De Praia Norte, as mercadorias podem seguir para Campinas via rodovia. Esse trajeto é de 4.700km, mas o tempo do percurso cai de 12 para 8 dias e o custo do frete reduz em 17,5%, caindo de R$480 por tonelada para R$ 396 por tonelada de mercadoria transportada.
Se as empresas optarem por escoar sua produção de barco até Praia Norte e, de lá, seguirem via Ferrovia para Campinas, através do ramal da Ferrovia Norte Sul que chegará à cidade paulista de Estrela D’Oeste, o custo do frete cai 58,3%, reduzindo de R$ 480 por tonelada para apenas R$ 200 por tonelada. O tempo do percurso também cai para 8 dias e o trajeto será de 5.120 km.
Outros entrepostos
Já a criação do entreposto de Anápolis foi um dos principais temas do encontro entre o governador do Amazonas, José Melo, e o governador de Goiás, Marconi Perillo, em encontro realizado na capital amazonense no último dia 16 de dezembro. O protocolo de intenções com as regras de criação do entreposto ainda deve ser assinado, ocasião em que os dois governos pretendem formalizar parcerias em outras áreas, como na compra de medicamentos.
O entreposto de Santarém, no vizinho Pará, teve o seu protocolo de criação validado pelo Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária) em outubro de 2013. Mas após problemas no processo licitatório realizado no ano passado ainda aguarda a abertura de uma nova concorrência. “Todos esses entrepostos seriam e são muito importantes. Cada um deles fica em uma localização estratégica, em uma posição geográfica que facilita o escoamento da produção. Temos três locais que, dependendo de onde vem o pedido, poderão agilizar as entregas e chegar mais perto do consumidor final”, avaliou Nélson Azevedo.
Atualmente a ZFM possui entrepostos funcionando em quatro cidades brasileiras: Rezende (RJ), Uberlândia (MG), Itajaí (SC) e Ipojuca, na Região Metropolitana do Recife.
Fonte: Jornal do Commercio/AM
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